Nas últimas duas semanas, manifestações de agricultores têm se difundido por toda a Europa. Na França e na Bélgica, inúmeros bloqueios foram instalados em estradas e acessos a mercados de alimentos, incluindo um porto de contêineres crucial.
As causas atribuídas a esses eventos incluem a queda nos preços de venda dos alimentos, o aumento dos custos, regulamentações rigorosas, endividamento, desafios relacionados às mudanças climáticas e a presença de importações estrangeiras a preços competitivos.
Uma reportagem do The Guardian ressalta que os custos com energia, fertilizantes e transporte aumentaram em vários países da União Europeia, especialmente após a invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Simultaneamente, os preços ao produtor (o valor inicial recebido pelos agricultores por seus produtos) diminuíram quase 9%, em média, entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Eurostat, o Gabinete de Estatísticas da UE.
Quanto às importações, a questão mais significativa se concentra na Europa Central e Oriental, regiões que têm sido inundadas por produtos agrícolas baratos da Ucrânia. A UE, desde a invasão russa, abriu mão de cotas e taxas sobre essas importações, resultando em preços mais baixos.
Esse contexto tem reacendido discussões sobre competição desleal, com foco especial nas negociações para um abrangente acordo comercial entre a UE e o Mercosul. Os agricultores europeus expressam preocupações quanto à perspectiva de uma competição injusta, especialmente no que diz respeito a produtos como açúcar, cereais e carne.
As alterações climáticas têm desencadeado fenômenos extremos, como secas, inundações e incêndios, globalmente, impactando a produção de alimentos. Nesse contexto, estão sendo implementadas novas regulamentações com o objetivo de reduzir a contribuição do setor agrícola, responsável por 11% das emissões de gases de efeito estufa na União Europeia, para o aumento das temperaturas.
Um ponto de conflito para os manifestantes é a estratégia “do prado ao prato” adotada pelo bloco, como parte do Acordo Verde Europeu, que visa atingir a neutralidade de emissões até 2050. Conforme reportado pelo The Guardian, as metas incluem a redução pela metade do uso de pesticidas até 2030, a diminuição em 20% da utilização de fertilizantes, a destinação de mais terras para usos não agrícolas e o aumento para 25% da produção orgânica em todas as terras agrícolas.
Os agricultores argumentam que muitas dessas políticas ambientais são percebidas como injustas, irreais, economicamente inviáveis e, em última análise, autodestrutivas.
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Os governos europeus estão adotando medidas para conter as paralisações. Na Alemanha, houve um ajuste nos planos de redução dos subsídios ao diesel. Na França, o aumento do imposto sobre o diesel foi revogado, outras medidas foram adiadas, e foi prometido um auxílio de 150 milhões de euros.
A Comissão Europeia propôs a implementação de um “travão de emergência” para limitar as importações agrícolas da Ucrânia. Além disso, propôs isentar os agricultores, este ano, da obrigação de deixar 4% de suas terras sem produção.
Em adição, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, estão se mobilizando para evitar a assinatura do acordo comercial proposto entre a União Europeia e o Mercosul em sua forma atual.
Fonte: Um só Planeta; Forbes; Gazeta do povo.
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