Incêndios florestais no Chile ameaçam Reserva Mundial da Biosfera

Os incêndios florestais que assolam a região de Valparaíso, no centro do Chile, nas últimas semanas, têm causado ampla destruição, não apenas em áreas habitadas, resultando na trágica perda de 122 vidas, conforme relatado pelo governo chileno no domingo passado.

incêndios florestais no Chile
Restos de casas queimadas são vistos após a propagação de incêndios florestais em Vina del Mar, Chile, 5 de fevereiro de 2024. Crédito: Reuters/Folhapress

Dos 11 mil hectares já consumidos pelas chamas, uma proporção significativa está localizada dentro da Reserva Nacional Lago Pañuelas, uma área vital de preservação devido ao seu papel crucial no abastecimento de água para Valparaíso e Vina del Mar. Esta reserva, juntamente com o Parque Nacional La Campana mais ao norte, recebeu o prestigioso título de Reservas da Biosfera pela UNESCO em 1984.

Embora a extensão total da área queimada no parque ainda não tenha sido quantificada, as chamas já se espalharam por uma parte substancial do seu interior. A Reserva abrange uma área de 9,2 mil hectares e abriga pelo menos 150 espécies nativas identificadas, com pelo menos duas delas já classificadas como “ameaçadas”.

Incêndios florestais no Chile deixam mais de 60 mortos

A vegetação da reserva engloba mata mista, mata ciliar e mata caducifólia. Além disso, espécies de árvores exóticas, predominantemente eucaliptos e pinheiros, foram cultivadas em larga escala em seu interior.

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Propagação do incêndio no Chile. Crédito: Googe Earth

A reserva é o lar de aproximadamente 120 espécies de aves, assim como mamíferos de porte médio, incluindo o gato-dos-pampas (Leopardo colocola), a raposa-colorada (Lycalopex culpaeus) e a raposa-cinzenta (Lycalopex griseus).

As altas temperaturas e os ventos fortes na região desde sexta-feira têm contribuído para a propagação das chamas, mas a estiagem prolongada e a presença de monoculturas no caminho do incêndio foram fatores determinantes. O professor Roberto Rondanelli, do Departamento de Geofísica da Universidade do Chile, explicou à BBC que a presença de espécies exóticas em extensas plantações serve como combustível para o avanço do fogo.

“Áreas com mais plantações são muito mais vulneráveis do que as cobertas por floresta nativa. Esta última é mais resistente ao fogo. Além disso, a densidade de biomassa nas plantações florestais é maior do que na floresta nativa, visando maximizar a produção, o que pode representar um problema”, destacou o professor à BBC.

Fonte: ((o))eco

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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