Avanços históricos para comunidades tradicionais

Avanços Históricos na Regularização Fundiária com a Resolução nº 16

Publicado em: 01 de dezembro de 2024

https://www.amperj.org/blog/2023/09/13/cnmp-inscreve-em-seminario-sobre-a-defesa-dos-povos-originarios/
Comunidades tradicionais comemoram resolução federal que garante regularização de 53Comunidades tradicionais comemoram resolução federal que garante regularização de 537 mil hectares de terras ocupadas mil hectares de terras ocupadas

No último dia 28 de novembro, foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução nº 16, que marca um avanço significativo na destinação de terras públicas no Brasil. O documento, em seu artigo 2º, determina que 18 áreas remanescentes de glebas públicas federais, totalizando cerca de 537.002,27 hectares, sejam destinadas ao reconhecimento e à regularização do uso e ocupação de povos e comunidades tradicionais em florestas públicas federais.

Essa medida, conduzida pelos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), foi celebrada como um marco histórico durante o II Seminário Regional sobre Regularização Fundiária de Povos e Comunidades Tradicionais, realizado em Belém (PA). O evento reuniu representantes do governo, organizações da sociedade civil e lideranças de povos e comunidades tradicionais, consolidando o diálogo para a criação de políticas públicas mais inclusivas e efetivas.

Importância da Resolução para os Povos Tradicionais

Segundo Letícia Santiago de Moraes, vice-presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), a decisão é crucial para enfrentar os desafios históricos relacionados à regularização fundiária. “A proteção, conservação e garantia dos territórios tradicionais são essenciais não apenas para as comunidades que os habitam, mas para a manutenção da vida, dado o papel fundamental desses povos na preservação de biomas, águas e ecossistemas ao longo dos séculos”, afirmou.

O CNS apresentou um parecer técnico-jurídico em parceria com universidades e pesquisadores, destacando metas prioritárias para a regularização fundiária até 2025. O documento foi protocolado junto ao MMA, MDA e ao Ministério Público Federal (MPF), reforçando a necessidade de garantir sustentabilidade e segurança territorial aos Projetos de Assentamentos Extrativistas (PAEs).

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Outras Destinações de Terras Públicas

Além do reconhecimento para povos e comunidades tradicionais, a Resolução nº 16 também estabelece a destinação de:

  • 468.850,70 hectares para o MMA e o ICMBio, visando a criação ou ampliação de unidades de conservação da natureza;
  • 149.288,87 hectares ao MMA e ao Serviço Florestal Brasileiro (SFB), para concessões florestais.

Essas medidas reforçam o compromisso com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável em áreas estratégicas do país.

Regularização Fundiária: Pilar dos PAEs

A regularização fundiária é apontada como um dos pilares essenciais para a consolidação dos PAEs. Com a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), as comunidades passam a ter posse coletiva da terra, garantindo autonomia e segurança jurídica.

No entanto, o processo ainda enfrenta desafios, como a falta de uniformidade nos pareceres jurídicos e a lentidão na efetivação das CDRUs. Entre as ações prioritárias destacadas pelo CNS, está a criação de um protocolo com procedimentos claros para a regularização de até 50% dos PAEs até novembro de 2025.

Perspectivas Futuras

A Resolução nº 16 representa um passo importante para a justiça socioambiental no Brasil. Ao reconhecer os direitos dos povos e comunidades tradicionais, o governo federal avança na construção de um modelo de desenvolvimento que alia conservação ambiental, sustentabilidade e inclusão social.

Com medidas concretas e metas claras, espera-se que a regularização fundiária traga benefícios duradouros para as comunidades, fortalecendo sua capacidade de preservação e manejo sustentável dos recursos naturais.


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Reure Macena

Engenheiro Florestal, formado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista em Manejo Florestal e Auditor Líder - Sistema de Gestão Integrada (SGI). Um parceiro do Florestal Brasil desde o início, compartilhando conhecimento, aprendendo e buscando sempre a divulgação de informações que somem para o desenvolvimento Sustentável do setor florestal no Brasil e no mundo.

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