Sistema B Brasil alerta empresas para barrar colapso da Amazônia

Foto: Divulgação/ICMBio.

Por Sistema B Brasil | O Sistema B Brasil sinaliza um novo alerta às empresas, para impedir que a Amazônia venha a sofrer um colapso nas próximas três décadas. A chamada se faz necessária após a conceituada revista científica Nature apresentar um estudo inédito apontando que o desmatamento, os incêndios, o aquecimento global e as secas podem levar a Floresta Amazônica à uma crise irreversível. Este dado indica o risco de entrada no estado de colapso parcial do bioma até 2050 se ações não forem tomadas imediatamente.

O estudo ganhou forte repercussão por ter sido liderado por pesquisadores brasileiros, e por apresentar dados científicos que indicam um cenário crítico de ameaça ao Bioma Amazônico, com perda de biodiversidade, impactos socioeconômicos e culturais diretos para uma população de mais de 40 milhões de habitantes da região e desestabilização climática global. Ao longo dos últimos dias muito destaque foi dado aos fatos que ocasionam a crise na região, entretanto, pouco debate se deu aos caminhos para que o cenário seja revertido.

Tão logo tomaram conhecimento da gravidade do problema, diversas lideranças do Movimento B se pronunciaram acerca do papel das empresas em direção às soluções para a emergência de clima. É justamente neste sentido, que o Sistema B Brasil vem intensificando sua atuação no país nos últimos 10 anos. Hoje, com uma rede de mais de 300 Empresas B Certificadas no pais, têm impulsionado a adoção de novos modelos de negócios geradores de impactos sociais e ambientais positivos.

O crescente problema já está posto e não temos mais tempo para novos debates. O estudo evidencia a necessidade de ações combinadas com esforços locais de combate ao desmatamento e restauração de áreas degradadas, e globais, com redução de emissões. A direção a ser tomada já foi traçada e já conhecemos o caminho que devemos seguir. É hora de percorrê-la e velozmente enquanto ainda nos sobram chances para reverter esta crise. Este é o nosso chamado de alerta às empresas, declara a Codiretora Executiva Interina do Sistema B Brasil, Cinthia Gherardi.

Natalie Unterstell, liderança climática e conselheira do Sistema B Brasil, traz uma visão propositiva da pesquisa, “ao contrário do que muitos vêm propagando, o estudo é sobre regeneração e não sobre o fim do mundo. Ele não prevê um colapso, armageddon ou cenário irreversível, pelo contrário, nos leva a compreender os graus de riscos. De acordo com Natalie, a pesquisa nos coloca no centro da ação, a Amazônia é uma teia de partes complexas interconectadas e que exibem diferentes graus de resiliência, afirma, temos a chance de estancar a destruição em curso e regenerar as partes mais frágeis, ajudando o sistema todo a se recuperar. É tempo de reagir, apostar em modelos de negócios de regeneração e resiliência, e literalmente enterrar os outros.

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Para Lourenço Bustani, empreendedor social e conselheiro do Sistema B Brasil, não há meios cognitivos para se pensar em um mundo sem floresta e afirma que o momento requer das lideranças políticas e empresariais um posicionamento sobre as mudanças e as medidas em resposta à altura deste fatal prognóstico:  A Amazônia existe há milhões de anos, exercendo um papel central na viabilização de todas as formas de vida, inclusive, da nossa, mas agora, se aproxima de um ponto irreversível, em que sua vegetação simplesmente não se recupera nunca mais, diz. Ficou claro o fim de uma era de metas subjetivas projetadas no tempo e de compromissos vagos sem verificação que já não fazem mais sentido.

Solução está na mudança do paradigma econômico

O Sistema B entende que as empresas são co-responsáveis na intensificação e na radicalização de suas ações de imediato, porém, esta realidade mostra que o que elas vêm realizando ainda está aquém e em ritmo muito lento do que é necessário para solucionar esta grave emergência climática. A solução estaria em uma economia inclusiva, equitativa e regenerativa, liderada pelo setor empresarial.

Para o empreendedor social e co-fundador do Sistema B Brasil, Marcel Fukayama, este estudo evidencia o enorme senso de urgência por uma mudança de paradigma econômico centrada nas empresas, que são um dos principais agentes econômicos representado, hoje, por 125 milhões de negócios no mundo, de acordo com o Banco Mundial, ou 19 milhões de empresas no Brasil, de acordo com o Ministério da Fazenda no mapa empresarial.

Não se trata mais de apenas reduzir, mitigar ou compensar o dano gerado, o que há tempos, tornou-se sem efeito. É preciso promover uma mudança de impacto realmente positivo: “as empresas têm de adotar um novo comportamento com propósito, responsabilidade e transparência: propósito de gerar mudanças socioambientais materiais em seus modelos de negócios, na sua cadeia de valor e no ambiente corporativo; responsabilidade ao considerar os seus stakeholders na tomada de decisão de curto e de médio prazo; e compromisso com a transparência em mensurar, avaliar, gerir e publicizar o seu triplo impacto”, orienta Fukayama.

Fukayama analisa este cenário como uma oportunidade de ter o setor empresarial e privado como protagonistas e lideranças no desenvolvimento destas soluções criativas, inovadoras e escaláveis para responder a esta emergência climática e à desigualdade no mundo para construirmos  uma nova economia inclusiva, equitativa e regenerativa para todas as pessoas e para nosso planeta.

Para o conselheiro Lourenço Bustani, as empresas precisam implodir esta lógica da compensação, redesenhar modelos de negócio, cadeias de valor e ambientes de trabalho, além de reorganizar sua governança, dando voz à própria Natureza, a Mãe de todos os stakeholders: “É menos sobre a ilusão da reparação, e mais sobre a realidade da contingência. Para estancar esta sangria, só criando as bases para negócios com impacto material positivo, orientados pela ciência e pela ética, que possam estimular a vida na Amazônia. Está posta uma das grandes provações da nossa geração. É hora de nossos líderes liderarem!.

Na avaliação da empresária ativista e sócia-fundadora da Empresa B Menos Um Lixo, Fe Cortez, hoje, as empresas são os grandes vetores de destruição global e que já se passou o período em que elas podiam avaliar sua estratégia de forma separada do que ocorre no planeta, em termos ambientais e sociais: as empresas precisam, com urgência, agir com coragem e ousadia, se podemos dizer assim, e honrar a responsabilidade que vem junto com o uso dos recursos que são de todos, mas hoje são privatizados, para isso, é necessário que se mude uma lente sobre papéis e responsabilidades, e sobre governança”, pondera, “Não dá mais pra seguir tomando decisões baseadas apenas em lucro e indicadores na bolsa de valores. É preciso uma dose cavalar de inovação, para que a gente saia de intenção para ação. E essa força de mudança, para o bem e para o mal, no capitalismo, está nas mãos das empresas. Que legado queremos deixar?”

Fonte: eCycle


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Reure Macena

Engenheiro Florestal, formado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista em Manejo Florestal e Auditor Líder - Sistema de Gestão Integrada (SGI). Um parceiro do Florestal Brasil desde o início, compartilhando conhecimento, aprendendo e buscando sempre a divulgação de informações que somem para o desenvolvimento Sustentável do setor florestal no Brasil e no mundo.

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