A Amazônia, um tesouro de abundância natural incomparável, representa um dos ecossistemas mais desafiadores de proteger globalmente. E se houvesse uma maneira de antecipar as áreas mais suscetíveis ao desmatamento, poderíamos fortalecer nossa defesa da floresta?
Uma iniciativa conjunta entre o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o Banco Mundial oferece exatamente isso. Uma plataforma denominada Painel Floresta em Risco foi lançada recentemente, projetada para antecipar o risco de desmatamento e prever as áreas futuras a serem desmatadas nos estados que compõem a Amazônia Legal.
Este Painel analisa o desmatamento na Amazônia brasileira, considerando a vulnerabilidade das áreas de vegetação nativa, a governança ambiental e os fatores macroeconômicos. Aspectos econômicos, especialmente os preços dos produtos agrícolas e as flutuações cambiais, influenciam diretamente o apelo das atividades extrativas e, consequentemente, a demanda por terras de fronteira, impulsionando o desmatamento – inclusive por meio de práticas ilegais como a grilagem e o garimpo.
A ferramenta utiliza as oscilações dessas variáveis para estimar a extensão do desmatamento previsto, identificar as áreas de maior risco e avaliar a possibilidade de “vazamentos” – quando o desmatamento não é reduzido, mas simplesmente deslocado para outra região.
O Painel permite que os usuários explorem e comparem três cenários distintos de risco de desmatamento. O primeiro, denominado “business as usual” (BAU), projeta as tendências de desmatamento com base nas condições macroeconômicas esperadas nos próximos anos, sem considerar mudanças nas políticas de proteção.
O segundo cenário mostra as taxas de desmatamento com base apenas na tendência histórica, sem interferência dos fatores econômicos.
O terceiro cenário, chamado “Governança” (GOV), simula o impacto potencial de alterações nas políticas, aumentando a proteção das áreas florestais por meio de regulamentações de uso da terra.
Essa plataforma oferece uma representação visual dos cenários e permite aos usuários observar como o risco de desmatamento se relaciona com territórios indígenas e áreas de conservação. O objetivo é tornar dados complexos sobre futuras pressões de desmatamento acessíveis ao público, para embasar o planejamento e a implementação de estratégias de conservação. A plataforma será atualizada anualmente com novos dados sobre as condições macroeconômicas previstas e o desmatamento observado.
Dada a complexidade do ecossistema amazônico e a interação multifacetada de fatores econômicos e sociais, abordagens adaptáveis e multidisciplinares são essenciais. A plataforma desenvolvida pelo IPAM e pelo Banco Mundial representa um passo significativo na preservação de um dos tesouros naturais mais preciosos do mundo.
Fonte: Folha
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