“Oscar” ambiental permitirá ampliação do reflorestamento no Paraná, diz pesquisador

O engenheiro florestal Pablo Hoffmann foi um dos vencedores do Prêmio Whitley com trabalho pioneiro na proteção das araucárias

O projeto comandado pelo engenheiro florestal Pablo Hoffmann conquistou o reconhecimento da entidade britânica Whitley Fund for Nature, que celebra anualmente iniciativas de conservação ambiental. O Prêmio Whitley rendeu 40 mil libras (o equivalente a quase R$ 250 mil) à ONG Sociedade Chauá, que atua na recuperação da floresta das araucárias.

Pablo Hoffmann
Pablo Hoffman recebendo seu Prêmio Whitley pelas mãos da patrona da WFN, a princesa Anne | Foto: Whitley Fund for Nature

O Prêmio Whitley, um dos mais prestigiados de preservação ambiental no mundo, é concedido anualmente a seis líderes conservacionistas da Ásia, África e América Latina. Neste ano, os vencedores foram apresentados no dia 27 de abril pela patrona da WFN, a Princesa Anne (única filha mulher da Rainha Elizabeth II), em cerimônia transmitida ao vivo pelo YouTube.

A mata, que já chegou a cobrir 40% do território do Paraná, hoje ocupa apenas 1%. O projeto localiza e mapeia essas árvores, coleta sementes e produzi mudas para o reflorestamento.

Em entrevista à CNN Rádio, o engenheiro florestal e diretor-executivo da Sociedade Chauá explicou que há espécies de araucárias com menos de 2.000 indivíduos, correndo risco de desaparecer nos próximos cinco anos.

Árvores que existem apenas em algumas regiões do Paraná se tornaram o foco do projeto, que agora conta com mais £ 40 mil (cerca de R$ 250 mil) no orçamento. “Esses recursos vão ser direcionados para as espécies que têm mais necessidade, além de engajar mais espécies, ter mais gente trabalhando e aumentar o impacto das ações para salvar esse ecossistema da extinção”, afirmou Hoffmann.

O diretor executivo da ONG Sociedade Chauá alega que a expansão descontrolada do agronegócio continua sendo a principal ameaça à mata de araucárias.

Hoffmann conta que a maior parte das áreas desmatadas no Paraná ao longo das últimas cinco décadas acabou convertida em terreno para plantações ou criação de animais. “A expansão das áreas agrícolas e de pecuária não permite a regeneração das florestas”, conta o engenheiro. “Isso acaba degradando não só as partes desmatadas, mas também os fragmentos que restaram, que ficam encurralados e sem comunicação com outros fragmentos”, explica.

Sociedade Chauá

Localizada em Campo Largo (PR), a Sociedade Chauá é uma instituição sem fins lucrativos voltada à conservação da natureza. Seus projetos envolvem principalmente a conservação de espécies de plantas raras e ameaçadas de extinção da Floresta com Araucária.

A ONG gera e dissemina informações técnico-científicas, produz mudas, realiza atividades de restauração de florestas e ações de conscientização e sensibilização socioambiental.

pesquisa araucária
Foto: Sociedade Chauá
pesquisa araucária
Foto: Sociedade Chauá
pesquisa araucária
Foto: Sociedade Chauá

​O projeto teve início em 1998, com a criação do Grupo Chauá, formado por apaixonados pela natureza. Ao longo dos anos, a ideia amadureceu, o grupo ampliou horizontes, formalizou sua estrutura de trabalho em 2003 e o objetivo tornou-se ainda maior – conhecer mais para conservar sempre.

Entre os parceiros da ONG estão a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o Viveiro Porto Amazonas, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e a Mobilis Veículos Elétricos. Mais informações estão disponíveis no site da Sociedade Chauá e no perfil chauaorg no Instagram.

Com seu Prêmio Whitley, Pablo Hoffmann mapeará populações de árvores silvestres e coletará sementes de árvores-mãe em 40 locais. Em seguida, produzirá mais de 60 mil mudas para reintrodução em 20 áreas – uma solução nature-based para as crises climáticas e de biodiversidade.

O engenheiro florestal lembra que o bioma no Paraná tem mais de 700 espécies de outras plantas com função no ecossistema, responsável por polinização e equilíbrio climático.

Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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