Mais de 500 espécies de aves podem ser extintas até 2100, alerta estudo

Pesquisa revela que mudanças climáticas e perda de habitat aceleram a extinção de aves e comprometem a saúde dos ecossistemas

Um estudo na revista Nature Ecology & Evolution alerta para um cenário alarmante: mais de 500 espécies de aves podem ser extintas até o final do século, impulsionadas principalmente pelas mudanças climáticas e pela degradação de habitats.

Anu-branco (Guira guira) nas margens da represa Guarapiranga no Parque da Barragem, em São Paulo/SP. Foto; Arthur Brasil.
Anu-branco (Guira guira) nas margens da represa Guarapiranga no Parque da Barragem, em São Paulo/SP. Foto; Arthur Brasil.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, mostra que esse número é três vezes maior do que o total de extinções de aves registradas desde o ano 1500, segundo comunicado divulgado pela instituição.

Entre as espécies ameaçadas estão aves únicas como o pássaro-guarda-chuva-de-pescoço-pelado, o calau-de-capacete e o pássaro-sol-de-barriga-amarela. A perda desses animais não afetaria apenas a biodiversidade, mas também comprometeria funções ecológicas vitais, já que essas aves desempenham papéis específicos e insubstituíveis nos ecossistemas em que vivem.

Mesmo com proteção, algumas extinções são inevitáveis

O estudo indica que cerca de 250 espécies correm risco de desaparecer mesmo com ações rigorosas de proteção, como controle de caça, combate à destruição de habitats e mitigação dos impactos climáticos. Para essas aves, apenas medidas adicionais — como programas de reprodução em cativeiro e restauração ambiental ativa — seriam capazes de evitar a extinção.

“Muitas aves já estão tão ameaçadas que reduzir os impactos humanos por si só não as salvará. Elas precisam de projetos específicos de recuperação para sobreviver”, explica Kerry Stewart, autora principal da pesquisa.

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Ameaças variam conforme o tipo de ave

A equipe analisou dados de quase 10 mil espécies de aves, com base na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). A partir disso, identificaram padrões de risco e vulnerabilidade:

  • Aves de grande porte são mais suscetíveis à caça e às mudanças climáticas.

  • Aves com asas largas sofrem mais com a perda de habitat, pois dependem de grandes áreas para voar e se alimentar.

Além de apontar as espécies sob maior risco, o estudo também avaliou quais ações de conservação seriam mais eficazes para preservar não apenas o número de espécies, mas também a diversidade funcional das aves — isto é, suas características ecológicas e o papel que desempenham nos ambientes naturais.

Conservação estratégica pode frear o colapso

Segundo Manuela Gonzalez-Suarez, autora sênior do estudo, concentrar esforços de conservação nas 100 aves mais singulares poderia preservar até 68% da diversidade funcional projetada para ser perdida. Isso contribuiria diretamente para a manutenção de ecossistemas saudáveis e resilientes.

“Interromper a destruição de habitats salvaria a maioria das aves. Mas reduzir a caça e evitar mortes acidentais é essencial para proteger aquelas com características ecológicas únicas”, destaca Gonzalez-Suarez.

O estudo reforça a urgência de uma ação global coordenada para preservar a avifauna mundial. Sem esforços adicionais e estratégicos, o mundo pode testemunhar uma crise sem precedentes na história recente da biodiversidade.

Fonte: Nature Ecology & Evolution


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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