Disponibilidade de água pode diminuir até 40% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e em parte do Sudeste até 2040

A quantidade de água disponível para uso, conhecida como disponibilidade hídrica, pode diminuir em até 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040 devido às mudanças climáticas, conforme indicado pela primeira edição do estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”. O estudo foi lançado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) em 31 de janeiro.

Rio Tocantins integra bacias do Cerrado brasileiro que têm sofrido perda de água nas últimas duas décadas.
Rio Tocantins integra bacias do Cerrado brasileiro que têm sofrido perda de água nas últimas duas décadas. — Foto: Túllio F/Wikimedia Commons

As projeções também apontam para um aumento substancial no número de trechos de rios intermitentes, que secam temporariamente, nessas regiões, impactando o abastecimento de água nas cidades, a geração de energia hidrelétrica e especialmente a agricultura de subsistência.

Além disso, os riscos para a saúde podem se agravar devido ao crescimento populacional regional e às vulnerabilidades nos sistemas de abastecimento de água, saneamento, gestão de resíduos e poluição.

A única exceção é a região Sul do país, onde foi observada uma tendência de aumento na disponibilidade hídrica de 5% até 2024. No entanto, essa região também enfrenta maior imprevisibilidade e um aumento na frequência de cheias e inundações nos últimos anos.

Vamos falar sobre a água!?

Quanto ao Sudeste, há certa divergência nos resultados dos modelos, mas a predominância, especialmente na faixa litorânea, aponta para a redução nas vazões devido às mudanças climáticas. O estudo foi elaborado utilizando um amplo conjunto de dados climáticos, tanto atuais quanto projetados para o futuro, e empregando modelagem hidrológica para calcular as vazões das bacias.

Como resultado, foram elaborados cenários futuros de disponibilidade hídrica para mais de 450 mil trechos da Base Hidrográfica Ottocodificada (BHO), abrangendo três períodos: de 2015 a 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100.

Os critérios analisados incluíram níveis de precipitação, evapotranspiração (evaporação da água impulsionada pelas altas temperaturas) e disponibilidade hídrica. No que diz respeito à precipitação, observou-se uma tendência de diminuição na maioria das regiões hidrográficas, com exceção de Uruguai e Atlântico Sul.

Reservas subterrâneas de água estão acabando | Florestal Brasil

Quanto à evapotranspiração, prevê-se aumentos nas regiões hidrográficas da Amazônica, do Paraguai e do São Francisco, com efeitos menos pronunciados nas do Uruguai e Atlântico Sul. Em relação à disponibilidade hídrica, observa-se um comportamento semelhante ao da precipitação, com uma tendência de diminuição na vazão para a maioria das regiões hidrográficas, exceto Uruguai e Atlântico Sul.

O estudo destaca que, em contextos de grandes incertezas, como o impacto da mudança climática nos recursos hídricos, é crucial buscar soluções robustas para lidar com diversos cenários futuros e flexíveis o suficiente para permitir ajustes conforme esses cenários se desenrolam. O desafio reside em identificar um conjunto de medidas de adaptação que assegurem a segurança hídrica no Brasil diante de múltiplos cenários factíveis.

Para abordar essas questões, a ANA orienta a adoção inicial de estratégias de adaptação consideradas de nenhum ou baixo “arrependimento”. Por exemplo, melhorar a eficiência hídrica nos sistemas de irrigação, reduzir perdas nas redes de abastecimento de água, aprimorar os instrumentos da política nacional de recursos hídricos ou fortalecer a governança e a capacidade dos órgãos gestores de recursos hídricos.

Fonte: Um só Planeta

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