Botânica: uma breve história

Conhecer a trajetória é sempre importante dentro de cada área, nós Engenheiros Florestais, Agrônomos, Biólogos e áreas afins, nascemos da mesma semente, seguimos pelo mesmo caule e somos separados pelos galhos.
Alyogyne hakeifolia
Alyogyne hakeifolia

Os primeiros estudos sobre as plantas começara com os homens primitivos, da era Paleolítica, que se limitavam a caçar e coletar plantas. Mais tarde eles foram o primeiro grupo a se fixar em um lugar, criar raízes e desenvolver a agricultura. Os estudos deles foram interações básicas com o reino vegeta, de onde obtiveram conhecimentos que passaram de geração a geração. Eles identificaram que algumas plantas eram nutritivas e poderiam servir de alimento, enquanto outras tinham propriedades tóxicas. Também foram descobertos outros usos, como os medicinais. 
Os primeiros registros botânicos datam de 10 mil anos atrás, pois é daí que se tem informações da palavra escrita como meio de comunicação humana. Entretanto, sabe-se que os primeiros estudos iniciaram com Theophrastus (371-286 a.C.), conhecido como o pai da botânica. Ele foi aluno de Aristóteles e é considerado o precursor da pesquisa sobre plantas e, portanto, da botânica. Theophrastus escreveu muitos livros, dentre os quais dois importantes conjuntos de obras sobre plantas – História de plantis (História das Plantas) e De Causis Plantarum (Sobre as Causas de Plantas). 
Theophrastus
Theophrastus
Theophrastus entendeu a diferença entre monocotiledôneas e dicotiledôneas; e angiospermas e gimnospermas. Ele dividiu o reino vegetal em quatro grupos de plantas: árvores, arbustos, tubérculos e ervas. Também escreveu sobre temas importantes como germinação, cultivo e propagação. 
 
Pedanius Dioscorides foi outro nome de destaque nos primórdios da botânica. Médico e botânico do exército do imperador Nero, ele escreveu a enciclopédia de cinco volumes De Materia Medica (Relação de Matérias Médicas), entre 50 e 70 d.C., que abordou os usos farmacológicos das plantas. Esse foi o trabalho mais influente até 1.600 e serviu como uma importante obra de referência para os botânicos posteriores. 
 
Na Europa medieval, a ciência botânica foi relegado a segundo plano e acabou sendo ofuscada pela preocupação com as propriedades medicinais. As plantas foram estudadas e descritas, principalmente, em uma das obras mais conhecidas do período, o Complete Herbal and English Physician, de Culpeper. 
 
Foi somente no período Renascentista europeu, entre os séculos 14 e 17, que a botânica e o interesse pelo estudo da natureza ressurgiu como ciência. Novas plantas e ervas começaram a ser estudadas, o que gerou um conhecimento mais aprofundado sobre as espécies de uma certa região ou país. A invenção do microscópio, na década de 1590, incentivou o estudo detalhado da anatomia vegetal, sua reprodução sexual e os primeiros experimentos em fisiologia vegetal. 
Lonicera x brownii
Lonicera x brownii
Com as expedições para explorar o mundo e as negociações com países distantes tornando-se mais comuns, descobertas de novas plantas começaram a ser mais recorrentes ponto das espécies passaram a ser cultivadas em jardins europeus, tornando-se, em alguns casos, alimentos populares na região. Por conta disso, suas nomenclaturas e classificações tornaram-se essenciais. 
 
Em 1753, cerca de 100 anos antes da publicação de A Origem das Espécies, de Darwin, Carl Linnaeus publicou sua obra, Species Plantarum, um dos trabalhos mais importantes do ramo da biologia. O trabalho de Linnaeus contemplava as espécies conhecidas até então. Ele criou um sistema de organização de plantas que as nomeia a partir de suas características físicas, com números binomiais (com dois termos), e deu início ao sistema universal de nomenclatura usada até hoje. 
Linnaeus
Linnaeus
Aos poucos, outros cientistas aderiram o sistema de Linnaeus e começaram a contribuir com o trabalho, o que fez com que a lista de plantas catalogadas ficasse cada vez maior, assim como os conhecimentos sobre as plantas. Os cientistas que faziam essas descobertas se tornaram altamente especializados, o que levou à descobertas futuras. 
 
Durante os séculos 19 e 20, uso de novos métodos e a tecnologia fizeram conhecimento crescer exponencialmente. O século 19 foi um marco da botânica moderna. O conhecimento tornou-se mais acessível, pois as pesquisas começaram a ser publicadas em papel por universidades e escolas. Isso evitou que o conhecimento ficasse restrito a poucos “senhores cientistas”. 
A teoria da fotossíntese foi discutida pela primeira vez em 1847 e, em 1903, a clorofila foi separada de extratos vegetais no período de 1940 a 1960, o mecanismo completo da fotossíntese foi totalmente compreendido. Novas áreas de estudos surgiram, entre as quais os campos de práticas de botânica econômica (agricultura, horticultura e silvicultura), estrutura e função das plantas viu como a biologia molecular viu a bioquímica e a teoria celular. 
No século 20, isótopos radioativos, microscópios de elétrons e novas tecnologias, inclusive os computadores, ajudaram na compreensão de como as plantas crescem e as mudanças em seu ambiente. No final do milênio, a manipulação genética das plantas tornou-se tema de discussão, e é provável que essa tecnologia tenha um papel mais importante no futuro da raça humana.
Fonte: Livro – Botânica para Jardinistas: a arte e a ciência do jardinismo explicadas e exploradas. De: Geoff Hodge e Laura Neaime.
 
 

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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