Apesar da redução do desmatamento na Amazônia, Manaus está sofrendo com fumaça de incêndios florestais

Os números do desmatamento na Amazônia de agosto de 2022 a julho de 2023 trouxeram um vislumbre de esperança para a conservação da maior floresta tropical do mundo. Segundo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área desmatada totalizou 9.001 km², marcando uma queda de 22,3% em relação ao ano anterior, quando registrou 11.554 km².

fumaça em Manaus
Fumaça de queimadas encobre Ponte Rio Negro, em Manaus — Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Esta é a primeira vez desde 2018 que a taxa de desmatamento na Amazônia fica abaixo da marca de 10 mil km². Uma notícia promissora que sinaliza um ponto de virada para a preservação da floresta tropical. O portal ClimaInfo observa que esse declínio está fortemente relacionado ao aumento da fiscalização ambiental, que foi retomada desde janeiro. Isso é corroborado pelos números recentes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), que mostram um aumento significativo no número de autos de infração, saltando de 2.545 em 2022 para 5.169 em 2023.

Veja: Amazônia teve desmatamento em 9 milhões de hectares, redução de 22%

Apesar desses dados encorajadores, a região amazônica enfrenta uma série de desafios nos últimos meses. Secas extremas e sem precedentes têm assolado o estado do Amazonas, causando impactos significativos. Além disso, a fumaça decorrente de incêndios florestais tem coberto a cidade de Manaus por três longos meses, resultando em uma preocupante queda na qualidade do ar e prejudicando a saúde da população.

Essa situação levou o Ministério Público Federal (MPF) a tomar medidas legais na busca de respostas do Governo do Amazonas em relação ao combate de queimadas e incêndios florestais no estado. O órgão solicitou a apresentação de documentos e evidências que demonstrem as medidas adotadas desde 2019, a fim de avaliar sua eficácia. Com base nessa análise, poderá ser decidido se uma ação de responsabilização será movida.

O MPF está focado em garantir que o Estado do Amazonas demonstre, de forma transparente, por meio de documentação e provas, que não houve negligência governamental em relação ao desmatamento e ao controle de incêndios. A instituição acredita que, até o momento, não há evidências de que as medidas adotadas para a prevenção, controle e combate a incêndios florestais no estado tenham sido suficientes e adequadas.

Em resposta à solicitação de informações do G1, as autoridades locais enfatizaram o compromisso contínuo com a preservação ambiental e o combate aos crimes e impactos ambientais no estado. Nos últimos anos, uma série de medidas foi adotada visando à proteção do meio ambiente, e os resultados são notáveis. Segundo os dados apresentados, houve uma redução significativa de 66% no índice de desmatamento e de 9,3% no número de focos de incêndio em 2023 em comparação com o ano anterior.

Esses avanços foram alcançados por meio de investimentos substanciais em recursos humanos, aquisição de equipamentos para combate a incêndios e a implementação de novas tecnologias de monitoramento. Destaca-se a criação do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a sala de situação do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM). Esses centros permitiram o acompanhamento em tempo real dos focos de incêndio no estado, possibilitando uma resposta mais rápida e eficaz.

Além disso, o Governo do Amazonas intensificou as ações de repressão na região metropolitana de Manaus a partir de 11 de outubro. Essa medida resultou na aplicação de multas ambientais que totalizaram mais de R$ 140 milhões e na prisão de aproximadamente cem indivíduos sob suspeita de envolvimento em crimes contra o meio ambiente.

Esses esforços demonstram um compromisso sério das autoridades em enfrentar os desafios ambientais e proteger a região, especialmente diante dos recentes eventos preocupantes, como as secas extremas e as queimadas em Manaus. O estado do Amazonas busca, através de suas ações e investimentos, promover a conservação da floresta e a sustentabilidade ambiental em sua região.

Fonte: Clima | Um só Planeta

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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