Uma nova pesquisa nacional revela que, apesar do orgulho e admiração que a Amazônia desperta, os brasileiros ainda a percebem como um território distante, pouco conhecido e cercado de estereótipos. O levantamento, intitulado “O que o Brasil pensa da Amazônia”, foi conduzido pela ASSOBIO – Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia – em parceria com a FutureBrand São Paulo, com apoio da Timelens e patrocínio do Fundo Vale.
A pesquisa buscou entender a proximidade e aceitação do conceito de bioeconomia como alternativa de desenvolvimento sustentável e ponte de conexão com a região amazônica – tendo os produtos amazônicos, nesse contexto, como elemento central, despertando interesse por seus atributos funcionais e relacionados à identidade cultural brasileira.
A coleta de dados foi realizada partir de uma metodologia integrada em três frentes. O mapeamento digital, realizado em parceria com a Timelens, analisou a percepção espontânea dos brasileiros sobre a floresta na internet, incluindo notícias, redes sociais, fóruns e buscas no Google. A etapa de exploração qualitativa reuniu grupos de discussão com pessoas de diferentes regiões, classes sociais, idades e composições familiares, a fim de compreender os significados simbólicos atribuídos à Amazônia e aos seus produtos. Por fim, a mensuração quantitativa ouviu 1.038 brasileiros acima de 18 anos, das classes A, B e C, representando a diversidade demográfica nacional em termos de classe, gênero, idade e distribuição geográfic
Desconhecimento e estereótipos
Segundo os dados, 65% dos brasileiros afirmam não conhecer a Amazônia de fato, seja por nunca terem visitado a região ou por acompanharem notícias apenas quando a floresta ganha espaço na mídia.
Embora 35% dos entrevistados reconheçam a existência de grandes cidades na região, a visão predominante ainda associa a Amazônia à floresta intocada, ao misticismo e à destruição. O imaginário coletivo combina sentimentos de admiração (47%), orgulho (39%) e fascínio (27%), mas também de frustração e impotência diante das ameaças ambientais.

A bioeconomia como caminho
Um dos pontos centrais do estudo é a bioeconomia. Apesar de apenas 34% dos brasileiros afirmarem conhecer o conceito, há sinais de grande potencial: 73% declaram interesse em consumir produtos da sociobioeconomia amazônica.
O principal atrativo é a percepção de que esses produtos são mais naturais e sustentáveis, seguidos pela valorização da biodiversidade e pelo apoio às comunidades locais.

Sustentabilidade: discurso x prática
A pesquisa mostra também a ambivalência dos brasileiros em relação à sustentabilidade. Embora práticas como economizar água e energia (81%) e separar lixo para reciclagem (74%) sejam comuns, apenas 15% têm a sustentabilidade como tema de interesse cotidiano.
Na hora da compra, fatores como qualidade, preço e conveniência pesam mais do que a preocupação ambiental. Esse descompasso revela que a sustentabilidade ainda é percebida como um valor secundário, muitas vezes associado à culpa e à moralidade, mas pouco determinante no consumo prático.
Consumo de produtos amazônicos
Apesar de barreiras como preço, acesso e falta de informação, 42% dos brasileiros têm total interesse em consumir produtos amazônicos, especialmente nas categorias de alimentação (84%) e cosméticos (80%), que lideram tanto o consumo atual quanto o potencial de
Os alimentos e ingredientes amazônicos não são apenas produtos regionais, são expressões da identidade local: carregam sabores únicos, saberes antigos, propriedades curativas e potencial cultural e econômico. A Amazônia é vista como celeiro de sabores autênticos e insubstituíveis.
Amazônia no centro do debate global
Os resultados da pesquisa serão apresentados durante a Climate Week de Nova York, no dia 22 de setembro, na sede do Banco do Brasil.
Para a ASSOBIO, o estudo é um convite para repensar a relação do país com a floresta.
“É preciso ultrapassar a visão dicotômica entre preservação e exploração e promover a ideia de conservação com produção consciente. Só assim será possível transformar a Amazônia em um espaço produtivo, com a floresta em pé, gerando renda para suas populações e promovendo um futuro sustentável”, destacou Paulo Reis, presidente da associação.
Confira o relatório completo da pesquisa AQUI
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