Na sexta-feira, 6 de junho, a cidade de Belém recebeu o workshop “COP 30 e o Futuro do Setor Florestal na Amazônia”, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (AIMEX). O encontro foi realizado com apoio de entidades do setor produtivo, ambiental e institucional, e marcou um momento estratégico na preparação da região para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém em 2025.
Com programação intensa entre 8h e 18h, o evento reuniu empresários, pesquisadores, representantes de órgãos ambientais, lideranças do setor florestal e especialistas em economia verde. O objetivo central foi promover o diálogo entre produção, conservação e inovação, com foco na bioeconomia e no manejo florestal sustentável como caminhos para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia.
A pauta foi marcada por discussões sobre comércio de carbono, atuação dos órgãos ambientais, listas restritivas de espécies (CITES), concessões florestais, exportação de madeira e proteção cambial. A presença de instituições como IBAMA, SEMAS, UFRA, IMAFLORA, EMBRAPA, IFPA e SFB conferiu pluralidade ao debate, que também contemplou o papel da legislação e da governança ambiental no fortalecimento do setor.
Durante a abertura do Evento, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, falou sobre a importância da indústria de base florestal no processo de transição ecológica, na valorização da floresta em pé e na liderança técnica do Pará rumo à COP 30.
“Queremos proporcionar que o Pará seja exportador de madeira de qualidade, de manejo sustentável. Verticalizada, com agregação de valor aqui dentro. Esta casa também tem o compromisso de defender o setor florestal, mas que não seja mais uma atividade extrativista que não consiga agregar valor dentro do território.”
A COP 30, que será realizada pela primeira vez em um estado da Amazônia, impulsiona a necessidade de construção de uma nova narrativa para a região: que alie valorização da floresta em pé, geração de renda para as populações locais e protagonismo internacional em soluções climáticas.
O Pará, maior produtor de madeira de florestas nativas do Brasil, tem posição estratégica nesse processo. Ao fomentar práticas sustentáveis, cadeias de custódia rastreáveis e regulamentações internacionais, o estado desponta como modelo de conciliação entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental.
Outra fala importante foi de Deryck Martins, Presidente do Conselho de Meio Ambienta da FIEPA e Diretor executivo da AIMEX, sobre a importância de reposicionar o setor florestal no debate climático global e a contribuição da madeira manejada para o desenvolvimento sustentável.
“Todo mundo fala, quando a gente fala da agenda climática, esse evento traz aqui também é COP30. Estamos em um ano diferente, especial, por conta da realização dessa conferência, fala da floresta em pé. E da importância da manutenção da floresta para a conservação da biodiversidade, para a conservação dos recursos hídricos, consumidouro de carbono. Hoje a gente sabe que uma área manejada estoca mais carbono do que uma área que está intocada.
[…] E todo mundo fala dessa importância dentro desse debate, mas ninguém diz como. E o setor florestal sabe como fazer isso. É através do manejo florestal.
Deryck também falou sobre o nível de profissionalização e controle adotado pelas empresas, e os desafios que ainda são enfrentados pelo setor como a inclusão das espécies Ipê e Cumaru na CITES, e os riscos que as Florestas naturais do estado do Pará correm no caso da inviabilidade do manejo florestal na região.
Esse setor, apesar de tudo, continua de pé, continua lutando. E o mais recente foi a inclusão das espécies Ipê e Cumaru na CITES, que nós temos certeza que não houve qualquer embasamento ecológico ambiental para a inclusão. E apesar disso, nós continuamos trabalhando para garantir o desenvolvimento dessa atividade. E não se enganem, se nós tirarmos o manejo florestal hoje do estado do Pará, nós não temos nada para colocar no lugar. Essas florestas irão sofrer desmatamento. Nós teremos o aumento do desmatamento e perda de biodiversidade.”
Além das rodadas técnicas e painéis, o evento também foi uma vitrine de oportunidades. A presença de bancos, consultorias jurídicas, organizações ambientais e representantes do setor exportador ampliou o espaço para articulações e negócios que já visam o cenário pós-COP 30, com um mercado global mais exigente e consciente.
Realização e apoio
O workshop foi realizado pela FIEPA, AIMEX e SINDIMAD, com patrocínio do Ebury Bank e apoio institucional da Jornada COP+, SINDIMATA, SIMAVA e SINDMÓVEIS.
O vídeo com a transmissão do Workshop está disponível no canal da Federação das Industrias do Pará no Youtube:
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