Vale a pena plantar florestas nativas? Conheça 4 formas

O Brasil é um pais com alta potência agropecuária, e juntamente também é um país de enorme vocação florestal. 

Atualmente somos uma potência em alguns setores florestais, mas podemos evoluir muito partindo do manejo consciente, que tem como objetivo valorizar a biodiversidade e o potencial econômico dos produtos madeireiros e não madeireiros, criando uma renda natural para amenizar o as mudanças climáticas, com ganhos sociais. 

A restauração florestal de nativas é um caminho com todas essas características. 

Dados da Embrapa revela que o Brasil tem mais de 100 milhões de hectares de pastagens degradadas, uma área do tamanho dos estados de Minas Gerais e Bahia somados. O plantio de florestas nativas pode gerar emprego e renda no meio rural, recuperar o solo e regular a água, além de fornecer produtos como madeira, frutos, óleos, essências, castanhas e outros, diminuindo a pressão do desmatamento e da extração das florestas nativas destinadas à conservação e preservação. 

Uma pesquisa publicada pelo WRI Brasil em 2017 demonstrou isso. A análise do projeto VERENA em 12 propriedades rurais localizadas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica constatou que o reflorestamento com espécies arbóreas nativas e sistemas agroflorestais é uma atividade competitiva do ponto de vista financeiro se comparada à produção agrícola e à silvicultura com pinus e eucalipto praticada no Brasil. 

O tempo médio para o retorno financeiro foi de 16 anos frente a 12 anos no caso da agricultura e da silvicultura. O tempo é mais longo devido ao ciclo da colheita de espécies arbóreas nativas. Por outro lado, o estudo também apontou que o retorno foi maior (16%) para o reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais do que a média da agricultura e da silvicultura com pinus e eucalipto (13%).
Contínuo florestal 

Para que possa ser compreendi melhor de quais formas de restauração florestal está se falando, é importante conhecer o conceito de contínuo florestal. 

Olhando sob a perspectiva da paisagem, não é possível estabelecer linhas divisórias e diferenciar tipos de uma mesma floresta. Mas há um gradiente, em que diferentes tipologias se encaixam conforme o seu manejo. Em uma ponta, estão as florestas nativas primárias, permanentemente preservadas, como as reservas naturais públicas, os parques ecológicos, educativos e turísticos. Na outra, estão agricultura de baixo carbono, sistemas agroflorestais e plantações de árvores exóticas. 

Tipologias do contínuo florestal estudadas pelo VERENA


Plantio biodiverso econômico 

Refere-se ao plantio de diferentes espécies nativas, ordenadas segundo um desenho espacial definido de acordo com as condições ecológicas de cada espécie. O plantio geralmente é pensado de maneira intercalada, com cada espécie desempenhando uma função. O manejo do desbaste e a comercialização de produtos não madeireiros (como frutas e sementes) possibilitam a geração de receita no curto prazo. É a tipologia com maior potencial para uso em Reserva Legal. 

Plantio econômico biodiverso em Porto Seguro (BA) (foto: Aurelio Padovesi/WRI Brasil)

Plantio monocultura econômico

Como o próprio nome indica, trata-se do cultivo de uma única espécie nativa, plantada geralmente em linhas e com manejo semelhante ao do eucalipto. Os plantios de Paricá, no Norte do país, seguem esse modelo, também há plantios de Jequitibá-rosa, Guanandi e outros, neste mesmo modelo.

Um dos locais onde esse modelo está em operação é em Paragominas, no Pará. A empresa Amata investe no Paricá para comercializar madeira certificada, sólida e laminada para o processo de confecção de chapas e compensados, com garantia de origem, através do manejo de baixo impacto e do plantio de florestas. São quase três mil hectares de plantio. 

Área de plantio econômico monocultura com paricá em Paragominas (PA) (foto: Cláudio Pontes/WRI Brasil)

Plantio misto (nativas e exóticas) 


Corresponde a um plantio com espécies nativas e exóticas, como o eucalipto plantado com outras espécies nativas, por exemplo. Esse tipo de arranjo favorece a obtenção de receita em curto prazo proveniente do eucalipto (entre 4 e 12 anos) e receitas futuras mais a longo prazo provenientes das espécies nativas. Um exemplo são os plantios monitorados pelo Instituto IPÊ em Lindóia (SP), com eucalipto urograndis, ipê branco, angico-da-mata e ipê-rosa. 
Área de plantio econômico misto (eucalipto e nativas) em Lindóia/SP (foto: Alexandre Uezo/ IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas)
Sistemas agroflorestais (SAFs) 

Nos sistemas agroflorestais (SAFs), espécies perenes como árvores, arbustos, palmeiras e bambus são utilizadas em uma mesma área com culturas agrícolas e/ou animais. Há diversos tipos de SAFs, desde sistemas simplificados, com poucas espécies e baixa intensidade de manejo, até sistemas altamente complexos, com alta biodiversidade e alta intensidade de manejo. Uma grande vantagem dessa tipologia é que se aplica bem em propriedades menores, por isso é de grande valia para pequenos agricultores, que podem obter receitas no curto prazo de diversos produtos em tempos diferentes de colheita (frutos, sementes, etc), enquanto crescem as árvores que irão gerar receita em ciclos de cultura mais longos (madeira). 

Área sendo preparada para plantio de sistema agroflorestal em Juruti, no Pará (foto: Preta Terra)

Fonte:




Descubra mais sobre Florestal Brasil

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

View all posts by Arthur Brasil →

Comenta ai o que você achou disso...