Uma impressionante diversidade de plantas vive sobre rochas

Uma equipe coordenada pela botânica Luísa Azevedo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), examinou a diversidade de espécies de plantas em 151 áreas do leste brasileiro – do Rio Grande do Sul ao Ceará – com rochas expostas, os chamados afloramentos rochosos, resultantes da erosão ou da ação humana. Feito com base em artigos científicos e outros trabalhos acadêmicos, o levantamento registrou 4.498 espécies de plantas que vivem nesses ambientes, geralmente de baixa fertilidade por causa da escassez de solo e de nutrientes.

Uma impressionante diversidade de plantas vive sobre rochas
Inselbergue da Mata Atlântica, um dos seis tipos de ambientes com plantas que vivem sobre rochas. Luísa Azevedo.

Os pesquisadores, com base em categorias preexistentes, criaram uma classificação com seis grupos de plantas que vivem sobre rochas, que chamaram de litobiomas: dois tipos de inselbergues (morros rochosos isolados), um na Mata Atlântica e outro na Caatinga; dois de campos rupestres, os quartzíticos e os ferruginosos; campos de altitude; e afloramentos de calcário, como detalhado em um artigo de março na revista científica Journal of Systematics and Evolution.

As rochas expostas abrigam conjuntos distintos de plantas: 69% das espécies vivem apenas em um tipo de ambiente, de acordo com esse trabalho.

Outro inselbergue da Mata Atlântica, também com espécies únicas. Luísa Azevedo.

Por exemplo, a sempre-viva Paepalanthus nigrescens, que produz esferas de flores brancas, cresce nos campos rupestres quartzíticos, enquanto a orquídea Cattleya caulescens, cuja flor varia do rosa-pálido ao lilás-magenta, prefere os campos rupestres ferruginosos.

“Os afloramentos rochosos são áreas riquíssimas, com uma geodiversidade impressionante. Precisam ser vistos como ecossistemas distintos a serem protegidos com urgência, mas nossa atual rede de unidades de conservação não protege a heterogeneidade de plantas em afloramentos rochosos”, enfatiza Azevedo. “Dos 26 inselbergues da Caatinga avaliados, nenhum está protegido.”

Artigo científico
AZEVEDO, L. et al. On the rocks: Biogeography and floristic identity of rocky ecosystems in Eastern South America. Journal of Systematics and Evolution. v. 62, n. 2, p. 305-20. mar. 2024

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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