O que é e pra que serve o Inventário Florestal?

produto rural verde
Foto: Agência Brasil.

Entender que o Brasil é detentor de uma biodiversidade gigante, é algo muito fácil de perceber, devido a quantidade de vezes que vemos propagandas, discursos de políticos e comunicadores em geral falando sobre isso, ainda que de maneira superficial.

Mas o fator mais importante, principalmente quando pensamos na quantidade de Biomas que existem no País, e tomando por base que cada bioma desses, tem sua ou suas próprias dinâmicas de interação entre componentes Bióticos e Abióticos, possuem sua própria variedade de Fauna e flora. É saber que temos que preservar essa biodiversidade, e mais importante ainda, saber que pra preservar é preciso ENTENDER ou no caso de utilização de recursos naturais, é preciso saber manejar esses recursos.

E nesse sentido, vem o foco do tema de hoje que é;

O Que é Inventário Florestal?

Até algumas décadas atrás, o inventário de florestas nativas no Brasil era realizado por meio de simples levantamento do estoque de indivíduos de grande porte, susceptíveis de
serem explorados, resultando numa visão incompleta e por vezes distorcida da verdadeira condição de desenvolvimento da floresta, no entanto, com a evolução da tecnologia e a constante pressão dos órgãos ambientais, além do melhor entendimento das dinâmicas florestais. Os inventários tornaram-se muito mais complexos e de fato mais coerentes e informativos.

Neste  tipo de inventário são abordadas todas (100%) as árvores ocorrentes com DAP ³ a 50 cm, sendo que para cada árvore são tomadas informações sobre a denominação usual da espécie, mensurado o DAP, observadas as condições de aproveitamento da tora e feita a plotação em croqui.

Em campo, a realização do inventário a 100% segue as seguintes etapas: a) abertura das picadas laterais fronteiriças das propriedades (relativas à parte de floresta sob manejo) e das picadas delimitadoras (centro e bordas) dos talhões de colheita. As picadas são abertas com terçado (facão), sendo que a direção de abertura (rumo e retidão) é aferida por meio de bússola e de balizas (varetas obtidas na mata), e as distâncias medidas por trenas; b) caminhamento longitudinal em “ziguezague” em cada uma das duas metades do talhão (cada metade possui 50 m de largura e, em média, 360 m de comprimento) para abordagem das árvores.

Na abordagem são coletadas as informações dendrométricas e feito mapeamento (plotação em croqui) das árvores. Além disso, as árvores recebem plaquetas de identificação contendo o seu número sequencial de dentro do talhão.A identificação em campo das espécies, ou denominação usual, é realizada por mateiros, que observam as folhas, casca, lenho, exsudações, etc. Vale citar que atualmente existem mateiros habilitados entre o grupo de produtores do projeto.

Com auxílio de uma fita métrica, são tomadas as CAP’s (circunferências à altura do peito), que posteriormente são convertidas em DAP’s. A condição de aproveitamento da tora pode ser: 1) tora com aproveitamento total; 2) tora com aproveitamento parcial; e 3) tora sem aproveitamento. Esta classificação é definida em função dos defeitos existentes (tortuosidade, presença de podridão, oco ou rachaduras, etc.) e fornece um indicativo do estado da árvore, com vistas ao aproveitamento possível para peças de madeira serradas. Embora não seja quantificado o nível de aproveitamento em termos volumétricos, ou percentuais, a condição de aproveitamento da tora é um critério de escolha da árvore para o corte (as árvores defeituosas são mantidas na floresta), juntamente com a abundância (árvores.ha-1), volume (m3.ha-1), manutenção de árvores porta-semente e a consideração às áreas de preservação permanente (nascentes d`água, margens de igarapés, declives acentuados, etc.).A plotação das árvores em croqui é realizada de modo aproximado, tendo como referenciais as picadas feitas no centro e nas bordas dos compartimentos.

Ilustração: Henrique José Borges de AraújoInventário Florestal

Figura 1: Distribuição das árvores ocorrentes no inventário florestal a 100% do compartimento de manejo.

Os resultados do inventário pré-exploratório são expressos por espécie em: a) número total de árvores (NT) na área inventariada; b) abundância (número de árvores) por hectare (AB); c) volume total das árvores em pé (VT) na área inventariada; d) volume por hectare das árvores em pé (V); e) área basal total (ABsT) na área inventariada; f) área basal por hectare (ABs); g) índice de importância da espécie em percentual (IND); e, h) condição de aproveitamento da tora em percentual.O volume individual da árvore em pé (V) corresponde ao volume potencialmente aproveitável da tora com casca, tendo como componentes de cálculo o DAP e a altura comercial, a qual, normalmente, é iniciada na base da árvore, junto ao solo, estendendo-se até as primeiras galhadas ou bifurcações. Esse volume é estimado pela seguinte equação matemática de simples entrada (Araujo, 1998):

Onde:  VÁrvore em pé = volume da árvore em pé, em m3

DAP = diâmetro à altura do peito (1,30 m), em cmO índice de importância da espécie (IND) é um valor percentual, expresso pela média aritmética simples dos percentuais de cada espécie para NT, VT e ABsT, em relação aos respectivos totais (todas as espécies) dessas variáveis para a área inventariada (Araujo, 2002).

É dado pela expressão:

Onde:  INDi = índice de importância da i-ésima espécie, em percentual                       

NTi = número total de árvores da i-ésima espécie

NTtotal = número total de árvores da área inventariada

VTi = volume total da i-ésima espécie, em m3

VTtotal = volume total das árvores na área inventariada, em m3

ABsTi = área basal total da i-ésima espécie, em m2

ABsTtotal = área basal total da área inventariada, em m2

 

Os resultados de inventario florestal a 100% realizado em 57 compartimentos (talhões) de manejo, totalizando 206,8 hectares, para árvores com DAP ³ 50,0 cm, foram os seguintes:, um número total de árvores (NT) de 3.518; abundância (AB) de 17,01 árvores.ha-1; volume total (VT) de 21.667,41 m3; volume por hectare (V) de 104,77 m3; área basal total (ABsT) de 1.413,77 m2; e, área basal por hectare (ABs) de 6,84 m2. A condição de aproveitamento da tora total foi de: 83,2% (2.926 árvores) com aproveitamento total; 14,0% (493 árvores) com aproveitamento parcial; e, 2,8% (99 árvores) das toras foram qualificadas como sem aproveitamento.

Os valores médios dos parâmetros dendrométricos das propriedades, foram os seguintes: abundância (AB) de 17,45 árvores.ha-1; volume (V) de 109,47 m3.ha-1; e área basal (ABs) de 7,13 m2.ha-1. O coeficiente de variação percentual (CV%) desses parâmetros (variando entre 15,6 e 18,2) demonstra uma relativa homogeneidade das áreas. A condição 1 de aproveitamento da tora (aproveitamento total) apresentou um valor médio de 83,7%, denotando um bom estado das toras para fins de processamento industrial. O baixo CV% de 6,3 para esse dado indica homogeneidade das áreas quanto aos defeitos existentes nas suas árvores.

Mas agora me diz ai, você já ouviu falar nesse tipo de levantamento? Já fez um ou participou de alguma equipe que executou um Inventário?

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Fonte: EMBRAPA,  ECOVERY, UFSC, AMBIENTE BRASIL


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Reure Macena

Engenheiro Florestal, formado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista em Manejo Florestal e Auditor Líder - Sistema de Gestão Integrada (SGI). Um parceiro do Florestal Brasil desde o início, compartilhando conhecimento, aprendendo e buscando sempre a divulgação de informações que somem para o desenvolvimento Sustentável do setor florestal no Brasil e no mundo.

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