Tocantins tem uma das maiores reservas de flora fossilizada do mundo


MNAFTO. Fonte: Ricardo Martins/Naturatins
Há milhões de anos o Tocantins
abrigou uma floresta que hoje é considerada uma das maiores reservas de
vegetais fossilizados do mundo. O Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do
Tocantins (MNAFTO) abrange uma área de 32 mil hectares no cerrado tocantinense, na
Região Norte do Estado.

O local abriga a mais completa floresta
fossilizada do mundo. Esta floresta viveu no Período Permiano – último da Era
Paleozóica, entre 295 e 250 milhões de anos, sendo assim anterior aos
dinossauros, os fósseis encontrados contém informações valiosas de importantes
transformações geológicas ocorridas no passado. No final deste período, nosso
planeta assistiu à maior extinção em massa da fauna e flora, em que
aproximadamente 90% das espécies marinhas e aproximadamente 70% das terrestres
desapareceram.

Folha de samambaia fossilizada. Fonte: secom.to.gov
São encontrados fósseis de pteridófitas (samambaias), esfenófitas (cavalinhas), coníferas (gimnospermas coniferófitas) e cicadácias (Cycas). Grande parte do material é de fósseis de samambaias do gênero Psaronius, que não existe mais. As samambaias pré-históricas eram árvores gigantes, podiam chegar a 30 metros de altura, algumas de suas folhas ficaram impressas nas rochas da região. 


Os fósseis foram preservados graças à presença de sílica no ambiente, que infiltrou dentro das plantas e conservou seus formatos, através do processo de permineralização celularA infiltração e impregnação de sílica nas células e nos espaços intercelulares formou uma matriz inorgânica que sustentou os tecidos das plantas, preservando-os. A origem do agente da permineralização silicosa ainda permanece obscura. 

O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era uma planície costeira com um farto sistema hídrico durante o período Permiano. O clima era tropical, porém há dúvidas se o ambiente era amazônico ou parecido com o Cerrado. Pode parecer que pouco mudou por ali nos últimos milhões de anos, mas os chapadões indicam o contrário. Eles surgiram depois das árvores fossilizadas e seriam dunas de deserto que se transformaram em rochas. Mais um sinal do valor histórico da Unidade de Conservação.

A fossilização bem feita permite observar os grãos de pólen, os tecidos e a estrutura interna dos organismos. O fenômeno de fossilização é raro, acredita-se que menos de 1% de todas as espécies que já existiram na Terra foram fossilizadas.

Por pouco tamanha riqueza da história natural
não foi perdida, em 1996, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
emitiu uma licença de pesquisa à Mineração Pedra de Fogo Ltda, mas ao invés de
pesquisar a riqueza mineral da região, os fósseis eram explorados e
comercializados de forma irregular.
 Sabendo do fato, a
Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) manifestou-se denunciando ao
Ministério Público do Estado do Tocantins. Como resultado de tal denúncia, o
governo do Estado com a finalidade de combater a exploração ilegal e proteger
os fósseis, criou o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins.



Segundo o Paleobotânico Roberto Iannuzzi, do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na região tocantinense de Filadélfia existiam também fósseis de vegetais próximos das das coníferas (Cordaitales) e de cavalinhas (Equisetales), mas esse material foi vendido para cientistas alemães (na Alemanha o comércio de fósseis é legal), que publicaram estudos na revista científica Review of Paleobotany and Palynology, os pesquisadores teriam comprado as peças de contrabandistas.

As rochas do Monumento e de seus arredores são portadoras de notável e abundante material fossilífero, essencialmente representado por restos de plantas ainda pobremente estudados, tais fósseis constituem uma peça-chave do patrimônio científico mundial, tendo enorme importância para estudiosos que investigam florestas, o clima e a ecologia planetária do período permiano.

Além dos fósseis, a área também apresenta uma rica biodiversidade. Boa parte das áreas de vegetação nativa está em bom estado de conservação, desde fitofisionomias mais abertas como campo sujo, passando por cerrado sentido restrito até cerrado denso e cerradão, foram identificadas 6 espécies endêmicas da flora no MNAFTO. A região é rica em espécies úteis, com potencial madeireiro, alimentício, medicinal, melífero e artesanal. 

Esta UC, com espaços naturais ainda significativos, desempenha um importante papel como um corredor de dispersão da fauna terrestre, além de abranger notável diversidade de formações vegetacionais, como o cerradão, o campo cerrado, além das matas de galerias que margeiam os cursos d’água e enclaves de florestas de afinidades amazônicas e matas secas, com uma seqüência contínua de interfaces e gradientes ambientais.

Fonte: naturatins.to.gov
Quanto a fauna, de acordo com o Plano de Manejo do MNAFTO, foram identificados 77 espécies de mamíferos, 208 de aves, 17 de anfíbios e 33 de répteis, um total de 335 espécies sendo 16 endêmicas.
A sede do MNAFTO está
situada em Bielândia, distrito de Filadélfia, região norte do Estado, a
aproximadamente 438 km da Capital, o acesso ocorre através das rodovias TO-010
e a TO-222.


O MNAFTO foi criado
pela Lei 1.179 de outubro de 2000, é uma Unidade de Conservação de proteção
integral estadual, o órgão gestor é o Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS). 


O MNAFTO foi tema de reportagem do programa Ressoar exibido em 24/07/2011 e pode ser assistido clicando no link: Programa Ressoar – nº182
Abaixo seguem algumas imagens do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins:
Vestígios da antiga presença humana na região. Fonte: naturatins.to.gov.br
Tronco fossilizado. Fonte: focoturistico.blogspot.com.br
Folha de samambaia fossilizada. Fonte: naturatins.to.gov
Tronco fossilizado. Fonte: focoturistico.blogspot.com.br
Troncos fossilizados. Fonte: gesto.to.gov
Detalhes internos de um tronco fossilizado. Fonte: diogojanuario.blogspot.com.br


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