Como fazer desbaste em plantios florestais. Tipos e técnicas

Os desbastes de plantios florestais
consistem na remoção de árvores finas e/ou defeituosas ou em uma
determinada posição no talhão. A remoção dessa árvores visa favorecer o
crescimento das remanescentes. Dessa forma, as remanescentes irão
crescer em diâmetros mais elevados ao final da rotação, pois haverá a
diminuição na competição de luz e nutrientes.
Atualmente,
existem dois tipos de desbastes: sistemáticos e seletivos, sendo suas
principais diferenças em relação aos critérios de seleção.

Desbastes: sistemáticos ou seletivos

Desbastes
sistemáticos são aqueles em que o corte das árvores é feito seguindo um
esquema padrão, com base em sua posição no talhão ou povoamento, por
exemplo, linhas alternadas, linha inteira de árvores retiradas a cada
duas, três ou mais linhas remanescentes, entre outras formas. Já os
desbastes seletivos são aqueles onde a opção de retirada recai sobre as
árvores mais finas e/ou defeituosas.
tipos de desbaste mogno africanoNos
primeiros anos, os desbastes devem ser pesados para eliminar árvores
mal formadas, tortas, bifurcadas e doentes, mesmo que apresentem
dimensões elevadas. Deve-se evitar a retirada de grupos de árvores e
procurar manter uma distribuição uniforme de espaçamento entre as
árvores remanescentes a fim de evitar a formação de clareiras. Já os
desbastes finais devem ser leves.
O
desbaste de seleção ocorre normalmente entre o 2° e 4° ano tem como
objetivo melhorar a qualidade das árvores remanescentes, reduzindo para
950 árvores/hectare, podendo dar aproveitamento comercial aquelas com
altura comercial a partir de 3,3 metros e 4 centímetros de diâmetro na
ponta superior. A madeira roliça proveniente desse corte será destinada
para aplicação em móveis rústicos, estacas e construção civil.
Recomenda-se
que os desbastes iniciais (1° e 2°) sejam seletivos, já os desbastes
maduros é indicado que seja sistemáticos, normalmente eliminando linhas
alternadas, facilitando a mecanização da extração.

Área Basal

A
Área Basal (G) é uma área seccional transversal de árvores, comumente
medida à altura do peito (D.A.P. ou diâmetro à altura do peito),
referindo-se assim a um valor de cobertura, por plantas de uma
determinada área de superfície do solo.
Além
de ser uma medida que tem relação direta com a produtividade, ela é um
bom indicador da densidade da vegetação, contribuindo para determinar a
idade ótima para os desbastes e corte final, a qual afeta diretamente no
crescimento e na produção da floresta.

Crescimento e produção

Como
cada sítio permite apenas um determinado valor limite de área basal,
reduzindo o número de árvores, a área basal máxima se distribuirá por um
número menor de árvores remanescentes que atingirão diâmetros maiores. A
estratégia é manter o povoamento crescendo em taxas próximas do máximo
incremento corrente anual em área basal, o que pode ser conseguido por
meio de desbastes leves e frequentes.
Povoamentos
mais jovens respondem melhor a repentina das mudança de condições do
sítio, causada pela redução na competição entre as árvores e,
consequentemente, ocasionará um aumento no crescimento em volume. Este
processo foi chamado por Assmann (1970), de “aceleração do processo
natural de crescimento”. Esta aceleração provoca a antecipação do
culmínio do incremento corrente em volume.
desbaste seletivo
Para
Assmann (1970), um bom indicador dos limites de intensidade de desbaste
é a área basal crítica, ou seja, 95% da área basal ótima para o
povoamento. Através do uso da área basal crítica é possível atingir o
efeito de aceleração do crescimento e ainda, repor o que é retirado pelo
desbaste.
A partir do 7° ano é
realizado o desbaste de aproveitamento da madeira para uso roliça ou
serrada em móveis acabados ou rústicos, construção civil, estacas para
parquinhos e quiosques e outros, com DAP variando entre 17 e 21
centímetros, reduzindo o povoamento para 475 árvores/hectare.O
crescimento do mogno-africano varia de moderado a rápido. No Brasil, em
solos mais férteis, foi registrado incrementos entre 25 a 40 m³/ha/ano
e, em áreas menos férteis, entre 15 a 25 m³/ha/ano. Em regiões mais
quentes o crescimento inicial com índice pluviométrico satisfatório, os
indivíduos apresentaram crescimento rápido, atingindo 2 m de altura
total no primeiro ano. Sob condições ótimas, mudas de mogno podem
alcançar 3 m de altura em um ano e 12 m em dois anos. Já no terceiro
ano, as árvores chegam a altura de 10 a 15 m de com DAP entre 7,5 a 12
cm.
Já no 12° ano a madeira atinge a
maturação biológica e é realizado o desbaste de aproveitamento da
madeira para serraria, reduzindo para 238 árvores/hectare, com DAP
variando entre 30 e 35 centímetros. O corte final é previsto entre o 17°
e 21°, na qual as árvores poderão apresentar DAP entre 45 e 60
centímetros.
Por isso, para se ter
uma floresta mais rentável deve-se estudar a área, espaçamento e
planejar os desbastes periódicos. Esses fatores farão com que você tenha
maior aproveitamento por área disponível. Os cortes periódicos da
floresta farão com que as árvores que apresentaram melhor
desenvolvimento tenham mais força para crescer devido a redução na
competição por nutrientes. 
Matéria originalmente publicada em: ibflorestas.org.br

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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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