Belém, conhecida como a “cidade das mangueiras”, enfrenta um desafio recorrente durante o inverno amazônico: a queda de árvores em vias públicas. Esse problema expõe a fragilidade da arborização urbana e a necessidade de métodos mais eficientes para avaliar a integridade das árvores. Diante desse cenário, um professor e engenheiro florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Eduardo Saraiva, desenvolveu uma tecnologia inovadora que mede ocos em árvores de forma acessível e não invasiva.

A invenção, que obteve patente do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), oferece um método preciso para avaliar a saúde estrutural das árvores sem a necessidade de equipamentos sofisticados ou da derrubada da planta. A tecnologia pode ser aplicada tanto no manejo florestal quanto na arborização urbana, fornecendo subsídios técnicos para decisões mais informadas sobre a remoção ou preservação das árvores.
Como Funciona o Dispositivo?
O dispositivo criado pelo professor Saraiva foi projetado para medir o diâmetro interno dos ocos dentro das árvores. Ele funciona de maneira simples e eficaz:
- Perfuração da Árvore: O técnico utiliza o sabre da motosserra ou uma furadeira para fazer uma pequena perfuração no tronco da árvore.
- Inserção do Dispositivo: O aparelho é introduzido no orifício e mede o espaço interno da árvore, determinando o diâmetro do oco sem a necessidade de cortar a árvore inteira.
- Leitura dos Dados: Com base na medição, o profissional pode avaliar a extensão do dano interno da árvore e decidir sobre sua remoção ou preservação.

A ferramenta, construída em aço inoxidável, possui uma haste com um dispositivo de contato e uma régua interna para medir a distância entre as paredes internas do oco. Atualmente, existem dois modelos do dispositivo:
- Primeiro protótipo: Capaz de medir ocos de até 60 centímetros de diâmetro, sendo mais longo e robusto.
- Segundo modelo: Mais compacto e leve, facilitando o transporte e a utilização em diferentes condições de campo.
Impacto para o Manejo Florestal
No setor florestal, a avaliação de ocos é fundamental, pois sua presença pode comprometer a qualidade da madeira e seu aproveitamento econômico. Tradicionalmente, essa análise é feita por operadores de motosserra, que se baseiam na experiência visual e tátil para tomar decisões. Com a nova tecnologia, a avaliação ganha um parâmetro técnico adicional, tornando o processo mais preciso e reduzindo erros na seleção das árvores a serem colhidas.
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Aplicação na Arborização Urbana
Além do uso no setor florestal, o dispositivo tem um grande potencial para a arborização urbana. Muitas cidades, como Belém, sofrem com quedas inesperadas de árvores, que podem causar danos materiais e colocar vidas em risco. A nova tecnologia permite uma análise mais detalhada das árvores urbanas, ajudando as equipes de manejo a identificar árvores potencialmente frágeis antes que elas representem perigo.
O professor Eduardo Saraiva destaca que o dispositivo não tem a função de prever quedas, mas sim de fornecer dados técnicos adicionais para auxiliar na decisão de remoção ou preservação da árvore. “O aparelho não decide se a árvore deve ser removida, mas fornece informações valiosas para que os técnicos responsáveis possam tomar decisões embasadas”, explica Saraiva.
Patente e Próximos Passos
A tecnologia foi idealizada em 2019 e teve sua patente solicitada em 2020. No final de 2024, o INPI concedeu a patente, confirmando a originalidade e a importância da inovação. Esse reconhecimento fortalece a credibilidade da pesquisa e abre portas para o desenvolvimento de novas aplicações para a tecnologia.

Atualmente, a equipe da UFRA trabalha para aprimorar o dispositivo e ampliar sua adoção. O professor segue em contato com instituições ligadas ao manejo florestal e à arborização urbana para realizar testes em larga escala. Há também expectativa de que a tecnologia seja incorporada em políticas públicas voltadas à gestão sustentável da vegetação.
A criação dessa tecnologia representa um avanço significativo para a engenharia florestal e para a conservação da arborização urbana. Com um método simples e acessível, a inovação do professor Eduardo Saraiva pode melhorar a qualidade das decisões técnicas relacionadas ao manejo de árvores, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e a segurança das cidades.
Com o reconhecimento da patente e a possível implementação em larga escala, a expectativa é que essa tecnologia se torne um novo padrão para avaliações florestais e urbanas, beneficiando tanto o setor produtivo quanto a sociedade.
Fonte: Ascom UFRA
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