Software projeta estufa e materiais para cultivo protegido de hortaliças

Parceria estabelecida entre Brasil e Coreia do Sul vai desenvolver
a horticultura protegida dos dois países. O país asiático usará a experiência
brasileira para enfrentar as mudanças climáticas. Entre as vantagens para o
Brasil está utilização do software GH Modeler que projeta e faz simulações de
estruturas para abrigar cultivos de hortaliças. Empregado pela Embrapa
Hortaliças  (DF), o programa de computador é capaz de avaliar
parâmetros e analisar o desempenho da construção sob diferentes condições de
estresses ambientais, conforme definições estabelecidas pelo usuário. 

O software é um grande trunfo para o
avanço das pesquisas no Brasil porque, além de projetar o desenho das estufas,
indica os melhores materiais para cada modelo de estrutura
”, avalia o
pesquisador da 
Embrapa Ítalo Moraes Rocha Guedes, responsável pela cooperação técnica com a equipe do pesquisador Ryu
Hee-Reyong, engenheiro de estruturas do Instituto de Pesquisa em Horticultura
Protegida do 
Rural Development Administration(RDA), instituto de pesquisa agropecuária da Coreia
do Sul
.
A densidade e a composição do plástico
utilizado, bem como a configuração da estrutura, interferem no desempenho das
plantas cultivadas, e por esse motivo merecem atenção na fase de planejamento
do ambiente protegido. No Brasil, utiliza-se basicamente o polietileno de baixa
densidade em praticamente todo o País, enquanto na 
Coreia
do Sul
 a definição do tipo de plástico é baseada em estudos de incidência
de luz solar em cada uma das regiões produtoras.
A partir da experiência deles, podemos concluir que não é pertinente
utilizar o mesmo plástico nas condições do Planalto Central e da Amazônia,
visto que os índices de luminosidade são contrastantes. Se a mesma configuração
de estrutura é utilizada de norte a sul do País, é evidente que alguma região
está subutilizando o potencial do sistema produtivo
”, observa o pesquisador.
Em decorrência da baixa latitude, os sul-coreanos adotam plásticos que permitem
maior entrada de luz, mas que, ao mesmo tempo, são resistentes para suportar as
fortes nevascas e os ventos típicos da região.
Soluções simples economizam energia
Outro objetivo dessa cooperação entre Brasil e Coreia, com vigência
estimada até 2016, é promover a utilização de técnicas de baixo gasto de
energia para o controle da temperatura nas estruturas de cultivo protegido do
Brasil. Medidas simples como aumentar a altura do topo da construção, a
cumeeira, podem diminuir a temperatura interna das estufas, uma vez que o ar
quente se desloca para cima e não fica próximo às culturas. Os pesquisadores
concluíram que, em regiões mais quentes, as estruturas devem ter saídas de ar
e, pelo menos, quatro metros de altura em vez da medida convencional de 2,5 m a
três metros de altura. Ar-condicionado, por exemplo, não é uma opção porque,
além de encarecer o custo de produção, também seria mais danoso ao meio
ambiente.
Nas visitas técnicas ao RDA,
observamos inúmeras soluções criativas e baratas para diminuição da temperatura
interna como o uso de tintas laváveis, à base de cal, no plástico das
estruturas durante os períodos de maior luminosidade
”, relata Guedes, ao
destacar também algumas soluções automatizadas como sensores de temperatura e
controles de sombreamento.
Na Coreia do Sul, o investimento em tecnologias de automação e outras soluções
computadorizadas não somente contribuiu para o aperfeiçoamento da agricultura protegida,
como também facilitou a fixação dos jovens nas atividades agropecuárias.
Além de fortalecer a sucessão no campo,
o cultivo protegido tem uma importância estratégica para a segurança alimentar
dos sul-coreanos, tanto que a contrapartida brasileira na cooperação técnica é
a avaliação de soluções tecnológicas em condições tropicais porque eles
acreditam que, com o advento das mudanças climáticas, algumas regiões do país
asiático, especialmente a ilha de Jeju, localizada ao sul da península, ficarão
mais suscetíveis aos extremos de temperatura e precipitação. Para os
pesquisadores coreanos, a experiência da 
Embrapa com agricultura
tropical proporcionará respostas sobre como conduzir o cultivo protegido de
hortaliças em um cenário futuro de aquecimento global.
Preparando-se para mudanças climáticas
Diante de eventos climáticos extremos, o cultivo protegido pode
contribuir para a regularidade da oferta de alimentos. Em relação às
hortaliças, que são culturas sensíveis a alterações climáticas, esse sistema
pode ganhar protagonismo justamente por assegurar a produção em qualquer época
do ano e em regiões com condições ambientais desfavoráveis, tais como: alta
umidade, vento excessivo, grande incidência de pragas, entre outros.
Com o intuito de aprimorar as práticas agrícolas específicas desse
sistema produtivo, a partir do aprendizado adquirido com os sul-coreanos, os
pesquisadores brasileiros pretendem conduzir projetos com foco no
desenvolvimento de um protótipo de estrutura para cultivo protegido que seja
adaptada às regiões mais tropicais do nosso País.
Por meio de parcerias com empresas e
universidades, o objetivo dos pesquisadores é avaliar a utilização de plásticos
biodegradáveis, com maior durabilidade e menor impacto no ambiente, e
desenvolver soluções que permitam o cultivo de hortaliças ao redor de grandes
centros urbanos, de tal forma que as distâncias entre as áreas de produção e de
consumo sejam encurtadas. “A produção em áreas urbanas e periurbanas pode
garantir maior qualidade para o alimento, que será consumido logo após a
colheita, com menor custo para o agricultor, já que os gastos com transporte e
combustível serão reduzidos
”, analisa o pesquisador 
Marcos
Brandão Braga
, responsável pela pesquisa.
Distâncias menores também implicam redução das perdas de hortaliças, um
grande problema ambiental visto que os insumos utilizados para produzir os
alimentos, como água e nutrientes, estão cada vez mais escassos. “Hoje, por
exemplo, o Norte e o Nordeste importam grande parte das hortaliças de estados
de outras regiões do País como São Paulo e Distrito Federal. As longas
distâncias percorridas em caminhões sem refrigeração resultam em menor
qualidade sensorial e durabilidade e, até mesmo, na perda do alimento
”,
alerta o pesquisador Ítalo Guedes, ao sinalizar que o cultivo protegido nas
áreas metropolitanas de Manaus, Belém, São Luís e Teresina seria muito
vantajoso em termos de economia e de segurança alimentar para essas regiões.
Do ponto de vista da sustentabilidade, pode-se também creditar na conta
do cultivo protegido a diminuição das aplicações de produtos químicos, uma vez
que o ambiente isolado dificulta a ocorrência de pragas e doenças. Grande parte
das estruturas de cultivo protegido no Brasil é composta por plástico na parte
superior e telados nas laterais, funcionando como um abrigo contra chuva (rain
shelter) e insetos.
Além da redução de insumos químicos, há considerável economia de água no
cultivo protegido em virtude da menor evapotranspiração. “Estudos realizados
com melão, nas condições do Cerrado brasileiro, indicaram uma redução de 30% a
40% na demanda hídrica da cultura em ambiente protegido
”, quantifica Braga
que imagina que esse percentual se reflete também em outras olerícolas.
Proteção aumenta valor agregado
O cultivo protegido permite que os agricultores ofereçam ao mercado
produtos com boa qualidade visual em períodos de baixa oferta e elevada cotação
dos preços, contribuindo para uma boa rentabilidade, o que justifica o
investimento nas estruturas protegidas. Hortaliças como tomate e pimentão, por
exemplo, possuem alto valor agregado e asseguram um bom retorno financeiro para
o agricultor. Com a possibilidade de se produzir ao longo de todo o ano,
independentemente das condições ambientais, diminui-se a sazonalidade de preços
e o efeito sobre os índices de inflação.
No Distrito Federal, o cultivo
protegido teve um impacto muito positivo. “Há cinco anos, a produção de
morango acontecia somente de junho a outubro. Atualmente, com o uso de túneis
baixos, é possível produzir o ano todo, mesmo nos meses de chuva
”, conta o
agrônomo Antônio Dantas, coordenador de olericultura da 
Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal
(Emater-DF) ao acrescentar que a extensão rural está incentivando o uso
de túneis também para as folhosas e para as brássicas, culturas que sofrem com
o desabastecimento nos períodos chuvosos. Clique no aqui no link 
e confira a reportagem com o pesquisador Ítalo Guedes
sobre cultivo protegido no programa Conexão Ciência.
Estimada em 70 hectares, a área de cultivo protegido no Distrito Federal
cresce a cada ano, principalmente para as culturas de tomate e pimentão. “Para
o produtor, um hectare de tomate custa cerca de 60 mil reais. É um investimento
alto para ficar sujeito às intempéries climáticas. Por isso, o cultivo
protegido desponta como uma tecnologia interessante para garantir estabilidade
na produção e na renda do agricultor
”, opina Dantas, para quem a oferta de
mais produtos na entressafra também é boa para a sociedade, visto que a curva
de variação de preço fica mais atenuada.
Manter competitivo o preço das hortaliças cultivadas em ambiente
protegido é um fator importante, principalmente em um país que precisa
incentivar o consumo desses alimentos. “Calcula-se que, hoje, o brasileiro
consome, em média, 30 quilos de hortaliças por ano. Se comparar com o consumo
sul-coreano, que está na casa de 170 quilos por habitante por ano, o Brasil tem
um longo caminho a percorrer
”, sinaliza o pesquisador Ítalo Guedes.
Em termos de área, também há muito
espaço para crescer. O 
Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de
Plásticos na Agricultura
 (Cobapla) estima que, hoje, o
Brasil possui cerca de 30 mil hectares de cultivo protegido, sendo o País com a
maior área sob esse sistema na América do Sul. Não há dados oficiais sobre a
área de cultivo protegido de hortaliças, mas, em 2007, o 
Serviço
Brasileiro de Respostas Técnicas
 (SBRT) publicou um dossiê técnico
com estimativa de dois mil hectares, aproximadamente, cultivados
predominantemente com pimentão, tomate, pepino e alface.
No mundo, a adoção do cultivo protegido cresceu 400% nas últimas duas
décadas, passando de 700 mil hectares para 3,7 milhões. Esse tipo de sistema
que tem potencial para dobrar a produtividade alcançada em campo aberto,
desponta como uma tecnologia capaz de conciliar produtividade e qualidade em
tempos de condições ambientais potencialmente estressantes que tendem a
comprometer a produção de hortaliças.
Estimada em 70 hectares, a área de cultivo protegido no Distrito Federal
cresce a cada ano, principalmente para as culturas de tomate e pimentão. “Para
o produtor, um hectare de tomate custa cerca de 60 mil reais. É um investimento
alto para ficar sujeito às intempéries climáticas. Por isso, o cultivo
protegido desponta como uma tecnologia interessante para garantir estabilidade
na produção e na renda do agricultor
”, opina Dantas, para quem a oferta de
mais produtos na entressafra também é boa para a sociedade, visto que a curva
de variação de preço fica mais atenuada.
Manter competitivo o preço das hortaliças cultivadas em ambiente
protegido é um fator importante, principalmente em um país que precisa
incentivar o consumo desses alimentos. “Calcula-se que, hoje, o brasileiro
consome, em média, 30 quilos de hortaliças por ano. Se comparar com o consumo
sul-coreano, que está na casa de 170 quilos por habitante por ano, o Brasil tem
um longo caminho a percorrer
”, sinaliza o pesquisador Ítalo Guedes.
Em termos de área, também há muito
espaço para crescer. O 
Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de
Plásticos na Agricultura
 (Cobapla) estima que, hoje, o
Brasil possui cerca de 30 mil hectares de cultivo protegido, sendo o País com a
maior área sob esse sistema na América do Sul. Não há dados oficiais sobre a
área de cultivo protegido de hortaliças, mas, em 2007, o 
Serviço
Brasileiro de Respostas Técnicas
 (SBRT) publicou um dossiê técnico
com estimativa de dois mil hectares, aproximadamente, cultivados
predominantemente com pimentão, tomate, pepino e alface.
No mundo, a adoção do cultivo protegido cresceu 400% nas últimas duas
décadas, passando de 700 mil hectares para 3,7 milhões. Esse tipo de sistema
que tem potencial para dobrar a produtividade alcançada em campo aberto,
desponta como uma tecnologia capaz de conciliar produtividade e qualidade em
tempos de condições ambientais potencialmente estressantes que tendem a
comprometer a produção de hortaliças.


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