Sistema de desinfecção permite reusar água na agricultura

Na Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz
 (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP),
em Piracicaba, o reuso de águas servidos na agricultura tem sido alvo de
estudos. 

Esse
tipo de reuso tem grande aceitação, principalmente quando se trata de redução
de impactos ao meio ambiente. De acordo com Ana Paula
Alves Barreto Damasceno
, autora da tese Desinfecção de águas servidas
através de tratamento térmico utilizando coletor solar
, “essas águas
apresentam como vantagem altos teores de nutrientes que podem ser aplicados em
diversas culturas por meio de diversos métodos de irrigação devendo, em alguns
casos, ser feito apenas a complementação”.
Sistema de desinfecção de água,ESALQ,USP




A primeira etapa foi realizada no Laboratório de Física do Solo e Qualidade da
Água da Esalq, com amostras de água coletadas do Ribeirão Piracicamirim.
Utilizando-se um regulador automático de temperatura, foram realizados testes
sob temperaturas de 45ºC, 50ºC, 55ºC e 60ºC. Para os testes de qualificação e
viabilidade dos ovos de helmintos (vermes parasitários) foi feita coleta de
água residuária proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)
Piracicamirim. Ainda com o uso do mesmo regulador automático procederam-se
testes sob as temperaturas 60ºC, 70ºC, 80ºC, 90ºC e 100ºC durante o período de
uma hora de exposição.


Perante isso, foram realizados testes reduzindo o tempo de exposição das
amostras, obtendo-se como resultado o tempo mínimo de 15 minutos à temperatura
de 60ºC para que fosse alcançado o mesmo resultado obtido com uma hora de
exposição. Nas amostras que foram submetidas ao tratamento e incubadas, apenas
na mostra submetida a 60ºC foi possível a observação de um ovo que se verificou
infértil. Nas demais amostras correspondentes aos outros tratamentos, não foi
possível a recuperação de ovos nas lâminas observadas. 


“O uso do aquecimento solar se mostrou como uma excelente alternativa para
inativação de microrganismos que são prejudiciais à saúde humana, comparando o
que foi observado neste trabalho ao trabalho de outros autores”, garante
Ana Paula. Para finalizar, a pesquisadora sugere que para estudos futuros é
necessário que sejam realizados ensaios por períodos maiores de exposição de
modo que possam ser avaliadas também as características químicas da água.

A orientação do
trabalho de
 Ana Paula
Alves Barreto Damasceno
 foi
do professor
 Tarlei Arriel
Botrel
, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da Esalq, por meio do programa de pós-graduação (PPG) em Engenharia de Sistemas
Agrícolas.


Porém, ela lembra que o fator restritivo para o
aproveitamento dessas águas deve-se à presença de microrganismos nocivos à
saúde e/ou presença de metais pesados que possam causar toxidez. Isso limita
sua aplicação em alguns sistemas pois é necessário verificar em quais culturas
podem ser irrigadas sem que haja danos futuros. A eliminação ou, ao menos
redução desse risco por meio de um tratamento que preserve os nutrientes ali
presentes, transformaria essa água em solução nutritiva pronta para ser
aplicada. “Meu trabalho está sendo apresentado como uma proposta de
reaproveitamento da água residuária para a irrigação, de modo a manter as
características químicas que podem reduzir o gasto com adubação”, explica
a engenheira agrônoma.

Segundo ela, no tratamento de esgotos ocorre a
separação entre o lodo (onde fica retido a maior parte dos resíduos sólidos) e
água. Esta água ainda possui uma grande quantidade de matéria orgânica que pode
ser aproveitada como nutriente para as plantas. No entanto, é necessário que
haja um tratamento que conserve a matéria orgânica e elimine os microrganismos
presentes no esgoto que são prejudiciais à saúde humana. “Com esse
pensamento, o tratamento térmico pode ser visto como uma alternativa eficiente
e sustentável”.
Etapas

Na segunda etapa, realizada em campo, foram empregados
três reservatórios. A água aquecida era conduzida no terceiro reservatório onde
foi instalado um mecanismo que permitiu que o tubo conectado à caixa fosse
movimentado de modo a ficar mais alto ou mais baixo, de acordo com a
temperatura desejada, uma vez que devido a diferença de densidade forçou-se a
passagem da água com temperatura mais elevada. Na sequência, foi realizada a
comparação dos resultados e observou-se que, nas temperaturas de 55ºC e 60ºC, o
tempo de uma hora foi eficiente para eliminar tanto coliformes fecais como Escherichia coli presentes nas amostras em comparação a
amostra de caracterização da água testada.

É possível que durante o processo de limpeza para
redução de resíduos nas provas tenha ocorrido perda de material devido a
desintegração da matéria orgânica presente. No período estudado, na maioria dos
dias, verificou-se que a temperatura alcançada pela placa superou aquela
necessária para inativação dos microrganismos estudados. Assim, é possível
verificar nos dados que houve um alto incremento da temperatura entre entrada e
saída da água na placa.





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