Setor florestal continuará na contramão da economia brasileira: crescerá este ano


                                                                                                      Ascom UFLA


Analistas
acreditam que o lucro líquido do setor este ano deve chegar a R$ 1,7 bilhão,
mesmo com o crescimento menor da China.
O
perfil exportador das indústrias de papel e celulose levou o setor a andar na
contramão da economia brasileira, terminando o último ano com crescimento. Esse
cenário deve permanecer em 2016, apesar da preocupação com a desaceleração da
China.
Analistas
da corretora Socopa avaliam que o aumento dos preços em dólar da celulose no
mercado externo e a expressiva valorização da moeda americana frente ao real
levaram ao forte desempenho da receita líquida do segmento em 2015. Segundo a
média das projeções de mercado reunidas pelo corretora, o faturamento
consolidado do setor soma R$ 7,3 bilhões só no quarto trimestre, resultado 35%
maior ante o mesmo período de 2014.
As
margens da operação das empresas também cresceram, segundo a equipe da Socopa,
porque boa parte dos custos de produção é denominada em real, enquanto a
receita é calculada em dólares. O lucro líquido do setor como um todo deve
alcançar cerca de R$ 1,7 bilhão entre outubro e dezembro, projetaram os
analistas, em relatório.
A
decisão da Klabin de direcionar parte de sua produção para o mercado
internacional foi o que levou a empresa a registrar resultados considerados
sólidos no ano passado. Os volumes de exportação da companhia cresceram 52%
entre o quarto trimestre de 2014 e os últimos três meses de 2015, alcançando
190 mil toneladas.
A
companhia divulgou ontem seus resultados financeiros de 2015, ano no qual
registrou um prejuízo líquido de R$ 1,25 bilhão, mas alcançou um crescimento de
16% em sua receita líquida, que chegou a R$ 5,7 bilhões. A diferença, segundo
os analistas Gabriela Cortez e Victor Penna, do BB Investimentos, se explica
pelo impacto da desvalorização do real e da inflação brasileira sobre os gastos
da empresa com sua dívida e com a compra de energia e combustíveis.
A
International Paper teve lucro líquido de US$ 938 milhões em 2015 ao redor do
mundo. Sobre o mercado brasileiro, a empresa destacou ontem o aumento dos
volumes de venda de papel para imprimir e escrever, por motivos sazonais . Só
no País, o grupo registrou crescimento de 6,9% nas vendas do segmento, para 342
mil toneladas.
Preços pressionados.
Em
relatório, a equipe do BB Investimentos avalia que a demanda por celulose nos
mercados europeu e asiático deve continuar forte em 2016, mas a desaceleração
na China pode afetar os preços da commodity, dificultando a fixação de valores
maiores do que os colocados no ano passado. Desde outubro de 2015, empresas têm
reportado que fabricantes chineses de papel fazem pressão para reduzir os
preços do insumo que entra no País.
Para a
Fibria, entretanto, os movimentos para forçar a redução dos preços do insumo não
refletem a realidade do mercado. “Não acreditamos que a redução dos volumes de
venda de celulose na China seja sustentável”, disse o diretor comercial da
empresa, Henri Philippe van Keer, durante apresentação dos resultados do quarto
trimestre de 2015.
Impulso na demanda.
Segundo
a coordenadora de relações com investidores da Eldorado Brasil, Camila Anker, a
mudança de paradigma na China também pode ser favorável para a indústria de
celulose, uma vez que o país asiático passa a ser mais focado na demanda
interna e promove o aumento de renda da população e uma maior urbanização. “O
que vemos, na verdade, é uma mudança de conduta do governo chinês, que passa a
favorecer o consumo interno, e isso tem efeito positivo para a produção de
papel, sobretudo nos segmentos de imprimir e escrever e sanitários”, diz ela.
A
Eldorado divulgou, na semana passada, um lucro líquido de R$ 280,6 milhões. De
acordo com Camila, o desempenho positivo foi impulsionado também pelas reduções
de custos operacionais obtidas a partir da inauguração de um terminal portuário
em Santos (SP) e da transferência de todas as florestas da companhia para o
Mato Grosso do Sul, mais próximas da linha de produção.
O
mercado fica no aguardo agora do balanço da Suzano, que sai no final do mês. O
mercado projeta que a companhia deve ter obtido receita de R$ 2,8 bilhões no
quarto trimestre e lucro de R$ 497 milhões.
Fonte:
DCI / Adaptado por Painel Florestal
.

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