Série ‘Aruanas’ celebra o ativismo no país onde mais se mata ativistas no mundo

Exercer o ativismo em favor de causas ambientais ou de direitos humanos no Brasil, hoje, pode significar uma sentença de morte. Somos o país que mais mata ativistas ambientais no mundo, segundo estudo feito pela organização Global Witness.

Falar sobre a importância do ativismo é, portanto,
absolutamente urgente e necessário. Especialmente frente ao desmonte da
legislação ambiental e aos crescentes ataques aos direitos individuais
que estamos assistindo no país.

Trago esse assunto aqui para este blog a propósito do lançamento em 150 países da série Aruanas, um projeto desenvolvido em parceria pela Globo e pela Maria Farinha Filmes.
Tive o privilégio de acompanhar parte do processo quando era Diretor de
Engajamento do Greenpeace, que deu assessoria técnica à produção. 

Nesta primeira temporada – disponível na plataforma GloboPlay; ontem (28) a TV Globo exibiu o primeiro episódio-, a série se passa ao redor da luta da ONG Aruanas para expor e evitar a contaminação de uma região da Amazônia por uma empresa de garimpo.  Mas, na verdade, o assunto central de série é o ativismo em si, e mais especificamente o ativismo feminino, poucas vezes abordado. 

Aruanas acompanha a trajetória de quatro mulheres ativistas, das
quais três fundaram a organização e uma se juntou mais recentemente,
como estagiária. Cada uma delas tem um perfil específico e histórias
pessoais que se entrelaçam. 

A série procura acompanhar não apenas o desenrolar da trama
relacionada ao crime ambiental, mas principalmente foca no aspecto
humano, no peso e nas consequências para a vida de cada uma das
protagonistas ao dedicar suas vidas à causa ambiental.
 
 
 Na minha opinião, é absolutamente fundamental humanizar o tema do ativismo para quebrar um pouco a impressão que muitas pessoas têm de que o ativista é alguém fora do normal.  

A série mostra que, na verdade, ativistas são pessoas comuns, como eu
e você, que decidiram empregar seu conhecimento e sua vontade em favor
de um assunto que consideram importante para a coletividade.

Óbvio que ser ativista não significa automaticamente ser uma pessoa do bem.
O ativismo, em si, pode ser usado para tentar avançar muitas agendas do
mal. Não faltam pessoas defendendo a caça às baleias, o armamento da
população, a exploração desenfreada da Amazônia e, até mesmo, a luta contra as vacinas. 

O que importa, portanto, é a intencionalidade, em favor do quê usamos nosso conhecimento e tempo.

Taís Araújo, uma das intérpretes de Aruanas, fala deste paradoxo em
uma entrevista: “o ativista que é ameaçado de morte por defender uma
causa ambiental está lutando pelo bem coletivo, inclusive daquele que o
ameaça”. 


Mais do que tudo, acredito que é importante ter em conta que todos nós podemos e devemos ser ativistas no nosso cotidiano.
Não precisamos criar nossa própria ONG. Podemos atuar no dia-a-dia  e
ser “os outros dos outros”. Ou seja, influenciar nosso entorno pelo exemplo e pela dedicação

Basta lembrar de Greta Thunberg,
a adolescente de 16 anos que, desde 2018, falta à escola toda
sexta-feira para protestar em frente ao parlamento sueco, pedindo ações
concretas e imediatas para frear as mudanças climáticas. Com sua ação simples ela tem inspirado milhões de pessoas mundo afora. 

A palavra aruana, que inspira a série, é de origem tupi e tem o sentido de sentinela. Sentinelas somos todos nós – do bem comum, da vida, da justiça, da natureza.

Que a série Aruanas inspire muitas outras e outros aruanas ao redor do Brasil e do mundo!

Fotos: Divulgação
Fonte: Conexão Planeta 

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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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