Rio Grande do Norte possui quase metade de seu território coberto por florestas


Cerca de 42% do território do Rio Grande do Norte é coberto por florestas. A Caatinga é a paisagem predominante, espalhando-se por 2 milhões de hectares, cerca de 91% do total da cobertura florestal do estado. O restante é ocupado por vegetação da Mata Atlântica, localizada no litoral.

Do total de 167 municípios, 55 apresentam cobertura florestal de 50% a 80%. E 28 municípios apresentam baixa cobertura florestal, com menos de 10% de seus territórios. Coronel Ezequiel e João Dias são os municípios com maiores áreas cobertas por floresta no estado, cerca de 83%.
É o que revelam os resultados do Inventário Florestal Nacional (IFN) no estado, divulgados este mês pelo Serviço Florestal Brasileiro. A extensão dos recursos florestais é um dos principais indicadores sobre a existência e a conservação das florestas.
Além da extensão, o levantamento apresenta a diversidade de espécies de plantas, a qualidade e quantidade dos recursos florestais e a relação da sociedade com as florestas. Para isso, foram coletados dados em 133 pontos distribuídos em todo o estado.
No total, foram medidas 3.091 árvores e palmeiras e coletadas 632 amostras botânicas de espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas e palmeiras para identificação pelo Herbário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Também foram avaliadas a sanidade das árvores, a presença de erosão e vestígios de atividades antrópicas, entre outros dados. O IFN incluiu ainda o levantamento socioambiental, com a realização de entrevistas com 366 moradores do entorno das áreas de coleta de dados. O objetivo é avaliar a percepção da população sobre a importância e o uso dos recursos e serviços das florestas.
Diversidade biológica e saúde das florestas
O levantamento identificou 232 espécies de plantas, entre árvores, arbustos, palmeiras, cactos, lianas e ervas. Dessas, 141 são de árvores e palmeiras. Foi encontrada apenas uma espécie considerada ameaçada, a Amburana cearensis, conhecida popularmente como imburana e cumaru-de-cheiro.
Cerca de 45% das árvores medidas foram consideradas sadias. Outros 34% apresentaram sinais iniciais de deterioração, o que não significa necessariamente comprometimento da saúde da árvore. Apenas 10% possuíam sinais avançados de deterioração e 11% encontravam-se mortas em pé.
Para avaliar a sanidade das florestas, também é observada a presença de atividades humanas que modificam a floresta, como fogo, animais domésticos de grande porte, exploração madeireira, fragmentação e outros usos. Evidências de ações antrópicas foram observadas em 71% dos locais amostrados.
A presença de animais domésticos de grande porte foi observada em 85% das localidades, retratando o uso expressivo do espaço e recursos naturais para criação de animais neste ambiente natural predominado pela vegetação de Caatinga. A segunda ocorrência mais frequente foram os sinais de exploração de madeireira (51%), seguida por sinais de incêndios (47%).
Outro aspecto estudado é a ocorrência de erosão, presente em 31% dos pontos amostrais. Destes, 2% apresentaram ravinas ou voçorocas. Destaca-se a presença de erosão na mesorregião do Oeste Potiguar, especialmente nas regiões de Mossoró e Chapada do Apodi, onde foram observados sinais de processos erosivos em quase a totalidade dos pontos amostrais.
Estoques florestais
Estima-se que existam cerca de 39 milhões de m³ de madeira estocados nas florestas potiguares. Essa estimativa é obtida a partir da medição do diâmetro e altura das árvores. A partir desse dado, são estimados também a biomassa e o estoque de carbono.
A biomassa encontra-se armazenada em diferentes compartimentos das florestas, compreendendo a biomassa viva acima do solo (folhas, galhos, casca e lenho), a subterrânea (raízes vivas), a necromassa, a serrapilheira e a matéria orgânica do solo, que inclui as partes já decompostas. Assim, a biomassa total da floresta é dada pela soma de todos esses componentes, tornando possível a quantificação do estoque de carbono equivalente, estimado em cerca de 183 milhões de toneladas armazenadas nas florestas do estado.
Floresta e sociedade
O levantamento também visa identificar a percepção das pessoas que vivem dentro ou próximas às áreas de floresta e os produtos e serviços mais utilizados. Cerca de 49% dos entrevistados utilizam produtos florestais para complementar sua renda. Para 27% dessas pessoas, essa contribuição é considerada superior a 50% da renda, enquanto que, para o restante (22%), a participação dos produtos florestais varia de 10% a 50% da renda.
Do total de entrevistados, 67% afirmaram fazer uso de produtos florestais madeireiros e quase 60%, de produtos não madeireiros. Entre os madeireiros, os principais produtos usados são moirão, estaca e lenha e, entre os não madeireiros, cascas, frutos e mel.
As espécies florestais mais utilizadas são a jurema, marmeleiro e ameixa-do-mato. Também são amplamente usados os frutos e cascas do cajueiro, as cascas da aroeira, do cumaru e da quixabeira.
Dos entrevistados, 52% afirmaram utilizar algum serviço da floresta. Desses, 100% citaram o uso para criação de animais domésticos. Também é frequente no Rio Grande do Norte a utilização dos serviços das florestas para manutenção da saúde (54%) e para proteção da água e nascentes (36%).
A implementação do Inventário Florestal Nacional no Estado do Rio Grande do Norte foi feita pelo Serviço Florestal Brasileiro com recursos oriundos do projeto Global Environment Facility (GEF), administrados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Os resultados estão disponíveis no site do Serviço Florestal Brasileiro.


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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