Os seres humanos são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta, de acordo com relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC sigla em inglês, publicado nesta segunda-feira (9).
É a primeira vez que o IPCC – um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) – quantifica a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura na Terra.
A conclusão é um dos pontos do documento nomeado “Climate Change 2021: The Physical Science Basis“, que apresenta ainda os seguintes destaques:
- Papel da influência humana no aquecimento do planeta é inequívoco e inquestionável;
- Mudanças recentes no clima não têm precedentes ao longo de séculos e até milhares de anos;
- Todas as regiões do globo já são afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global;
- Cada uma das últimas quatro décadas foi sucessivamente mais quente do que qualquer outra década que a precedeu desde 1850;
- Temperatura vai continuar a subir até meados deste século em todos os cenários projetados para as emissões de gases de efeito estufa;
- Aquecimento de 1,5°C a 2°C será ultrapassado ainda neste século se não houver forte e profunda redução nas emissões de CO² e outros gases de efeito estufa
- Reduções fortes e sustentadas na emissão de dióxido de carbono (CO²) e outros gases de efeito estufa ainda podem limitar as mudanças climáticas;
- Caso as reduções ocorram, ainda pode levar até 30 anos para que as temperaturas se estabilizem.
Os dados integram a primeira das três etapas do relatório do IPCC. As duas próximas publicações abordarão como lidar com o aquecimento e quais as estratégias para evitar um aumento ainda maior da temperatura.
No entanto, o texto desta segunda-feira deve ser o único divulgado antes da Conferência das Partes (COP26), prevista para novembro em Glasgow, na Escócia.
Meta de 1,5°C para barrar devastação
O relatório indica que o impacto da ação humana já está perto do limite de 1,5ºC de aumento da temperatura global que foi definido em 2015 durante a COP21, no Acordo de Paris. À época, os países presentes se comprometeram com algumas metas para conseguir barrar as mudanças do planeta, incluindo o Brasil, que diz querer atingir a neutralidade nas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2060.
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A pesquisadora Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das participantes do grupo de trabalho da terceira parte do relatório do IPCC, alerta que os dados exigem uma resposta urgente.
“1,07°C é a estimativa média entre 0,8ºC e 1,3ºC. O valor de 1,3ºC nos coloca bem próximos da meta de 1,5ºC do Acordo de Paris para 2100. Ou seja, a urgência é evidente para trabalhar nas causas do aquecimento”, disse Bustamante.
A especialista diz que um ponto importante a destacar é que está mais quente “em sistemas terrestres (onde vive a população) do que nos oceanos, pois a água segura mais as variações de temperatura”. A alta da temperatura total do planeta, com influência humana e com a variação do próprio sistema climático, é de 1,09ºC (variação de 0,95ºC a 1,20ºC).
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