Desde o início da agricultura, a expansão de áreas para cultivo e pastagem tem sido uma prioridade humana, muitas vezes ignorando as consequências ambientais. Nos últimos 300 anos, essa prática resultou na perda de 1,5 bilhão de hectares de florestas, uma área quase equivalente a dois Canadás. Diante desse cenário, especialistas afirmam que o simples ato de plantar árvores não é suficiente para reverter a degradação ambiental e promover um reflorestamento eficaz.
No Brasil, a Mata Atlântica, que originalmente cobria grandes áreas, hoje ocupa apenas 24% de sua extensão original. Em nível global, o relatório State of Europe’s Forest 2020 revela que apenas 2,2% das florestas originais da Europa permanecem intactas. O desmatamento tem causado graves problemas ambientais, como perda de biodiversidade, desertificação e maior risco de inundações.
Desde a Segunda Guerra Mundial, diversas iniciativas de reflorestamento foram implementadas, ganhando força no século XXI. A conscientização sobre os benefícios das árvores para mitigar as mudanças climáticas e capturar carbono fez com que a área de florestas plantadas crescesse de 170 milhões de hectares em 1990 para 293 milhões em 2020.
No entanto, muitas dessas iniciativas são utilizadas como “maquiagem verde” por grandes corporações, criando uma fachada de responsabilidade ambiental enquanto mantêm pegadas de carbono elevadas. Sem pesquisa e planejamento adequados, o plantio de árvores pode, na verdade, prejudicar os ecossistemas.
Como a tecnologia de Drones e uso de IA pode acelerar o reflorestamento
Freqüentemente, essas plantações são feitas em monoculturas, ou seja, com apenas uma espécie de árvore. Isso reduz a biodiversidade e aumenta a vulnerabilidade a doenças que podem dizimar vastas áreas. Além disso, o uso de espécies exóticas pode causar desequilíbrios em ecossistemas locais.
No projeto Treewilding, o ecólogo Jake Robinson explora formas de proteger florestas contra o desmatamento e restaurar áreas degradadas, defendendo uma abordagem mais informada e integrada. Segundo ele, é crucial que reguladores compreendam as complexas interações entre árvores, pessoas, animais e microrganismos.
Forrest Fleischman, especialista em políticas florestais, ressalta a importância dos povos indígenas nesse processo. Ele usa a Amazônia como exemplo, destacando como o conhecimento tradicional dos povos nativos ajuda a preservar a integridade ecológica da floresta, que por sua vez sustenta a vida e a cultura dessas comunidades.
Em vez de apenas “plantar árvores”, Fleischman sugere “cultivá-las”, entendendo as espécies adequadas para cada região e suas interações com o ambiente local. Projetos como o “Great Green Wall”, que pretende criar uma barreira verde de 8.000 quilômetros ao longo do Saara, e o “Gondwana Link”, na Austrália Ocidental, que reconecta fragmentos florestais, exemplificam essa abordagem. Embora promissores, enfrentam desafios, especialmente no financiamento.
Robinson também explora o campo da ecoacústica, utilizando sons da fauna para monitorar a biodiversidade. Em colaboração com Carlos Abrahams, ele estuda a diversidade de invertebrados no solo como indicador da regeneração florestal, revelando uma “orquestra oculta de vida” à medida que as florestas se recuperam.
Fonte: Super.
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