Quase metade do território da Amazônia Legal está sob algum tipo de proteção ambiental — um dado que evidencia tanto a amplitude das áreas preservadas quanto os desafios de assegurar sua conservação de forma efetiva. De acordo com levantamento divulgado nesta quarta-feira (12), durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46,6% da área da região é composta por Áreas Protegidas, que englobam Unidades de Conservação (UCs), terras indígenas e territórios quilombolas oficialmente reconhecidos.

Ao todo, são 1.053 territórios protegidos, somando 2,3 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 27,46% do território brasileiro. O estudo integra a atualização da base geoespacial das Áreas Protegidas do Brasil e traz um panorama detalhado sobre a distribuição territorial, as categorias de manejo e o reconhecimento fundiário dessas áreas.
As Unidades de Conservação correspondem a 430 áreas na Amazônia Legal, com 1,2 milhão de km² de extensão continental e 26,4 mil km² de área marinha. Dessas, 171 (39,77%) são de proteção integral, destinadas à preservação dos ecossistemas e restritas à pesquisa científica e ao turismo controlado. Outras 259 (60,23%) são de uso sustentável, permitindo atividades humanas compatíveis com a conservação da biodiversidade.
Apesar da extensão sob proteção, o estudo destaca que a conservação efetiva dessas áreas enfrenta desafios contínuos, como pressões por desmatamento, atividades ilegais e a necessidade de fortalecimento da gestão territorial e ambiental. Para o IBGE, os dados reforçam a importância de políticas integradas que unam conservação, reconhecimento fundiário e inclusão social das populações que vivem e dependem dessas áreas.
A Amazônia Legal brasileira é uma região de aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados, que engloba a totalidade dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de partes dos estados do Maranhão e do Mato Grosso. O avanço da proteção formal, embora significativo, ainda precisa ser acompanhado de investimentos em gestão, fiscalização e valorização das comunidades tradicionais, para que o território protegido se traduza em floresta conservada.

Povos e territórios
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou que as 378 terras indígenas da Amazônia Legal ocupam uma área de 1,15 milhão de km² — quase a extensão territorial do Pará, que tem 1,24 milhão de km². Nessas terras vivem cerca de 428 mil pessoas, das quais 94,29% se autodeclaram indígenas. A população da região representa 62,09% de todos os habitantes de terras indígenas do país, segundo o levantamento.
O estudo também identificou as chamadas localidades indígenas, definidas como aglomerados com pelo menos 15 pessoas indígenas, estejam ou não em áreas oficialmente demarcadas. A Amazônia Legal concentra 6,8 mil dessas localidades, o equivalente a 78,82% do total nacional. Destas, 78,40% estão dentro de terras indígenas.
Além disso, o IBGE aponta que a Amazônia Legal abriga 245 territórios quilombolas oficialmente delimitados, que ocupam uma área de 27,2 mil km² — praticamente o tamanho do estado de Alagoas.
Com base no Censo 2022, foi possível identificar 3,1 mil localidades quilombolas na região, formadas por grupos de ao menos 15 pessoas vivendo próximas. Esse número representa 36,82% das localidades quilombolas existentes em todo o país.
Nesses territórios vivem cerca de 92 mil pessoas, das quais 11,49% não se autodeclaram quilombolas. Os moradores dessas áreas correspondem a 45,09% de toda a população residente em territórios quilombolas no Brasil.
Os dados divulgados podem ser acessados em: Publicação – Áreas Protegidas.pdf – IBGE Drive
Fonte: Agência Brasil
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