A simples proclamação de “adote seu copo” já não basta — hoje, para ser credível, um evento que fala de sustentabilidade precisa prová-lo na prática. E é nesse ponto que o setor de eventos corporativos enfrenta uma virada estratégica: deixar de adotar apenas gestos simbólicos e avançar para operações que minimizem impactos, fomentem inovação e conduzam uma real transformação ambiental.
Durante décadas, o discurso verde foi suficiente para dar um ar de responsabilidade às grandes feiras e congressos. Bastava oferecer copos reutilizáveis, sacolas de pano e dispensar o uso de papel. Mas o mundo mudou — e com ele, a expectativa de um público que exige coerência. Ser sustentável hoje significa medir, reduzir e compensar impactos de forma concreta, indo muito além da estética ecológica.
Francal dá passo concreto ao publicar relatório com padrão GRI e resultados ambientais
Esse novo paradigma começa a se consolidar entre as grandes promotoras de eventos. É o que aponta o Relatório de Sustentabilidade elaborado pela Francal, maior promotora de eventos de negócios 100% brasileira, deu um passo importante ao lançar seu primeiro relatório deste tipo, em conformidade com os padrões da Global Reporting Initiative (GRI 2021). O documento, que cobre todas as operações do grupo no Brasil entre janeiro e dezembro de 2024, inaugura uma prática anual de prestação de contas e consolida uma trajetória iniciada há mais de uma década, quando a empresa implantou a gestão de resíduos em seus eventos.

Desde então, essa jornada evoluiu com ações que vão desde o monitoramento das emissões de gases de efeito estufa, iniciado em 2017, até a instalação de painéis solares no escritório da companhia em 2023 e a criação do Comitê ESG no mesmo ano. Os números mostram resultados expressivos: foram 448 toneladas de resíduos sólidos gerados em 2024, com metade destinada à reciclagem ou reutilização em cooperativas homologadas. A redução no consumo de energia chegou a 28,2 megawatts-hora, obtida por meio da geração solar própria, enquanto 8,3 mil metros cúbicos de água foram monitorados ao longo do período. Pela primeira vez, as emissões de gases de efeito estufa foram contabilizadas e apontaram uma redução de 3,67 toneladas de CO₂ equivalente, sinalizando um compromisso crescente com a gestão ambiental responsável.
Esses avanços refletem uma mudança de mentalidade. A sustentabilidade da Francal não está restrita a campanhas ou ações pontuais, mas incorporada à estratégia de negócio e à governança. “Este é mais do que um balanço de resultados. Ele simboliza nosso compromisso em dar transparência às práticas que já fazem parte do nosso DNA e projetar o futuro de forma responsável e inovadora”, afirmou o CEO Fernando Ruas, ao comentar o lançamento do relatório.
Mais do que reduzir impactos: diversidade, ética e transparência
No campo social, a promotora manteve em 2024 uma composição majoritariamente feminina em seu quadro funcional — 71% dos colaboradores são mulheres, metade delas em cargos de liderança, com equidade salarial entre gêneros. Além disso, os gestores receberam em média 30 horas de treinamento durante o ano, e os demais colaboradores participaram de programas de capacitação com cerca de nove horas anuais por pessoa. O sistema de saúde e segurança ocupacional, baseado na ISO 45001, registrou apenas um acidente com afastamento e dois casos de burnout, ambos acompanhados por suporte médico, o que reforça o compromisso com o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho.
Na esfera da governança, o relatório revela uma estrutura sólida e transparente. Liderada por um CEO e um co-CEO, a Francal mantém um Comitê ESG composto por 13 membros que se reúnem mensalmente para acompanhar metas e resultados. A política de compras da empresa prioriza fornecedores locais — mais de 93% das aquisições são realizadas no estado de São Paulo —, o que fortalece cadeias regionais e reduz emissões associadas à logística. Todos os contratos incluem cláusulas que proíbem práticas como trabalho infantil, condições análogas à escravidão e discriminação. O Manual do Expositor, distribuído aos parceiros e prestadores, estabelece orientações éticas e sociais, reforçando a importância de condutas responsáveis em todos os níveis da cadeia produtiva.
O relatório ainda apresenta uma matriz de materialidade desenvolvida em conformidade com a GRI 3, que destaca como temas prioritários a gestão de resíduos, a mitigação das mudanças climáticas, a diversidade e inclusão, a saúde ocupacional e a transparência nas práticas de governança. As metas para os próximos anos incluem a implementação de uma política de compras sustentáveis, o avanço no inventário de emissões, o uso de embalagens de baixo impacto e o fortalecimento da proteção de dados e da segurança cibernética — uma demonstração de que sustentabilidade e inovação caminham juntas.
O desafio dos eventos: do discurso à prática
Nos últimos anos, a indústria de eventos incorporou o vocabulário ambiental ao seu marketing. Frases como “evento neutro em carbono”, “sem plástico” ou “traga seu próprio copo” tornaram-se quase obrigatórias. No entanto, a verdadeira transformação ocorre quando o evento é concebido desde o início para ser sustentável — desde a escolha do espaço e da matriz energética até o gerenciamento de resíduos e o impacto social gerado.
Ser sustentável, no contexto atual, é planejar o transporte de participantes de forma a reduzir emissões, escolher fornecedores com práticas éticas, reaproveitar materiais de montagem, medir o consumo de energia e de água, e garantir que o evento deixe um legado positivo na comunidade. Trata-se de um processo contínuo de melhoria, em que a transparência é tão importante quanto os resultados.
A própria Francal tem apostado em iniciativas que extrapolam o momento das feiras. Por meio do movimento Wellnow, a empresa busca transformar seus eventos em ecossistemas de bem-estar que se estendem ao longo do ano, conectando expositores, consumidores e parceiros por meio de relatórios de tendências, podcasts, circuitos regionais e premiações voltadas à sustentabilidade e ao consumo consciente.
O futuro dos eventos corporativos será verde por essência
O relatório da Francal reflete um movimento mais amplo no setor: a sustentabilidade deixou de ser uma pauta periférica e se tornou parte do próprio modelo de negócio. Patrocinadores e clientes já não se contentam com slogans ou gestos simbólicos — eles exigem métricas, coerência e transparência.
O mercado de eventos corporativos caminha para um novo patamar, em que a sustentabilidade é vista como requisito competitivo e não como diferencial de imagem. Os próximos anos tendem a consolidar o que alguns especialistas chamam de “sustentabilidade nativa”, na qual práticas ambientais, sociais e de governança são integradas desde o planejamento até a execução.
Quem permanecer apenas no discurso corre o risco de ser visto como superficial. Já os que investirem em eventos verdadeiramente sustentáveis — com metas, mensuração e engajamento real — ganharão legitimidade, relevância e vantagem em um mercado que finalmente começa a exigir coerência.
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