Proteção Insuficiente: Áreas de Alta Biodiversidade em Zonas Protegidas Sofrem Degradação Acelerada

Cerca de 25% das áreas de maior biodiversidade global estão dentro de zonas protegidas, mas a qualidade dessas regiões está deteriorando mais rapidamente do que áreas não protegidas, conforme uma nova análise do Museu de História Natural (NHM) de Londres.

Mata Atlântica do Parque Nacional do Alto Cariri Guaratinga, na Bahia — Foto: Marcelino Dias/Flickr/Creative Commons

Os pesquisadores examinaram o Índice de Integridade da Biodiversidade, que mede a saúde da biodiversidade como uma porcentagem em relação às pressões humanas, e descobriram que ele caiu 1,88 pontos percentuais globalmente entre 2000 e 2020.

No caso das áreas protegidas, a perda de biodiversidade foi de 2,1 pontos percentuais, superando as áreas críticas não protegidas, que sofreram um declínio de 1,9 pontos percentuais no mesmo período.

Os autores sugerem algumas razões para esse fenômeno. Em muitos casos, as áreas protegidas foram designadas para preservar espécies específicas de interesse, sem contemplar o ecossistema como um todo. Em outros casos, essas regiões já estavam degradadas antes de serem protegidas.

“A meta 30×30 atraiu muita atenção – como deveria – e se tornou um dos principais objetivos nas negociações de biodiversidade da ONU, mas queríamos entender se ela realmente atingiria o propósito”, explicou Gareth Thomas, chefe de inovação em pesquisa do NHM, referindo-se ao compromisso assumido na COP15 de proteger 30% das terras, águas doces e oceanos até 2030.

Thomas acrescentou: “A maioria das pessoas provavelmente assume que uma área designada como ‘protegida’ realmente protege a natureza. No entanto, nossa pesquisa mostrou que não é sempre o caso”.

Segundo Thomas, “as proteções atuais não são rigorosas o suficiente”. Ele alerta que os países devem manter o foco no objetivo 30×30, intensificando esforços para conservar as áreas que fornecem serviços ecossistêmicos vitais.

Conforme reportagem do The Guardian, concessões de petróleo, gás e mineração ameaçam importantes áreas de biodiversidade, incluindo territórios indígenas. No parque nacional Conkouati-Douli, na República do Congo, mais de 65% da área é coberta por concessões de petróleo e gás, segundo dados da Earth Insight.

Além disso, pelo menos 254.000 km² de áreas protegidas na Amazônia, na bacia do Congo e no sudeste asiático estão em risco devido à exploração de combustíveis fósseis, assim como 300.000 km² de territórios indígenas na floresta amazônica.

“É urgente superar a abordagem de simplesmente expandir as áreas protegidas para cumprir a meta 30×30. Nossa análise mostra que isso, por si só, não resultará automaticamente em benefícios para a biodiversidade e os ecossistemas”, destacou Emma Woods, diretora de política do NHM.

Thomas concluiu: “Ministros e formuladores de políticas precisam entender que não se trata apenas de atingir uma meta numérica”.

Fonte: Um só Planeta


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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