O valor da produção florestal atingiu um recorde de R$ 33,7 bilhões, representando um aumento de 11,9%, e abrangeu 4.884 municípios, em 2022. Notavelmente, a produção da silvicultura (florestas plantadas) continuou a superar a extração vegetal, mantendo essa tendência desde 1998. A silvicultura manteve sua trajetória de crescimento dos últimos anos, atingindo um valor de R$ 27,4 bilhões, refletindo um crescimento de 14,9% em comparação com o ano anterior, quando o valor alcançou R$ 23,9 bilhões.
Por outro lado, a extração vegetal permaneceu praticamente estável, com uma variação de apenas 0,2% em relação ao ano anterior, após ter crescido 31,5%. O valor da produção em 2022 foi de R$ 6,2 bilhões. Esses dados foram divulgados hoje (27) pelo IBGE, na Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) de 2022.
Segundo o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, “A extração vegetal teve um crescimento significativo em 2021, atingindo 31,6%. Em 2022, com essa base de comparação elevada, permaneceu praticamente estável, com uma variação de 0,2%. Enquanto isso, a silvicultura manteve seu movimento de crescimento, que começou em 2020.”
Ele observa que a tendência de aumento da participação da silvicultura no valor de produção do setor, com a redução da participação do extrativismo vegetal, continua. Isso não significa que a extração vegetal esteja diminuindo, mas sim que o valor dos produtos da silvicultura está em constante crescimento.
Ao analisar regionalmente, destacam-se as seguintes atividades: no Sudeste, a plantação de eucalipto é proeminente; no Sul, o pinus predomina; no Nordeste, o extrativismo madeireiro e o grupo de produtos alimentícios e ceras se destacam; no Norte, o extrativismo madeireiro e a produção de açaí têm relevância; e no Centro-Oeste, a plantação de eucalipto e o extrativismo madeireiro são as principais atividades.
Em 2022, houve um aumento de 0,1% na área de florestas plantadas no Brasil, equivalente a 8,1 mil hectares adicionais. A área total dedicada à silvicultura atingiu 9,5 milhões de hectares, dos quais 7,3 milhões, ou 77,3%, são ocupados por plantações de eucalipto, principalmente destinadas à indústria de celulose. Combinadas, as plantações de eucalipto e pinus cobrem 96,0% das áreas destinadas a cultivos florestais comerciais no país.
Apenas as regiões Sudeste (0,4%) e Centro-Oeste (5,5%) apresentaram crescimento em 2022, enquanto a Região Sul, que representa 32,4% das áreas de cultivo de pinus e eucalipto no país, registrou uma redução de 1,1%.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a celulose ocupou a décima primeira posição no ranking das exportações totais do país em 2022 (2,5%), com 19,8 milhões de toneladas exportadas, gerando 8,4 bilhões de dólares, o que representa um aumento de 24,6%. O setor de madeira em tora destinada à produção de papel e celulose mantém sua tendência de crescimento, atingindo um valor de R$ 9,0 bilhões, um aumento de 25,5% no valor da produção, após o crescimento de 24,4% registrado em 2021.
O pesquisador destaca: “O Brasil é o maior exportador mundial de celulose, e a produção de madeira em tora para papel e celulose alcançou um recorde em 2022, atingindo 99,7 milhões de metros cúbicos. O segundo maior volume da série havia sido registrado em 2018, quando a produção alcançou 92,7 milhões de metros cúbicos.”
Relacionado: Eucalipto: espécies, clones, mitos e verdades | Florestal Brasil
A participação dos produtos madeireiros chegou a 96,0% do valor da produção florestal. O conjunto dos produtos madeireiros originados em áreas destinadas a cultivos comerciais registrou um aumento de 15,5% no valor da produção, enquanto naqueles provenientes da extração vegetal houve uma redução de 0,8%. Isso confirma a tendência de crescimento dos produtos madeireiros da silvicultura e a estabilidade da extração vegetal desde 2021.
Entre os produtos madeireiros da silvicultura, houve um crescimento notável no valor da produção em todos os grupos, com destaque para a lenha, que registrou um aumento de 33,4%. O valor da produção da madeira destinada à fabricação de papel e celulose cresceu 25,5%; o carvão vegetal, 6,8%; e a madeira em tora para outras finalidades, 5,6%.
Após anos de retração na extração vegetal, a série histórica registrou aumentos em 2019 (6,9%), 2020 (6,3%), 2021 (31,5%), e em 2022, o aumento foi de apenas 0,2%, devido à alta base de comparação. Enquanto os produtos madeireiros representam a quase totalidade do valor da produção da silvicultura (96,0%), na extração vegetal, esse grupo corresponde a 63,1%, seguido pelos produtos alimentícios (30,4%), ceras (4,4%), oleaginosos (1,5%) e outros (0,6%).
Minas Gerais é lider na Silvicultura
Em relação à silvicultura, Minas Gerais mantém a posição de destaque como o estado com o maior valor de produção, atingindo R$ 7,5 bilhões em 2022, o que representa um crescimento de 2,6%. Esse valor corresponde a 27,3% do total da produção silvicultural no país. Além disso, Minas Gerais lidera como o principal produtor de carvão vegetal, contribuindo com 87,7% do volume nacional.
O estado do Paraná ocupa o segundo lugar em valor de produção de florestas plantadas, alcançando R$ 4,8 bilhões. Além disso, é o terceiro maior produtor de madeira em tora destinada à produção de papel e celulose, contribuindo com 16,3% da produção nacional. Nesse setor, houve um aumento de 3,0%, resultando em 16,2 milhões de metros cúbicos produzidos, e o valor da produção cresceu 2,4%, atingindo R$ 1,7 bilhão. O Paraná também se destaca na produção de madeira em tora para outras finalidades, atingindo 20,9 milhões de metros cúbicos, representando 35,7% do total nacional, o que o mantém como o maior produtor do país.
Em relação à área plantada, Minas Gerais continua a liderar com a maior extensão coberta por espécies florestais plantadas em todo o país, abrangendo 2,1 milhões de hectares. Isso representou um aumento de 0,3% em relação ao ano anterior, com a grande maioria da área dedicada ao cultivo de eucalipto. São Paulo ocupa o segundo lugar em termos de área de florestas plantadas, com 1,2 milhão de hectares, sendo que 80,8% dessas áreas são destinadas ao plantio de eucalipto. Vale ressaltar o crescimento da área plantada no Mato Grosso do Sul, que atingiu 1,2 milhão de hectares, representando um crescimento notável de 13,2%, com a maioria dessa área também dedicada ao cultivo de eucalipto.
No Brasil, entre os 10 municípios com as maiores áreas de florestas plantadas, cinco estão localizados em Mato Grosso do Sul, três em Minas Gerais, um no Rio Grande do Sul e um na Bahia.
Destacando-se, quatro municípios em Mato Grosso do Sul ocupam as principais posições em termos de área de florestas plantadas no país. Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo lideram a lista, com as maiores áreas de florestas plantadas, totalizando 264,2 mil hectares e 251,3 mil hectares, respectivamente. Em Minas Gerais, o município de João Pinheiro se destaca como o líder em termos de área plantada com florestas, sendo toda essa área dedicada ao cultivo de eucalipto. Na Bahia, o município de Caravelas é o destaque, enquanto no Rio Grande do Sul, Encruzilhada do Sul possui áreas quase igualmente divididas entre eucalipto e pinus.
Paraná à frente na produção de lenha
No que diz respeito à produção de lenha originada em florestas plantadas, o Paraná lidera, contribuindo com aproximadamente 26,3% do total nacional, alcançando uma estimativa de 13,9 milhões de metros cúbicos. Em seguida, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de lenha, com 11,5 milhões de metros cúbicos, representando 21,8% do total nacional. A Região Sul como um todo responde por 63,2% da produção de lenha no país.
Os três maiores municípios na Silvicultura
O município de General Carneiro, no Paraná, assume a liderança no ranking de valor de produção na silvicultura, alcançando um total de R$ 625,8 milhões em 2022. Isso reflete um aumento de 10,2% na quantidade de madeira em tora destinada à produção de papel e celulose e um crescimento significativo de 35,3% no valor total da produção. A produção de madeira em tora para outras finalidades também cresceu 8,8%, contribuindo para um aumento de 30,6% no valor de produção.
O município de Telêmaco Borba, no Paraná, ocupa a segunda posição no ranking de valor da produção na silvicultura, atingindo R$ 524,5 milhões, com destaque para sua produção de lenha, que alcançou 584,7 mil metros cúbicos e gerou R$ 27,4 milhões, representando um notável crescimento de 667,4%.
João Pinheiro, em Minas Gerais, que liderou o ranking em 2021, ocupa o terceiro lugar no valor da produção na silvicultura, gerando R$ 497,5 milhões. Este município se destaca nacionalmente na produção de carvão, com 437,8 mil toneladas, apesar de uma redução de 7,8% no volume em comparação com o ano anterior. Outro município notável no setor da silvicultura é Encruzilhada do Sul, no Rio Grande do Sul, ocupando a quarta posição em valor de produção, com R$ 395,0 milhões.
Extração vegetal cresceu 0,2% e gerou R$ 6,2 bilhões
Em relação à extração vegetal, o valor da produção aumentou em 0,2% em 2022, totalizando R$ 6,2 bilhões. Entre os grupos de produtos que compõem a exploração extrativista, houve uma diminuição no valor da produção nos grupos de Madeireiros (0,8%), Ceras (6,8%), Fibras (3,4%) e Nó de pinho (28,8%).
O grupo dos produtos madeireiros, que possui a maior participação no valor da produção na extração (63,1%), registrou uma pequena redução de 0,8%, após um aumento expressivo de 37,9% em 2021. Isso indica uma tendência de substituição gradual da exploração extrativista de madeira por produtos originados em florestas cultivadas. Em 2022, houve aumentos no valor da produção de carvão vegetal (11,0%) e lenha (14,4%), mas uma redução no valor da produção de madeira em tora (5,7%), resultando em um total de R$ 3,9 bilhões para esse grupo de produtos, 0,8% menor em comparação com 2021.
Os estados de Mato Grosso e Pará desempenharam um papel significativo na produção de madeira em tora, respondendo por 71,4% da quantidade total extraída e representando 83,4% do valor de produção desse produto. O Pará superou o Mato Grosso como o maior produtor, atingindo 4,7 milhões de metros cúbicos, o que representou um aumento de 22,7% na extração de madeira em tora.
O valor de produção mais elevado entre os produtos não madeireiros é mantido pelo açaí e pela erva-mate.
No que diz respeito ao carvão vegetal extrativo, o Pará lidera como o maior produtor, registrando um crescimento impressionante de 88,2% e atingindo 139,4 mil toneladas, o que corresponde a 29,9% do total nacional.
Em 2022, a soma do valor da produção de produtos extrativos não madeireiros teve um crescimento de 1,9%, totalizando R$ 2,3 bilhões. O açaí, com R$ 830,1 milhões, e a erva-mate, com R$ 648,5 milhões, são os produtos que mais contribuem para o valor de produção nesse grupo. No segmento de produtos alimentícios, o açaí, a erva-mate, a castanha-do-pará (ou castanha-do-brasil), o pequi (fruto) e o pinhão representam, respectivamente, 43,8%, 34,2%, 9,0%, 2,7% e 2,7% do total do valor de produção.
A pesquisa
A Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) de 2022 fornece informações sobre a área, quantidade produzida e valor da produção provenientes da exploração de florestas plantadas (silvicultura) e dos recursos vegetais naturais (extrativismo vegetal). Ela abrange 37 itens no extrativismo vegetal, com foco em produtos como madeireiros, alimentícios, ceras e oleaginosos. Na silvicultura, a pesquisa investiga sete produtos, incluindo carvão vegetal, lenha, madeira em tora e resina.
Fonte: IBGE.
Descubra mais sobre Florestal Brasil
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.