O primeiro dia oficial da COP30 em Belém não foi apenas mais um marco na agenda climática global — foi um choque. Foi o dia em que caiu definitivamente a máscara da “diplomacia decorativa” e a conferência passou a encarar — sem anestesia — a urgência brutal do tempo real.

E o impacto foi imediato.
A COP da Amazônia começou com o número mais simbólico da história recente das negociações climáticas: 110 países já apresentaram NDCs atualizadas, um salto impulsionado principalmente pela submissão individual dos 27 países da União Europeia. Esse detalhe técnico — que parece burocracia — é um ponto de virada: significa que já 71% das emissões globais estão formalmente sob revisão e meta, pelo menos “no papel”.
Mas no palco — o tom foi outro.
Belém não abriu a COP com celebração — abriu com cobrança.
Lula faz confronto direto: “quem paga guerra também pode pagar clima”
O presidente brasileiro não suavizou. O discurso carregou munição política — e não diplomática — contra o grupo que ainda tenta relativizar o caos climático.
E o recado teve nome.
Lula não fugiu do confronto com Donald Trump — e tratou o negacionismo não apenas como ignorância, mas como agente ativo de atraso geopolítico.
E foi duro: como justificar países gastando centenas de bilhões em tecnologia militar e polimento bélico — enquanto afirmam que não há recursos para financiar adaptação, mitigação e transição energética?
A mensagem foi clara:
o problema nunca foi falta de dinheiro — mas falta de prioridade.
A COP da Implementação começa com o dedo na ferida
Belém está sendo chamada de COP da Implementação — e hoje ficou claro o motivo.
Este não é mais um encontro para “definir intenções”.
É o encontro que precisa responder a 4 perguntas reais e práticas, já colocadas logo no primeiro dia:
1) Como acelerar a transição energética usando dinheiro real — inclusive o dinheiro do petróleo?
2) Como tirar o carbono florestal da promessa e transformar em política pública mensurável?
3) Como cortar emissões sem empurrar custos para o Sul Global que já está sangrando com eventos extremos?
4) Como parar de financiar a crise — enquanto se discute como mitigá-la?
Este é o ponto central:
o mundo ainda subsidia combustíveis fósseis ao mesmo tempo que “tenta” mitigá-los.
Isso é sabotagem institucionalizada.
E Belém expôs isso logo no primeiro ato.
A Amazônia como palco moral — e geopolítico
Nunca a floresta foi tão mais que floresta.
Hoje, ela é:
- símbolo de limite planetário
- ativo climático
- termômetro de credibilidade
- e principalmente: linha vermelha de reputação internacional
Belém não está recebendo a COP — Belém está testando o mundo.
E o mundo sabe que não tem mais como esconder número, meta ou atraso:
- 2024 bateu recorde de danos por incêndios
- a degradação florestal cresceu
- as emissões associadas ao desmate tropical continuam absurdamente altas
A COP30 não começou no palco.
Ela começou com o incômodo.
A pergunta que pairou sobre o Hangar hoje:
agora que 71% das emissões estão “compromissadas” — o que realmente vai sair do chão?
Porque o planeta não precisa de nova frase de efeito.
Ele precisa de:
- metas vinculantes
- fundos com dinheiro vivo
- prazos curtos e impositivos
- mecanismos de cobrança
Sem isso — Belém vira turismo político.
Com isso — Belém vira marco histórico.
Hoje, o discurso acabou.
E começou a cobrança.
A COP30 abriu dizendo ao planeta o seguinte:
“Mostre o que você faz — porque o que você diz, já não importa mais.”
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