Porque existem diversos tipos de madeira?


Angelim, Carvalho, Freijó, Pinus, Eucalipto, Mogno… No mercado existem diversos tipos de madeira sendo comercializadas para os mais diversos fins, ficando difícil escolher qual a melhor opção, não à toa, já que a madeira combina com diversos estilos de decoração e tem muitas funções. Ela pode estar presente tanto em suas características naturais ou em formas industrializadas.

Os diversos tipos de madeira apresentam diferenças em suas cores, texturas, resistência e durabilidade. Algumas espécies são indicadas para a construção civil, que são aplicadas em estruturas principais ou secundárias. Outras podem ser usadas na parte decorativa e funcional de um ambiente, como janelas, portas, venezianas, assoalhos, forros, painéis e lambris, ou ainda, para a produção de móveis.
Mas você já parou pra pensar porque existem tantos tipos diferentes de madeiras? A resposta mais óbvia seria: Porque existem muitas espécies de árvores diferentes! Porém a resposta pode ser um pouco mais completa. 
 foto: WWF-Brasil / Adriano Gambarini
O estudo inédito Global Tree Search foi realizado pela Botanical Gardens Conservation International (BGCI na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos, que compilou dados de sua rede de 500 jardins botânicos ao redor do mundo nos últimos dois anos. A pesquisa apurou números, nomes de espécies e a distribuição de árvores em seus respectivos países.

Foram identificadas 60.065 árvores. E o Brasil aparece como o país com o maior número de espécies do mundo: 14% do total. Em seguida, estão Colômbia, com 5.776 espécies e Indonésia, com 5.142.
Segundo o estudo, divulgado na publicação Journal of Sustainable Forestry, há no Brasil 8.715 árvores nativas e destas, 4.333 são endêmicas, ou seja, só são encontradas em nosso país.
Toda essa diversidade de espécies de árvores por consequência vai gerar uma grande variabilidade de tipos de madeira.

A madeira que utilizamos de modo geral é obtida através da serragem da parte central do tronco da árvore, onde está o Cerne e o Alburno, que por sua vez são formados a partir de basicamente dois compostos químicos: a Celulose e a Lignina. O cerne é constituído por células mortas, formando uma estrutura mais ou menos enrijecida de suporte, em torno da qual o alburno se vai progressivamente formando. À medida que as células do alburno decaem e morrem, vão sendo incorporadas no cerne, o qual vai assim crescendo radialmente, acompanhado a expansão do xilema.
Por esse motivo, o cerne é a parte mais resistente do tronco da árvore e mais utilizado para obtenção da madeira.
Dureza e densidade
A madeira é usualmente classificada como madeira dura ou madeira macia. A madeira de coníferas (por exemplo: pinho, pinus) é chamada madeira macia, e a madeira de árvores latifoleadas (por exemplo: carvalho) é chamada madeira dura. Porém existem espécies como o Tauari e o Cedro, por exemplo que produzem uma madeira macia ao corte e possuem densidade média. Isso permite que seja bem trabalhada, sendo ideal para confecção de peças curvas e com ótimo acabamento. 
O fator que contribui para os diferentes graus de densidade da madeira é o seu tempo de crescimento mais longo do que outras, o que também faz com que madeiras de diferentes espécies tenham qualidade e valor comercial diferenciado. 
Geralmente madeiras de rápido crescimento possuem densidade baixa e pouca resistência mecânica, justamente por não terem tido o tempo de desenvolvimento para que suas células ficassem maduras. É o caso do eucalipto e do pinus, muito utilizados para fabricação de pallets, caixotes e construções temporárias. Entretanto, quando utilizada na fabricação de painéis e compensados, essas madeiras podem adquirir mais resistência e durabilidade através de aditivos químicos e conservantes.
Cor
A cor é outra característica bem distinta entre os diferentes tipos de madeira, juntamente com a textura e a grã, são os elementos básicos para auxiliar na identificação de uma espécie a olho nu. 
A cor da madeira deriva da composição química das substâncias presentes no xilema: taninos, fenóis, flavonóides, estilbenos, quinonas e outros. Essas substâncias é que conferem cores diferenciadas ao lenho. A cor, entretanto, não é estável em uma madeira, uma vez que ela tende a alterar-se com o passar do tempo,escurecendo devido à oxidação causada principalmente pela luz, que reage com os componentes químicos tais como, a lignina. A úmidade e temperatura (principalmente exposição ao sol) são fatores que podem contribuir para mudança de cor (geralmente escurecimento) da madeira, devido a degradação da lignina presente na madeira.
Resultado de imagem para móveis madeiras diferentes

Portanto, não é coincidência que de modo geral, madeiras mais escuras são mais pesadas e duráveis (Jatobá, Ipê, Massaranduba) do que madeiras mais claras (Tauari, Eucalipto, Cedro). 
Existem outras características anatômicas, que diferenciam os diferentes tipos de madeira como grã, textura, etc. Naturalmente, todos esses fatores são genéticos, e fazem parte do processo de evolução de desenvolvimento das plantas 
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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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