Plantas nativas contribuem para extração de metais pesados do solo na região do rio Doce

Pesquisas sobre a gestão dos rejeitos de mineração estão sendo realizadas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, com o objetivo de determinar os possíveis riscos associados a esses materiais e desenvolver estratégias de remediação e reaproveitamento.

Um dos primeiros resultados significativos do grupo foi a identificação dos componentes do rejeito liberado após o rompimento da barragem – Foto: Felipe Werneck/Ibama via Flickr

Segundo Amanda Duim Ferreira, doutora em Ciências com ênfase em Solos e Nutrição de Plantas pela Esalq, o Grupo de Pesquisa em Geoquímica do Solo, coordenado pelo professor Tiago Osório Ferreira, tem desempenhado um papel crucial no estudo dos impactos ambientais decorrentes do desastre de Mariana.

Ela relata que um dos primeiros resultados importantes do grupo foi a identificação dos componentes do rejeito liberado após o rompimento da barragem, principalmente óxidos de ferro. Esses óxidos, estáveis em ambientes não alagados como solos de terras altas, representam um risco potencial quando depositados em estuários, onde podem ser reduzidos e liberar metais associados, como ferro, manganês, cromo, níquel, cobre e chumbo.

A pesquisadora explica que a presença desses óxidos de ferro nos solos alagados do estuário pode alterar significativamente a geoquímica local. Em condições de ausência de oxigênio, típicas de solos alagados, os óxidos de ferro podem se dissolver mais facilmente, aumentando a disponibilidade desses metais na água e no solo ao longo do tempo.

Nova técnica de reflorestamento | Florestal Brasil

Além de identificar os riscos ambientais, o grupo também avalia estratégias de remediação. Um dos principais focos é a aplicação de técnicas de biorremediação, utilizando plantas nativas da região do rio Doce. Essas plantas mostraram um potencial significativo para a fitoextração de metais pesados, especialmente ferro, manganês, cromo e níquel, acumulando-os em sua biomassa e removendo-os do solo contaminado.

Outro aspecto essencial da pesquisa é a análise dos fatores sazonais e climáticos que afetam a liberação desses metais no solo. A equipe descobriu que quase metade da disponibilidade desses metais está diretamente relacionada aos padrões climáticos, como precipitação e temperatura. Aumentos na precipitação, por exemplo, podem resultar em picos significativos na liberação de metais no estuário, representando um risco contínuo para a saúde pública e o meio ambiente.

“Além de analisar os perigos imediatos, os resultados também nos permitem trabalhar na fitorremediação e na agromineração para a recuperação dessas áreas. Estamos trabalhando com plantas que hiperacumulam metais e, usando uma mistura de fertilizantes orgânicos e inorgânicos com essas plantas, elas nos ajudam a extrair os rejeitos desses locais”, explica a pesquisadora.

Fonte: Jornal da USP


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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