Plantar eucalipto : mais água no solo, menos gases poluentes.

Embora os produtores rurais tenham encontrado alguma resistência devido à
falta de conhecimento, o plantio de árvores em sistemas de produção
integrados, como a integração lavoura-gado-floresta (ILPF), é eficaz e
acrescenta manejo sustentável a eles.

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As vantagens do uso de árvores como o eucalipto no sistema ILPF superam
os benefícios diretos. Estudos têm mostrado impactos ambientais
significativos, como aumentar a penetração de água no solo e reduzir as
emissões de gases de efeito estufa.

Segundo o departamento Agrosilvipastoril da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o escoamento nas safras de milho e
ferrugem durante a sucessão da soja foi de 2,4% da precipitação total no
sistema agrícola Sylvia. Esse número é de apenas 1,7%.



Onde chove cerca de 2.000 milímetros por ano, isso significa um aumento
de 14 litros de água por metro quadrado. 140.000 litros adicionais por
hectare de terra estão disponíveis para plantar ou fornecer água aos
níveis da água subterrânea.

A absorção de dióxido de carbono (CO2) e o acúmulo de carbono na
biomassa durante a fotossíntese tornam as árvores um importante
compensador das emissões de gases de efeito estufa nos sistemas de
produção.

Experimentos em campo

Para provar seu desempenho, os cientistas da Embrapa não provaram sua
eficiência no campo hoje, assim como o plantio de eucalipto.

Nesse sentido, uma equipe das unidades agrícolas estaduais
Staphylococcus aureus (MT), PecuáriaSul (RS) e Cerrados (DF) realizou
experimentos na região de Sinop, Mato Grosso, ILPF. Eucalyptus
urograndis com espécies.
Essas árvores são plantadas em três fileiras de 30 metros cada. Nos primeiros cinco anos, eles cresceram 18% em relação à monocultura por meio de sistemas integrados.

Segundo a Embrapa, a taxa média anual de crescimento de árvores de ILPF é de 3,8 cm, enquanto a taxa média anual de crescimento de árvores em uma única floresta é de 3,2 cm.

Comparativo

Pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, o engenheiro florestal Hélio Tonini aponta que a diferença evidencia maior competição por luz na monocultura. E, embora o crescimento fosse distinto, não havia sido verificada uma variação significativa no volume de madeira entre os indivíduos comparados.

Segundo o doutor em Engenharia Florestal, o manejo das árvores, com a retirada das linhas laterais e manutenção da linha central, entretanto, mudou esse quadro.

“Em dois anos, o ganho em volume da área de ILPF com linha simples chegou a ser 54% maior do que na área com monocultura e 25% maior do que na área com renques de linhas triplas”, informa.

Conforme relata o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e engenheiro agrônomo Maurel Bheling, “antes do desbaste havia um efeito de competição muito grande”.

“As linhas das bordas acabam suprimindo o crescimento da linha central. A média de crescimento do renque era alta, mas, se pegássemos somente a linha central, pensando em serraria, ela estava perdendo em crescimento. Quando fizemos o desbaste, convertendo de linhas triplas para simples, ele retomou o crescimento e isso possibilitou o ganho”, explica o cientista, que é mestre em Agronomia na área de Ciências do Solo e doutor em Solos e Nutrição de Plantas.

Renda para o produtor

De acordo com a Embrapa, as árvores suprimidas no decorrer do experimento foram utilizadas para produção de postes, outdoors e também como lenha. Em uma situação de fazenda, isso representa renda para o produtor antes mesmo do corte final da madeira.

A estatal também destaca que esse manejo das árvores, suprimindo as linhas laterais do renque triplo, também resultou em maior ganho para o sistema. Nos tratamentos em que havia lavoura, a soja chegou a ter perda de produtividade de 24% no quinto ano, quando comparada a uma lavoura solteira.

Ganhos para o rebanho

Depois do desbaste, a produtividade foi recuperada, igualando à lavoura sem árvores. A pecuária também se beneficiou da maior entrada de luz para as pastagens, preservando a sombra para os animais.

No sistema com árvore, o ganho de peso de novilhos nelore por hectare, em um ano, foi de 40 arrobas, cerca de 30% a mais em relação a um sistema sem árvores.

Behling explica que a decisão sobre o manejo das árvores deve ser tomada conforme a estratégia definida e com o propósito do uso da madeira.

“Se o objetivo é usar como biomassa, quanto menos intervenções, melhor, já que há um custo elevado de mão de obra para as podas e desramas. Agora, se o objetivo é ter madeira de qualidade para serraria, os manejos são necessários. Para isso, o valor agregado da madeira tem que compensar as despesas do produtor”, pondera o engenheiro agrônomo.

Dados da Rede ILPF

Dados da Associação Rede ILPF indicam que, dos 11,5 milhões de hectares com sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floretas no Brasil, na safra 2015/2016, somente 17% eram em configuração com árvores. O eucalipto ocupa a maior parte dessa área, porém, não é a única espécie.

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa em seus campos experimentais e em áreas comerciais – as chamadas Unidades de Referência Tecnológica (URT) – testam e validam o uso de outras espécies.

Seus resultados têm servido para comprovar a viabilidade de algumas delas, para gerar dúvidas sobre outras e também para descartar algumas.

Exemplo no MT

No Mato Grosso, a espécie mais
destacada é a Teca, que possui alto valor agregado, pois é considerada
uma planta com boas características de florestamento em condições
econômicas locais.

“Assim como o eucalipto, a Teca consolidou sua gestão. Além disso, está
bem adaptada às condições climáticas e possui um alto valor agregado de
1.500 reais por metro cúbico”.

Segundo a Embrapa, para obter um bom retorno financeiro, espere até que a
Teca atinja o ponto de inflexão. Na monocultura, o primeiro corte
ocorre entre as idades de 20 e 25 anos.


No sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, no entanto, a tendência é ocorrer uma redução na espera em até cinco anos, devido à menor competição por luz entre as árvores. A expectativa em algumas URTs de ILPF é de se fazer o corte aos 18 anos.

Uma desvantagem da Teca é a perda de folhas no período seco em algumas regiões, reduzindo o conforto térmico para o gado.

“A desfolha varia de acordo com as características de solo e clima de cada local. Mas se o objetivo do produtor é ter conforto térmico para o gado, uma opção é fazer um consórcio, usando a teca com outras espécies”, diz o engenheiro agrônomo.

Outras espécies

Nas regiões sul e sudeste do Brasil, destacou-se o uso de espécies como
Glevia, Pinus e couve-flor em sistemas integrados.

Na parte norte do país, experimentos com plantas nativas (como Muratillo
velho, táxis brancos e cedro doce) mostraram que eles podem ser usados
​​em plantações montanhosas e se regenerar naturalmente em pastagens.

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Segundo a Embrapa, algumas são empresas madeireiras, enquanto outras
estão atendendo o sistema. A velha vara de madeira é um exemplo. Como
leguminosa, além de fornecer sombra, também pode fixar nitrogênio no
solo, e suas vagens também podem ser usadas como ração animal.
O mesmo vale para glillicidia, uma espécie comumente encontrada no
sistema ILPF do Nordeste, cuja principal função é a criação de gado.

Desvantagem

As desvantagens de algumas espécies
nativas estão relacionadas ao crescimento lento: em alguns sistemas com
gado, as mudas precisam ser protegidas por cercas para evitar ferimentos
no rebanho.

A Embrapa explicou que o risco é que
os animais possam danificar ou até danificar os troncos das árvores. De
fato, a predação se tornou o maior obstáculo ao uso do mogno africano na
ILPF. Isso ocorre porque os danos causados ​​pelos dentes dos animais
podem deformar o tronco e prejudicar o crescimento.
 
Alguns tipos de frutas também se
mostraram viáveis, principalmente para pequenos agricultores. Exemplos
de sucesso incluem o uso de pequizeiro, coco, baru, guariroba, goiaba e
caju, o que demonstra a versatilidade do sistema ILPF.

Mais espécies florestais
Outras espécies florestais – como
paricá (pinheiro-cuiabano) e pau-de-balsa – têm até as características
ideais de um sistema ILPF, pois apresentam rápido crescimento e
benefícios de mercado. Porém, como eles precisam gerenciar a condução do
dossel e por causa de seu baixo valor agregado, essas espécies não são
economicamente viáveis ​​na maioria dos casos. O mesmo acontece com o
bapuruvu.

A acácia de manganês também precisa ser gerenciada quando enviada para a
serraria. No entanto, como leguminosa, é um substituto ideal para solos
arenosos.

Com ele, também é possível agregar renda extra à produção de formato, um
mel produzido pelas abelhas da seiva secretada pela árvore.

Por outro lado, o mogno e o cedro do Brasil enfrentam problemas com
pragas, como espigas (Hypsypyla grandella), que impedem que sejam usadas
no sistema ILPF.


Planejamento

Além de selecionar espécies de árvores, outro aspecto importante do uso
de árvores em sistemas integrados é o planejamento da configuração.

A Embrapa acredita que a primeira questão a considerar é o carro-chefe
do sistema: árvores, gado ou agricultura? A resposta a esta pergunta
ajudará a considerar o número de árvores usadas e a direção do plantio.

Em terrenos com uma inclinação superior a 3%, o princípio da conservação
do solo e da água deve primeiro ser respeitado. Portanto, ele deve ser
plantado até um certo ponto. Em áreas planas, é recomendável cultivar
coisas.


“Essa é a direção do movimento solar, que facilita a quantidade de
radiação luminosa que entra e é distribuída no espaço entre as fileiras.
Dessa forma, o consórcio de culturas com maior potencial de
fotossíntese é benéfico.
O espaçamento entre linhas geralmente é definido pelo maquinário usado
na fazenda. Segundo pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril e do
engenheiro agrônomo Flávio Wruck: Os produtores rurais precisam
descobrir quais são os trabalhos mais caros dele na região.

“Se estiver colhendo, multiplicamos a largura da colheitadeira por um
múltiplo. Se estiver pulverizando, usamos a lança de pulverização como
referência. Lembre-se sempre de deixar uma distância de um a um metro e
meio nos dois lados para evitar danos às árvores e promover a
manobrabilidade. … ”, disseram os especialistas.

A escolha da configuração da linha de produção – seja única, dupla,
tripla ou múltipla – depende dos objetivos do agricultor. Se o objetivo é
produzir madeira para a serraria, fileiras simples ou triplas são mais
adequadas.

Se você deseja produzir biomassa, pode escolher o dobro, o triplo ou
mais. No caso de três linhas, apenas a linha central será direcionada
para a serraria.


Melhor opção

O engenheiro agrônomo Maurel Bheling destacou que linhas simples podem
aumentar a renda porque as árvores ocupam apenas o espaço do tronco,
representando cerca de 5% da área total

Segundo ele, à medida que o número de fileiras aumenta, a renda será
substituída porque o espaço ocupado pelas árvores e a projeção das
sombras são maiores.

“A melhor escolha dependerá de muitos fatores. Se eu tiver limitações na
logística e no mercado, o aumento da receita será a melhor escolha.” Se
eu tiver uma condição logística favorável e uma alta demanda por
biomassa, então Para os produtores, a substituição de renda se torna
ainda mais interessante. Behring explicou e acrescentou outros aspectos
decisivos, como a disponibilidade de mão-de-obra.


Compensação

Informações do programa Carne Carbono
Neutro (também da Embrapa) provam que o sistema ILPF ou IPF (Pecuária e
Fusão Florestal) do gado de corte possui 227 árvores de eucalipto por
hectare, o que pode compensar as emissões de metano por 7,1 UA por
hectare (), plantando árvores três anos por ano As árvores são plantadas
10,8 UA / ha / ano por ano.

A empresa estatal também afirmou que em um sistema denso de 357 árvores
por hectare, a compensação era equivalente a 12,8 UA / ha / ha / ano.
Como a capacidade de seqüestro de carbono é maior que o potencial de
emissão de metano, esses sistemas são considerados para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa e o aquecimento global.


Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril


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    Lucas Monteiro

    Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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