PLANAU 2025: O BRASIL LANÇA O PRIMEIRO PLANO NACIONAL DE ARBORIZAÇÃO URBANA — E AGORA, O QUE MUDA PARA AS CIDADES?

O PlaNAU estabelece metas até 2045 para transformar a arborização urbana no Brasil, promovendo cidades mais verdes, resilientes e com justiça climática.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lançou oficialmente o Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU), o primeiro instrumento federal criado exclusivamente para orientar, estruturar e transformar a arborização das cidades brasileiras.

PlaNAU 2025

O documento é extenso, técnico, detalhado — e inaugura um novo paradigma: árvores deixam de ser tratadas como decoração e passam a integrar a infraestrutura essencial das cidades, com metas nacionais até 2045. Este plano é parte do Programa Cidades Verdes Resilientes, e dialoga diretamente com agendas globais ligadas ao clima, biodiversidade e justiça socioambiental. É também um movimento de correção histórica: o Brasil é um dos países que mais perderam vegetação urbana nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que 87% da população vive em cidades cada vez mais quentes e impermeáveis. O PlaNAU chega para mudar isso.

BAIXE AQUI O DOCUMENTO: PLANAU

Por que o PlaNAU é tão importante?

Segundo o documento oficial, o PlaNAU surge porque as cidades brasileiras enfrentam problemas estruturais que a arborização pode mitigar ou resolver:

  • Ilhas de calor urbano cada vez mais intensas
  • Perda de biodiversidade em ambientes urbanos
  • Enchentes, alagamentos e deslizamentos agravados pela impermeabilização
  • Poluição sonora e atmosférica em níveis críticos
  • Desigualdades socioambientais — bairros periféricos são os mais quentes e os menos arborizados
  • Baixa disponibilidade de dados e planejamento, o que impede ações de longo prazo

O PlaNAU reconhece que a arborização urbana é uma Solução Baseada na Natureza (SBN), com impactos diretos no bem-estar da população. Não é mais sobre plantar árvores: é sobre transformar o ambiente urbano.

O que é Arborização Urbana?

Como o plano foi construído

O PlaNAU nasce de um processo participativo nacional:

  • 5.000 participações em oficinas virtuais
  • 651 participantes em oficinas regionais presenciais
  • 350 contribuições na consulta pública
  • Parcerias com ICLEI, UFAL, INPA, SBAU, estados e municípios
  • Envolvimento de arquitetos, urbanistas, engenheiros florestais, gestores públicos, pesquisadores e sociedade civil

Isso é raro e significativo. O plano não é “de gabinete”: ele foi desenhado com as pessoas que vivem e manejam as cidades todos os dias.

O diagnóstico: um Brasil ainda pouco arborizado

O PlaNAU revela dados preocupantes:

  • 33,7% dos brasileiros vivem em ruas sem nenhuma árvore.
  • Municípios pequenos (< 20 mil hab.) têm a menor cobertura vegetal urbana do país.
  • A Região Norte tem o maior percentual de cobertura vegetal urbana (39,6%), mas muito disso é remanescente florestal, não arborização planejada.
  • A Região Sudeste tem a menor proporção (22,6%), reflexo da urbanização densa e histórica.

Além disso, apenas 29,6% dos municípios que responderam ao levantamento possuem Plano Municipal de Arborização Urbana. Ou seja: a maior parte do Brasil ainda não planeja suas árvores.

As metas nacionais até 2045

Inspirado na “Regra 3-30-300”, o PlaNAU estabelece metas claras:

  1. 65% da população vivendo em ruas com pelo menos três árvores

Hoje são apenas 45,5%.
Significa levar árvores para onde elas nunca chegaram — favelas, periferias e bairros vulneráveis.

  1. Ampliar 360 mil hectares de vegetação urbana

Passando de 2,93 milhões para 3,29 milhões de hectares.
É uma expansão expressiva do verde urbano.

  1. 100% dos municípios com instrumentos de planejamento

Hoje, a maioria não tem plano, nem equipe, nem estrutura técnica.

Essas metas são nacionais, mas dependem fortemente da capacidade municipal — por isso o PlaNAU prevê apoio direto às prefeituras.

O que o PlaNAU determina na prática?

O plano estabelece 20 diretrizes nacionais e 93 ações distribuídas em seis eixos estratégicos:

  1. Planejamento e monitoramento
  • Indicadores padronizados
  • Diagnósticos contínuos
  • Fortalecimento do Cadastro Ambiental Urbano (CAU)
  1. Estruturação da cadeia produtiva
  • Fortalecimento de viveiros
  • Transição para espécies nativas
  • Controle de invasoras (como leucena, nim, etc.)
  1. Expansão e manutenção
  • Plantio planejado e manejo
  • Proteção dos remanescentes
  • Adoção da arborização como infraestrutura essencial
  1. Financiamento
  • Novos mecanismos financeiros
  • Articulação com fundos climáticos e ambientais
  1. Pesquisa, capacitação e educação ambiental
  • Formação de equipes técnicas
  • Educação ambiental para escolas e comunidades
  1. Fortalecimento institucional e participação social
  • Engajamento comunitário
  • Corresponsabilidade entre União, estados e municípios

O PlaNAU muda o papel das prefeituras

Pela primeira vez, os municípios têm diretrizes federais claras para arborização. Estados e municípios passam a ter responsabilidades como:

  • Criar e implementar Planos Municipais de Arborização
  • Monitorar pragas, espécies invasoras e indicadores de qualidade
  • Manter e ampliar viveiros
  • Proteger e recuperar áreas verdes
  • Integrar arborização com mobilidade, drenagem e habitação
  • Priorizar favelas, periferias e regiões mais quentes

Isso significa que a arborização deixa de ser improvisada e passa a seguir critérios técnicos — algo essencial para evitar problemas comuns, como conflitos com fiação, podas incorretas e espécies inadequadas.

E agora? O plano está lançado — o que isso significa para o futuro das cidades?

Com o lançamento oficial do PlaNAU, um novo ciclo começa no Brasil.

  1. Chega de plantar árvores por plantar
  • Agora, cada prefeitura deverá seguir planejamento, espécies adequadas, manejo correto e metas de longo prazo.
  1. Chega de desigualdade verde
  • O PlaNAU obriga o país a enfrentar o fato de que as periferias são mais quentes, mais cinzas e mais vulneráveis.
  • As árvores, antes negligenciadas, tornam-se uma ferramenta de justiça climática.
  1. Chega de cidades impermeáveis
  • O plano integra arborização a drenagem, saneamento, mobilidade e planejamento urbano.
  1. Chega de falta de dados
  • Com monitoramento contínuo, o país passa a enxergar sua arborização com precisão.
  1. Chega de improviso nas podas e nos plantios
  • Profissionais terão formação, critérios e diretrizes técnicas.
  1. Surgem oportunidades econômicas reais
  • O mercado de mudas, viveiros, serviços ambientais, engenharia florestal e paisagismo deve crescer significativamente.
  • O PlaNAU é mais que um documento técnico — ele inaugura uma política de Estado para arborização urbana, alinhada à agenda climática, à justiça social e ao direito à cidade.

Se bem implementado, ele pode transformar o Brasil em referência global, tornando nossas cidades:

  • mais frescas
  • mais verdes
  • mais resilientes
  • mais saudáveis
  • mais humanas

O plano está lançado. Agora começa a parte mais importante: fazer acontecer.

Fonte: PlaNAU — Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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