Pesquisadores descobrem parente da Azeitona no Brasil

No Instituto de Biociências (IB), pesquisadores identificaram uma nova espécie de planta na Cadeia do Espinhaço, localizada no município de Monte Azul, em Minas Gerais (MG). Denominada C1hionanthus monteazulensis, essa planta pertence à família Oleaceae, a mesma família da oliveira, e apresenta um fruto com semelhanças à azeitona tradicional. Segundo os botânicos, essa descoberta destaca a importância de estudos sobre a biodiversidade nos campos rupestres, ecossistemas que abrigam espécies exclusivas, com alto índice de endemismo, não encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

parente da azeitona no brasil

Danilo Zavatin, mestrando do Laboratório de Sistemática, Evolução e Biogeografia de Plantas Vasculares do IB-USP, relata sua experiência ao Jornal da USP, mencionando que, ao integrar uma equipe de expedição na Cadeia do Espinhaço, a primeira planta que encontrou foi essa nova espécie. Inicialmente, ele ficou desconfiado, pois não conseguia identificar nem mesmo a família da planta. Zavatin destaca a raridade desse achado, pois geralmente o processo de identificação de uma nova espécie envolve uma extensa coleta de dados e evidências.

Após a coleta da planta, Zavatin a levou para o laboratório, onde iniciou o processo de identificação da família e do gênero por meio da revisão das características da amostra. Ao constatar a ausência de registros anteriores dessa espécie, os pesquisadores perceberam que haviam feito uma descoberta significativa. Renato Ramos, doutorando do IB e também pesquisador do Laboratório de Sistemática, Evolução e Biogeografia de Plantas Vasculares, destaca que a região onde a espécie foi encontrada é uma das mais negligenciadas em termos de coleta na Cadeia do Espinhaço, chamando a atenção para a ideia equivocada de que descobertas desse tipo ocorrem apenas em lugares inóspitos.

Conhecida popularmente como Serra do Espinhaço, a Cadeia do Espinhaço é, na realidade, a única cordilheira do Brasil. Estendendo-se por mais de 1.000 quilômetros nos estados de Minas Gerais e Bahia, essa cordilheira apresenta picos que alcançam altitudes de até 2 mil metros. Trechos notáveis, como a Chapada Diamantina, Serra dos Cristais, Serra de Ouro Branco e Serra Geral, são frequentemente visitados por turistas.

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Em 2005, a parte mineira do Espinhaço recebeu o reconhecimento da UNESCO como Reserva da Biosfera de Importância Internacional, devido à sua vasta biodiversidade.

A expedição científica liderada por Zavatin integra o Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro). Esse plano foi concebido para coordenar ações voltadas para a preservação da área. Zavatin explica que as expedições buscam espécies-alvo, aquelas consideradas criticamente ameaçadas de extinção ou que não são avistadas há muito tempo. Antes de ir a campo, há um planejamento prévio com uma lista de plantas de diversas famílias.

O projeto é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e envolve a colaboração de instituições ambientalistas, da comunidade local e de órgãos governamentais por meio do Pró-espécie, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

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Atualmente, o Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro) abrange 24 espécies classificadas como Criticamente em Perigo (CR) de extinção, sendo 19 pertencentes à flora, três a peixes e duas a invertebrados. Além disso, os impactos positivos desse plano são estimados para beneficiar pelo menos outras 1.787 espécies que estão classificadas em algum nível de ameaça e habitam o território. Renato Ramos, membro da equipe técnica do plano, destaca a importância dessa ação integrada para alcançar resultados significativos. O projeto foi implementado desde o início da pandemia, e os primeiros resultados estão começando a surgir, com a perspectiva de identificação de aproximadamente 15 espécies novas em toda a região.

O processo de catalogação de uma nova espécie de planta é extenso e deve seguir padrões internacionais estabelecidos. Para que a descoberta seja reconhecida, é necessário publicar um artigo científico contendo as informações essenciais sobre a nova espécie. Danilo Zavatin explica que é crucial fornecer detalhes como as coordenadas geográficas específicas da coleta, a altitude do local, o tipo de solo e se a área enfrenta algum risco de degradação. Esses dados são fundamentais para a inclusão da espécie nos herbários, além de possibilitar pesquisas futuras sobre as propriedades da planta. Nessa fase, também é escolhido o nome, seguindo o Código Internacional de Nomenclatura Botânica.

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Os pesquisadores já publicaram o artigo intitulado “Chionanthus monteazulensis (Oleaceae), a new species from the campo rupestre of Espinhaço Range, Brazil”, disponível na revista Phytotaxa. Renato Ramos relata que estão em contato com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), responsável pela avaliação do status de ameaça, para determinar se a planta está ameaçada de extinção. Quanto às perspectivas futuras, os biólogos esperam que os resultados obtidos fortaleçam a criação de novas Unidades de Conservação (UCs) e incentivem estudos adicionais sobre a biodiversidade e endemismo da Cadeia do Espinhaço.

Fonte: Jornal da USP


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