Existem atualmente 36 hotspots de biodiversidade reconhecidos. São as regiões terrestres mais biologicamente ricas, mas também as mais ameaçadas da Terra.
Critérios para a definição dos hotspots de biodiversidade
Para se qualificar como um hotspot de biodiversidade, uma área deve atender a dois critérios rigorosos:
- Contenha pelo menos 1.500 espécies de plantas vasculares encontradas em nenhum outro lugar na Terra (conhecidas como espécies “endêmicas”).
- Perderam pelo menos 70% de sua vegetação nativa primária (ou seja, deve ter menos de 30% de sua vegetação original).
O primeiro critério parte da ideia de que as plantas dão suporte às outras formas de vida. Muitos dos locais excedem os dois critérios. Por exemplo, tanto o Hotspot da região de Sonda , no Sudeste Asiático, quanto o Hotspot dos Andes Tropicais, na América do Sul, têm cerca de 15.000 espécies de plantas endêmicas, enquanto outros hotspots já perderam mais de 90% de sua cobertura vegetal nativa.
Quem vive nos hotspots de biodiversidade?
Os 36 hotspots de biodiversidade abrigam cerca de 2 bilhões de pessoas, incluindo alguns dos mais pobres do mundo, muitos dos quais dependem diretamente de ecossistemas saudáveis para seu sustento e bem-estar. São regiões que fornecem serviços ecossistêmicos cruciais para a vida humana, como fornecimento de água limpa, polinização e regulação climática. Deste modo, a conservação desses locais é essencial para garantir o uso sustentável dos recursos naturais e promover o desenvolvimento econômico, possibilitando a continuação da provisão de serviços ecossistêmicos essenciais para as próximas gerações.
Como surgiu o conceito de hotspot de biodiversidade?
Em 1988, o ecologista britânico Dr. Norman Myers publicou um artigo seminal identificando 10 “hotspots” de florestas tropicais. Essas regiões foram caracterizadas tanto por níveis excepcionais de endemismo de plantas quanto por níveis sérios de perda de habitat.
Em 1989 a organização Conservação Internacional adotou os hotspots de Myers e o empregou para a classificação de mais áreas, detentoras de grande biodiversidade e sob alto grau de ameaça, visando o direcionamento global de esforços voltados à conservação. Em 1996, a organização tomou a decisão de reavaliar o conceito de hotspots, incluindo uma análise se as áreas-chave haviam sido negligenciadas. Três anos depois, foi realizada uma extensa revisão global, que introduziu limiares quantitativos para a designação de hotspots de biodiversidade e resultou na designação de 25.
Em 2005, uma análise adicional elevou o número total de hotspots de biodiversidade para 34, com base no trabalho de quase 400 especialistas.
Em 2011, as florestas do leste da Austrália foram identificadas como o 35º hotspot por uma equipe de pesquisadores da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO), trabalhando com a Conservação Internacional. Em 2016, a planície costeira da América do Norte foi reconhecida como satisfazendo os critérios e se tornou o 36º hotspot da Terra.
Hotspots de biodiversidade no Brasil
No Brasil dois biomas são classificados como hotspots de biodiversidade: Cerrado e Mata Atlântica.
Cerrado
Embora as regiões da Amazônia e a Mata Atlântica consigam atrair mais atenção para a conservação, o Cerrado é indiscutivelmente tão importante em termos de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, como o fornecimento de água e o sequestro de carbono.
O Cerrado é considerado uma das savanas mais biodiversas do mundo, ocupando aproximadamente 2.000.000 km² no Brasil central, além de
áreas disjuntas nos outros biomas adjacentes. Conta com mais de 12.000 espécies de plantas já catalogadas (4,8% da flora mundial), sendo 4.252 endêmicas. No que diz respeito à
fauna, já catalogadas existem mais de 850 espécies de aves, entre 227 e 252 de
mamíferos e, 300 de répteis.
áreas disjuntas nos outros biomas adjacentes. Conta com mais de 12.000 espécies de plantas já catalogadas (4,8% da flora mundial), sendo 4.252 endêmicas. No que diz respeito à
fauna, já catalogadas existem mais de 850 espécies de aves, entre 227 e 252 de
mamíferos e, 300 de répteis.
A importância do Cerrado, porém, vai além da biodiversidade, tendo como
área nuclear o Planalto Central brasileiro, o bioma é
considerado o berço das águas, pois é onde nascem a maior parte das águas do
Brasil, sendo responsável pela recarga de três grandes aquíferos: Bambuí,
Urucuia e Guarani. Ainda abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas: a
Amazônica, do Tocantins-Araguaia, do Atlântico Norte/Nordeste, do São Francisco, do Atlântico
Leste e do Paraná/Paraguai -, incluindo as águas que escoam para o Pantanal. (Leia mais sobre esse assunto: Importância do Cerrado para as regiões hidrográficas brasileiras)
área nuclear o Planalto Central brasileiro, o bioma é
considerado o berço das águas, pois é onde nascem a maior parte das águas do
Brasil, sendo responsável pela recarga de três grandes aquíferos: Bambuí,
Urucuia e Guarani. Ainda abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas: a
Amazônica, do Tocantins-Araguaia, do Atlântico Norte/Nordeste, do São Francisco, do Atlântico
Leste e do Paraná/Paraguai -, incluindo as águas que escoam para o Pantanal. (Leia mais sobre esse assunto: Importância do Cerrado para as regiões hidrográficas brasileiras)
De acordo com a World Wide Fund
For Nature (WWF) mais da metade
da energia elétrica produzida no país depende de seus recursos hídricos, nove
em cada dez brasileiros utilizam eletricidade das usinas hidroelétricas
instaladas nos rios que se originam no Cerrado. Ainda, grande parte da produção agropecuária do país é provinda do Cerrado.
For Nature (WWF) mais da metade
da energia elétrica produzida no país depende de seus recursos hídricos, nove
em cada dez brasileiros utilizam eletricidade das usinas hidroelétricas
instaladas nos rios que se originam no Cerrado. Ainda, grande parte da produção agropecuária do país é provinda do Cerrado.
Apesar da
relevância socioambiental, os dados sobre a devastação de seu território são
alarmantes, indicam que o bioma já perdeu 46% de sua vegetação nativa e apenas
19,8% permanecem inalterados, entre 2002 e 2011 a taxa de desmatamento foi de
1% ao ano, 2,5 vezes mais que na Amazônia.
relevância socioambiental, os dados sobre a devastação de seu território são
alarmantes, indicam que o bioma já perdeu 46% de sua vegetação nativa e apenas
19,8% permanecem inalterados, entre 2002 e 2011 a taxa de desmatamento foi de
1% ao ano, 2,5 vezes mais que na Amazônia.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica se estende ao longo da costa atlântica do Brasil, do norte do estado do Rio Grande do Norte ao sul do Rio Grande do Sul. Estende-se para o interior até o leste do Paraguai e a província de Misiones, no nordeste da Argentina, e estreitamente ao longo da costa até o Uruguai. Também está incluído neste hotspot o arquipélago de Fernando de Noronha e várias outras ilhas da costa brasileira.
Há muito isolado de outros grandes blocos de floresta tropical na América do Sul, a Mata Atlântica tem uma mistura extremamente diversa e única de vegetação e fisionomias florestais. As duas principais ecorregiões do hotspot são a Mata Atlântica costeira, a faixa estreita de cerca de 50 a 100 quilômetros ao longo da costa, que cobre cerca de 20% da região. A segunda principal ecorregião, o interior da Mata Atlântica, se estende pelo sopé da Serra do Mar até o sul do Brasil, Paraguai e Argentina.
O bioma possui mais de 15.000 espécies de plantas, mais de 7.000 endêmicas. Para se ter uma ideia da tamanha biodiversidade, no ano de 1993, um estudo realizado por técnicos do Jardim Botânico de Nova Iorque identificou, na região da Reserva Biológica de Una, no sul da Bahia, a maior diversidade de árvores do mundo, com 450 espécies diferentes num só hectare de floresta.
A Mata Atlântica abriga os maiores centros industriais e silviculturais do Brasil, bem como os centros urbanos mais populosos. A maioria dos ecossistemas naturais já foi eliminada. A grande maioria das espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção no Brasil está representada na Mata Atlântica.
As principais ameaças são o desmatamento (que teve início na região com a chegada dos europeus ainda no século XVI), a conversão de ecossistemas naturais para pastagens e agricultura, expansão urbana e industrialização, produção ilegal de lenha e carvão, caças predatória de espécies da flora e fauna.
Distribuição dos hotspots de biodiversidade no planeta
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