O que o desmatamento na Amazônia tem a ver com eventos climáticos extremos: O Impacto Devastador no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul enfrenta uma sequência de eventos climáticos extremos, que incluem tanto secas intensas quanto inundações devastadoras. Especialistas alertam que esses fenômenos estão intrinsecamente ligados ao desequilíbrio ambiental global, o qual reflete uma série de reações em cadeia que afetam não apenas o estado, mas também todo o país.

A Defesa Civil estima prejuízos bilionários decorrentes desses eventos no Rio Grande do Sul, com a estiagem emergindo como um dos mais recorrentes nos últimos anos. Entre 2019 e 2021, mais de 100 municípios tiveram situação de emergência decretada devido à seca, causando prejuízos econômicos significativos. Climatologistas alertam que essas situações extremas devem se tornar ainda mais frequentes nos próximos anos, refletindo os impactos das mudanças climáticas globais.

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A tira de Biratan retrata o desmatamento e o excesso de chuvas, que traz consigo a enchente.

Uma das principais causas desse cenário preocupante é o aumento alarmante do desmatamento na Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um crescimento de 9,5% na taxa de desmatamento entre 2019 e 2020, ultrapassando 11 mil quilômetros quadrados de área desmatada. Esse desmatamento desenfreado interfere diretamente no regime hídrico não apenas da Amazônia, mas de todo o Brasil. A circulação de umidade na atmosfera sofre alterações significativas, resultando em períodos prolongados de estiagem e aumento da frequência de eventos climáticos extremos.

Francisco Aquino, climatologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que o desmatamento na Amazônia está diretamente relacionado com a estiagem verificada no estado. A umidade gerada pela floresta amazônica desempenha um papel crucial no equilíbrio climático do país, alimentando os rios e mantendo o ciclo de chuvas. No entanto, o aumento do desmatamento compromete esse equilíbrio, levando a uma redução na umidade atmosférica e exacerbando os períodos de seca.

Fonte: MetSul

 

Além disso, é importante compreender o papel do El Niño, um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Esse fenômeno influencia diretamente os padrões climáticos em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. Durante os episódios de El Niño, o Sul do Brasil tende a enfrentar um aumento na frequência e na intensidade das chuvas, o que pode contribuir para inundações e outros eventos extremos.

Essa conexão entre o desmatamento e os eventos climáticos extremos pode não ser facilmente perceptível, mas suas consequências são profundamente impactantes. A presença do fenômeno El Niño, embora enfraquecido, ainda exerce influência sobre o clima regional, contribuindo para a intensificação das chuvas no Sul do Brasil. Combinado com a umidade da Amazônia e o bloqueio de frentes frias, esse fenômeno cria as condições ideais para a ocorrência de chuvas intensas e inundações.

Foto: FAB

Diante desse cenário alarmante, a ciência alerta para a urgência de ações concretas para conter o desmatamento e mitigar os impactos das mudanças climáticas. A educação ambiental e a conscientização pública são fundamentais para promover a preservação dos ecossistemas e garantir a sustentabilidade do planeta. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul se prepara para enfrentar os desafios iminentes, adotando medidas de adaptação e resposta aos eventos climáticos extremos.

O governo do estado intensifica os esforços de monitoramento e prevenção, mobilizando recursos para enfrentar a crise climática em curso. No entanto, a magnitude dos desafios exige uma resposta coordenada em nível nacional e global, com políticas eficazes de conservação ambiental e redução das emissões de gases do efeito estufa.

À medida que o mundo enfrenta as consequências cada vez mais graves das mudanças climáticas, torna-se evidente a necessidade de ações urgentes e decisivas para proteger o meio ambiente e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. O Rio Grande do Sul é um microcosmo desses desafios globais, destacando a interconexão entre o desmatamento, o aquecimento global e os eventos climáticos extremos.

Fonte: GZH / MidiaNinja


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