
Ao longo do ano, as empresas da região responsáveis pelo abastecimento de água focaram suas ações em trazer água de rios distantes, por meio de construção de adutoras e reservatórios. Leo Heller, relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o direito à água potável e ao saneamento, acredita que as obras poderão “atenuar um pouco a demanda de água dos reservatórios” que são usados para abastecimento de água.
Já para Pedro Luiz Côrtes, geólogo e especialista em gestão de recursos hídricos da USP (Universidade de São Paulo), essas medidas “não são suficientes porque persistem em um modelo que demonstra estar esgotado”.
“Mesmo que voltássemos hoje a uma situação com todos os mananciais com níveis adequados [de água], isso não nos livraria de uma nova crise hídrica nos próximos anos porque a quantidade de usuários vem crescendo muito por conta do crescimento populacional”, afirma. Côrtes sugere que os governos “privilegiem o reúso e incentivem e orientem o uso racional da água”.
Em novembro, choveu em São Paulo 250,2 milímetros, segundo medição do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A quantidade é mais que o dobro da registrada no mesmo mês de 2014. Já a estação meteorológica do Rio de Janeiro registrou no último novembro 162,1 milímetros de chuva, cerca de 60% a mais que em novembro de 2014. O aumento no volume de chuva é resultado da incidência do El Niño, causado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico.
A previsão é que a quantidade de chuva continue acima da média nos próximos meses na região. “A tendência é que chova um pouco acima da média até março, abril, quando começa a reduzir”, afirma Neide Oliveira, meteorologista do Inmet. Segundo ela, a pluviometria deverá ser variável nesse período, com alternância entre um mês muito chuvoso e outro com menos chuva.
A crise hídrica, que já dura cerca de dois anos, tem deixado muita gente sem água, mas também ensinou lições, tanto para a população quanto para os governos. Hábitos como fechar a torneira durante a escovação dos dentes ou a lavagem da louça estão sendo aos poucos incorporados pelas pessoas. Já governos e concessionárias de água e esgoto afirmam estar investindo em obras.
A Sabesp, responsável pelo abastecimento da Grande São Paulo, informa que, para tentar reduzir o consumo, passou a conceder bônus para quem economiza água e multar os ‘gastões’. A empresa diz ter intensificado a redução da pressão da água para diminuir vazamentos. Além disso, a companhia tem buscado captar água em novos rios.
A Cedae, que abastece o Rio de Janeiro, comunica que tem investido em campanhas educativas sobre economia de água; na renovação de tubulações para conter vazamentos; e na construção de reservatórios, adutoras e estações de tratamento.
A Copasa, companhia de água e esgoto de Minas Gerais, afirma que lançou campanha contra o desperdício de água e um programa contra vazamentos, além de ter realizado obras para aumentar a captação de água de rios.
E o Cesan, a empresa de saneamento do Espírito Santo, declara ter criado um comitê hídrico para discutir saídas para a crise. A empresa diz que transformou uma represa, antes usada para geração de energia, em reservatório para fornecimento de água e deu início às obras para construção de um novo sistema de abastecimento. Segundo a Cesan, foram lançadas campanhas de conscientização e feitas parceiras com indústrias para que usem água de poços artesianos e de reúso.

Referencia: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/01/04/crise-hidrica-vai-faltar-agua-no-sudeste-em-2016.htm
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