“Eu sempre quis ser engenheira, mas sentia como se mulheres não devessem estudar coisas como engenharia”. Essa fala é de Edith Clarke, em entrevista ao The Dallas Morning News. Ela foi a primeira engenheira eletricista da história.
Durante muito tempo, questões culturais e preconceitos afastaram as mulheres das ciências exatas — principalmente da engenharia.
Por volta dos séculos 14 e 15, circularam até mesmo falsas teorias que pregavam dificuldades especificamente femininas para se dedicar aos estudos e às atividades intelectuais.
Tudo isso contribuiu para que as mulheres não se sentissem pertencentes a esse campo científico – já que os cursos e espaços ligados à engenharia eram vistos como voltados para o público masculino.
Mesmo com todos os desafios, muitas mulheres se arriscaram e buscaram seu espaço nessa área do conhecimento — uma delas foi Edith Clarke, que mencionamos no começo do artigo.
São verdadeiras pioneiras que abriram caminho para que diversas mulheres estudassem e conquistassem seu lugar no mercado de trabalho. Não é à toa que a participação feminina na engenharia cresceu de forma expressiva nas últimas décadas.
No Brasil, as mulheres já representam 21,6% nos cursos de Engenharia e profissões relacionadas. O dado é do relatório Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado em 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda falta um longo caminho para que os números – de estudantes, salários e empregabilidade – entre engenheiros e engenheiras estejam igualados, mas as transformações já estão acontecendo.
No dia 23 de junho, celebramos o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data tem o objetivo de fortalecer esse espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão, em meio a tanta superação e desafios.
Pensando nisso, apresentamos neste artigo 8 pioneiras da engenharia para conhecer e se inspirar. Confira:
- Emily Roebling
- Edwiges Maria Becker Hom’meil
- Elisa Leonida Zamfirescu
- Edith Clarke
- Enedina Alves Marques
- Maria Luiza Soares Fontes
- Veridiana Victoria Rossetti
- Aïda Espínola
- Deise Gravina
- Alaize Elizabeth Reis
1. Emily Roebling
Emily Roebling (1843 – 1903) foi uma das primeiras mulheres a se destacar no campo da engenharia.
Embora não fosse formada na área, ela aprendeu sobre projetos acompanhando o trabalho do seu marido, Washington Roebling.
Quando ele adoeceu, Emily se responsabilizou por sucedê-lo, concluindo a construção da famosa Ponte do Brooklyn — símbolo de Nova York.
Ela assumiu a função de engenheira-chefe da obra. E ao contrário do que se possa pensar, Emily se manteve em quase total anonimato durante esse processo.
Foi apenas no dia da inauguração que seu nome foi mencionado.
Na ocasião, o congressista Abram S. Hewitt descreveu a nova ponte também como um monumento “à mulher e à sua capacidade para estudos elevados, lamentando que estes lhe tivessem sido negados por demasiado tempo”.
Esse feito histórico tornou Emily uma das referências na luta pelo direito das mulheres de ter acesso à graduação nos Estados Unidos, além de torná-la uma das grandes pioneiras na engenharia.
2. Edwiges Maria Becker Hom’meil
No Brasil, os cursos de engenharia só começaram a ser ofertados em 1792, quando foi criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, no Rio de Janeiro.
Contudo, a primeira engenheira brasileira só se formou em 1917 — ou seja, 179 anos depois da data de início dos cursos de engenharia no país. Seu nome era Edwiges Maria Becker Hom’meil.
Infelizmente, existem poucas informações sobre a trajetória Hom’meil, mas é inegável que sua conquista abriu caminho na profissão para muitas outras mulheres.
3. Elisa Leonida Zamfirescu
Elisa Leonida Zamfirescu (1887 – 1973) foi uma engenheira romena — e uma das primeiras mulheres no mundo a ingressar na profissão.
Sua principal área de estudos dentro da engenharia envolvia os minérios e a geologia.
Ela liderou vários laboratórios e participou de diversos estudos de campo, incluindo alguns que identificaram novos recursos de carvão, xisto, gás natural, cromo, bauxita e cobre.
Apaixonada pelo seu trabalho e pela ciência, ela cedo implementou novos métodos e novas técnicas de análise de minerais e substâncias como o carvão e o petróleo.
Com suas descobertas, ela conquistou um lugar de destaque num setor tradicionalmente ocupado por homens.
4. Edith Clarke
Edith Clarke (1883 – 1959) foi a primeira engenheira eletricista e professora de engenharia elétrica do mundo. Foi também a primeira mulher a ter um mestrado em engenharia elétrica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Além do pioneirismo na área, em 1921, ela inventou uma calculadora que recebeu seu sobrenome — a calculadora de Clarke.
É um dispositivo gráfico para resolução de equações que envolvem corrente elétrica, tensão e impedância em linhas de transmissão. Uma das vantagens é que ele era muito mais rápido que os outros métodos disponíveis na época.
5. Enedina Alves Marques
Foram inúmeros os preconceitos enfrentados — e superados — pela brasileira Enedina Alves Marques (1913 – 1981), a primeira engenheira negra do Brasil.
Em 1945, ela se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), se tornando a primeira mulher graduada em engenharia no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil.
Ao longo de sua carreira, ela participou de importantes obras no estado, como a construção do Colégio Estadual do Paraná e a Usina Capivari-Cachoeira (maior hidrelétrica subterrânea do sul do país).
Enedina Alves Marques se tornou um exemplo de determinação, liderança e superação.
6. Maria Luiza Soares Fontes
Maria Luiza Soares Fontes (1924 – 2017) foi a primeira mulher a se formar em engenharia elétrica e engenharia mecânica no Brasil.
Ela se graduou no Instituto de Engenharia de Itajubá, em Minas Gerais — recebendo o diploma das mãos do ex-presidente Juscelino Kubitschek, à época governador do estado.
“Sempre quis ser independente e achei que conseguiria com a engenharia, apesar de ter ficado apreensiva pelo fato de saber que eu seria a única mulher na turma“, contou Maria Luiza, quando concedeu entrevista ao site do Confea, em 2010.
Seu principal trabalho foi no setor de padronização do Plano Postal, que pertencia aos Correios e Telégrafos, no Rio de Janeiro. Ela foi uma pioneira na área.
7. Veridiana Victoria Rossetti
Veridiana Victoria Rossetti (1917 – 2010) foi uma engenheira agrônoma brasileira.
Foi a primeira mulher brasileira formada em Engenharia Agronômica e, ao longo de sua vida, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais.
Seu grande destaque é o estudo de doenças que acometem frutas cítricas. Ela se tornou autoridade mundial no assunto.
8. Aïda Espínola
Aïda Espinola (1920 – 2015) foi uma pioneira na área da química e engenheira química brasileira.
Pesquisadora e professora universitária, ela foi uma das fundadoras do programa de Pós-Graduação em Química Inorgânica do Instituto de Química da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
9. Deise Gravina
Deise Gravina é uma engenheira civil brasileira, mais conhecida como a “Engenheira Social”.
Ela é a idealizadora do projeto pioneiro Mão na Massa, que desde 2007 capacita mulheres para trabalharem na construção civil.
A ideia surgiu quando Gravina identificou a necessidade de oferecer mais oportunidades ao público feminino na área da construção civil.
Assim, nasceu o projeto que ensina as técnicas fundamentais da profissão e abre a possibilidade de que mais mulheres entrem nesse mercado de trabalho.
10. Alaize Elizabeth Reis
Alaize Elizabeth Reis também é uma engenheira civil brasileira. Ela é a fundadora e idealizadora do Instituto Feminino de Engenharia (IFE) – primeira entidade de classe formada por mulheres engenheiras.
O projeto surgiu com o objetivo de impulsionar o crescimento do setor e apoiar a ocupação dos espaços pelas mulheres nas mais diversas áreas da construção civil.
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TEXTO ORIGINAL EM: Blog do EAD
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