Modelo atual de restauração não salvará ecossistemas

No último dia 25, cientistas brasileiros de diversas instituições de pesquisa emitiram um alerta sobre a restauração de áreas degradadas no Brasil, destacando que a abordagem atual representa um possível risco aos ecossistemas. A advertência foi divulgada na revista científica Science.

restauração não salvará Ecossistemas
Mudas usadas para reflorestar a Floresta Nacional Sacará-Taquera, em Oriximiná-PA. Foto: Marcio Isensee e Sá.

Os pesquisadores argumentam que a restauração não deve ser apenas uma questão de transformar uma área em verde. Eles afirmam que a maneira como os projetos de restauração têm sido conduzidos no Brasil pode resultar na perda dos ecossistemas tal como os conhecemos hoje. Isso ocorre porque os projetos em andamento adotam um padrão único para todos os tipos de ecossistemas, negligenciando a diversidade local de espécies e tornando áreas outrora biodiversas agora “homogêneas” após a restauração. Mesmo quando recuperadas, essas áreas não conseguem reproduzir as condições que existiam antes da degradação.

Michele de Sá Dechoum, pesquisadora do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade de Santa Catarina e uma das autoras da carta, explica que as espécies escolhidas para a restauração são aquelas que germinam rapidamente e estão disponíveis em viveiros, em detrimento da diversidade genética e ambiental necessária para o local.

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A falta de consideração pela variabilidade genética local nas iniciativas de restauração é destacada, muitas vezes resultando no uso de superespécies invasoras, como a leucena (Leucena leucocephala), considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN).

Diante da urgência climática e da perda de biodiversidade, várias iniciativas de restauração foram lançadas globalmente, incluindo o “Arco da Restauração da Amazônia” no Brasil. Os autores da carta defendem que esses projetos e outros ao redor do mundo devem ser mais heterogêneos, baseando-se na riqueza genética local.

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Uma estratégia sugerida pelos pesquisadores é o uso de “ecossistemas de referência”, áreas nativas próximas que fornecem informações cruciais para orientar a restauração. Eles destacam a importância da eliminação de fatores de degradação e do incentivo à capacitação de pessoal para garantir a diversidade na restauração. A restauração, segundo Michele de Sá Dechoum, não deve se limitar ao plantio de mudas, mas também considerar a remoção de fatores de degradação e promover a formação de profissionais para a coleta de sementes e outras práticas.

Fonte: ((o))eco


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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