Tecnologia contra o desmatamento e a queimada na Amazônia pode prever onde acontecerá e, então, agir de maneira preventiva. Parece simples, mas esta é a grande tarefa da plataforma PrevisIA, lançada nesta quarta-feira (4/8) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em parceria com a Microsoft e apoio da Fundação Vale.
Monitoramento, processamento de dados em nuvem, ciência de predição e engajamento de diferentes públicos. É assim que Carlos Souza Júnior, pesquisador associado do Instituto, resume o funcionamento da ferramenta, já disponível para acesso público.
Ele afirma que quer mudar uma realidade: só saber da perda de área verde ou dos focos de incêndio quando já aconteceram. Para isso, explica que há uma capacidade de processamento de dados em nuvem que permite a criação de modelos de trabalho.
Na prática, a série história de vários dados, como territórios municipais, quantidade de vegetação nativa, áreas já queimadas, entre outros, permitirão a construção de modelos que possibilitem prever onde uma nova área pode ser suprimida.
Estradas não oficiais são um dos principais vetores de desmatamento, de acordo com o pesquisador do Imazon. Carlos explica que foi possível mapeá-las por imagem de satélite e observou-se que “elas estavam sempre presentes e apareciam primeiro que o desmatamento”.
“A inteligência artificial pode reconhecer linhas que cortam a floresta e a gente usou a base de dados de estrada para treinar esse algoritmo. O algoritmo consegue detectar essas linhas e conseguimos automatizar esse processo de mapeamento de estradas”, o que antes era feito apenas manualmente, ele comenta.
O pesquisador diz que 85% das queimadas e 95% do desmatamento acumulado acontecem a uma distância de até 5 quilômetros de todas as estradas. Por isso, o objetivo é monitorá-las anualmente para fazer o comparativo do avanço da perda de vegetação. Com a identificação de áreas críticas, Carlos afirma que o próximo passo é pensar estratégias para prevenção e controle.
“Não podemos depender apenas de governo. precisamos da iniciativa privada, terceiro setor. É possível trabalhar políticas públicas com a iniciativa privada engajada com o ESG e a sociedade civil”, comentou. Ele ainda revelou que os dados gerados serão cruzados com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), licenciamento ambiental, área de reserva legal, entre outros, para deixar mais claro o que está sendo feito de errado, e por quem, na Amazônia.
Fonte: Um só Planeta
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