Mangue amazônico é mais eficiente em capturar CO2 do que a floresta terrestre

Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre a terra e o mar, típicos das regiões tropicais e subtropicais. A Amazônia possui a maior faixa de mangue do mundo, abrangendo uma área de cerca de 8 mil km².

Mangue amazônico é mais eficiente em capturar CO2 do que a floresta terrestre
(Reinhard Dirscherl/Getty Images/Reprodução)

Um estudo recente publicado na revista Nature Communications revela que, além de promover a biodiversidade e a preservação da floresta, os manguezais desempenham um papel crucial no sequestro de carbono na Amazônia.

A pesquisa, conduzida por cientistas brasileiros, sugere que os mangues deveriam ser incluídos no programa REDD+ da ONU, uma iniciativa que remunera países em desenvolvimento pela conservação de suas florestas, evitando a emissão de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento.

Incorporar a conservação dos manguezais no REDD+ poderia reduzir três vezes mais as emissões de gases de efeito estufa em comparação com a conservação apenas da zona terrestre da floresta Amazônica.

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“A inclusão dos manguezais no REDD+ no Brasil é importante, mas é necessário cuidado com o uso de projetos no mercado de carbono para greenwashing e bluewashing, que criam uma falsa fachada sustentável para uma empresa enquanto continuam degradando o meio ambiente”, explica Guilherme Abuchahla, pesquisador de manguezais do Instituto Leibniz-ZMT, em Bremen, Alemanha. Essas estratégias consistem em apresentar uma imagem sustentável falsa, seja para carbono terrestre ou costeiro.

Segundo Abuchahla, o REDD+ não é a melhor solução para os mangues amazônicos, pois essa área possui pouca urbanização e desmatamento. O projeto não produziria tanto crédito de carbono, já que o risco de perder essa área, menos explorada que a floresta terrestre, é baixo. O programa da ONU visa mais projetos de restauração do que de conservação, oferecendo maiores chances de “remoção e redução de emissões”.

O carbono armazenado pelas plantas dos manguezais é quatro vezes maior do que o da Amazônia terrestre, evidenciando a importância de preservar esse ecossistema. Nos manguezais, dois terços do carbono ficam armazenados no solo, enquanto na floresta terrestre o gás é sequestrado principalmente pelas copas das árvores.

O que é sequestro de carbono?

Florestas e oceanos são essenciais na luta contra a crise climática devido à sua capacidade de sequestrar carbono. Organismos fotossintetizantes capturam o gás carbônico da atmosfera, armazenam-no e liberam oxigênio, reduzindo os níveis de gases de efeito estufa.

O maior inimigo do sequestro natural de carbono é o desmatamento, que não apenas reduz a captura de gás carbônico, mas também libera na atmosfera o carbono armazenado nas plantas, especialmente nas copas das árvores.

No Brasil, um dos seis maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, as emissões são majoritariamente causadas pelo desmatamento e pela mudança do uso do solo, transformando florestas em áreas agropecuárias.

Os manguezais amazônicos podem armazenar até 468 megatoneladas de carbono por hectare (Mg C/ha), enquanto a média da floresta terrestre é de apenas 129 Mg C/ha. Até agora, os manguezais não eram considerados importantes nos programas nacionais de redução de emissões, pois sua capacidade de captura de carbono não era conhecida.

Embora os manguezais sejam menores que o restante da floresta Amazônica, sua proteção pode ser mais eficaz em impedir a liberação do carbono sequestrado na atmosfera. Cada 751 hectares de manguezais na Amazônia Legal podem equivaler a 82 mil hectares de mata secundária, que são áreas de floresta regenerada após uso para agricultura ou pastagem.

No início de junho de 2024, o governo federal do Brasil anunciou a criação do ProManguezal, um programa de conservação e uso sustentável dos manguezais brasileiros, para proteger ainda mais essas áreas.]

Fonte: Super


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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