Mais da metade de todos os ecossistemas de mangue em risco de colapso até 2050

Metade dos ecossistemas de manguezais do mundo está em risco de colapso devido à mudança climática, desmatamento e poluição, de acordo com um estudo publicado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).

Mais da metade de todos os ecossistemas de mangue em risco de colapso até 2050
Os manguezais oferecem serviços abrangentes para a natureza e as pessoas
Foto: Mokhamad Edliadi/CIFOR via Flickr

A IUCN, conhecida por criar a lista vermelha de espécies ameaçadas, analisou reservas de manguezais em 36 regiões distintas.

A análise “destaca a necessidade urgente de uma conservação coordenada dos manguezais, habitats fundamentais para milhões de ecossistemas vulneráveis no mundo”.

Essas plantas são compostas por árvores ou arbustos que crescem principalmente em águas marinhas ou salobras (mais salgadas que a água doce e menos que a água do mar) ao longo das costas ou margens de rios em climas equatoriais.

Os manguezais são essenciais por várias razões. Eles protegem contra a erosão costeira e tempestades, fornecem habitat para uma vasta gama de espécies, capturam e armazenam grandes quantidades de carbono, filtram poluentes da água e sustentam as economias locais através da pesca e turismo.

Amazônia pode atingir ponto de não retorno até 2050 | Florestal Brasil

No estudo, a IUCN alerta que “50% dos ecossistemas de manguezais analisados correm risco de colapso” e que 20% dos casos são graves.

As ameaças a esses ecossistemas incluem desmatamento, poluição, construção de barragens, aumento do nível do mar e maior frequência de tempestades devido às mudanças climáticas.

Cerca de 15% das costas do mundo são cobertas por manguezais, que ocupam uma área de 150 mil quilômetros quadrados. Um terço dos ecossistemas analisados está ameaçado pelo aumento do nível do mar.

Segundo as estimativas do estudo, 25% da área ocupada por manguezais ficará submersa em 50 anos se o ritmo atual continuar, afirma a IUCN.

O noroeste do oceano Atlântico, o norte do oceano Índico, o Mar Vermelho, o Mar do Sul da China e o Golfo de Aden são as áreas que podem ser mais afetadas.

Mais da metade de todos os ecossistemas de mangue em risco de colapso até 2050

De acordo com a avaliação, sem mudanças significativas até 2050, as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar resultarão na perda de:

  • 1,8 bilhão de toneladas de carbono armazenado (17% do total de carbono atual armazenado em manguezais), atualmente avaliado em um mínimo de US$ 13 bilhões a preços de mercado em mercados voluntários de carbono e representando um custo para a sociedade igual a US$ 336 bilhões com base no custo social do carbono.
  • proteção para 2,1 milhões de vidas expostas a inundações costeiras (14,5% das vidas atuais expostas) e US$ 36 bilhões em proteção a propriedades (35,7% dos valores atuais de propriedades protegidas)
  • 17 milhões de dias de esforço de pesca por ano (14% do esforço de pesca actual é suportado pelos mangais).

A avaliação conclui que a manutenção dos ecossistemas de manguezais em todo o mundo será fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas, com manguezais saudáveis capazes de lidar melhor com o aumento do nível do mar e oferecendo proteção interior contra os impactos de furacões, tufões e ciclones.

O estudo indica que cuidar desses ambientes é fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, já que um manguezal saudável ajuda a lidar melhor com o aumento do nível do mar e protege a população dos danos causados por fortes tempestades.

“Os ecossistemas dos manguezais são excepcionais por sua capacidade de fornecer serviços essenciais à população, como redução do risco de desastres costeiros, armazenamento de carbono e apoio à pesca”, afirma Angela Andrade, presidente da comissão de gestão de ecossistemas da IUCN.

“Sua perda seria desastrosa para a natureza e para as pessoas em todo o mundo”, acrescentou.

Fonte: Comunicado de imprensa | IUCN


Descubra mais sobre Florestal Brasil

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

View all posts by Arthur Brasil →

Comenta ai o que você achou disso...