No dia 30 de novembro de 2025, organizações da sociedade civil, coletivos socioambientais, juristas, povos indígenas e milhares de cidadãos foram às ruas em diversos estados do país para protestar contra a promulgação da Lei 15.190/2025, considerada por especialistas como o maior retrocesso ambiental das últimas décadas. A medida, surgida após o Congresso Nacional derrubar a maior parte dos vetos presidenciais ao antigo PL 2.159/2021, reacendeu o debate sobre a fragilização da governança ambiental no Brasil.

Os atos ocorreram sob os motes “Congresso inimigo do povo e do meio ambiente” e “Não à Lei da Devastação”, refletindo a insatisfação generalizada com a nova legislação. Para movimentos socioambientais e organizações científicas, a lei abre brechas para a ampliação do desmatamento, facilita empreendimentos de alto impacto e transfere responsabilidades do licenciamento para estados e municípios que frequentemente não possuem estrutura técnica suficiente para avaliar projetos complexos.
Por que a Lei 15.190/2025 preocupa?
A nova legislação altera profundamente o modelo de licenciamento ambiental no país. Entre os pontos mais criticados estão:
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Fragilização da análise técnica, com descentralização para entes federativos sem capacidade de fiscalizar projetos complexos;
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Riscos para áreas sensíveis da Mata Atlântica, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste;
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Alinhamento com a MP 1.308/2025, que criou a Licença Ambiental Especial (LAE) — um mecanismo que permite aprovações aceleradas para empreendimentos de altíssimo impacto, incluindo petróleo na Amazônia, mineração de terras raras e usinas nucleares;
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Violação da Convenção 169 da OIT, ao ignorar o direito de consulta prévia, livre e informada a povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
Para lideranças tradicionais, a derrubada dos vetos representa um aumento do risco de conflitos fundiários, invasões de territórios e maior pressão sobre grupos vulneráveis. Juristas alertam ainda que a mudança pode prejudicar a imagem internacional do Brasil e comprometer compromissos climáticos assumidos globalmente.

Manifestações de norte a sul do país
O Dia Nacional da Mobilização contra a Lei 15.190/2025 mobilizou milhares de pessoas em cidades de todas as regiões do Brasil. Os atos ocorreram em locais como:
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Belém (PA) — Escadinha das Docas
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Santarém (PA) — Orla de Santarém
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São Paulo (SP) — Avenida Paulista e Bosque dos Salesianos
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Ubatuba (SP) — Pistinha de Skate
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Teresina (PI) — Praça Saraiva
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São Luís (MA) — Quilombo Liberdade
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Diamantina (MG) — Praça Largo Dom João
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Maceió (AL) — Orla da Pajuçara
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Brasília (DF) — Alameda das Bandeiras
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Natal (RN) — Região do Midway
Avenida Paulista concentra o maior ato
Em São Paulo, a mobilização na Avenida Paulista reuniu centenas de manifestantes diante do MASP. Faixas, cartazes e a instalação do chamado Mural da Devastação — exibindo fotos de parlamentares responsáveis pela derrubada dos vetos — ganharam destaque no ato. Entre os rostos exibidos estavam figuras como Hugo Motta, Davi Alcolumbre, Zé Vitor e Tereza Cristina.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram manifestantes erguendo punhos, carregando mensagens contra o retrocesso ambiental e denunciando o enfraquecimento das políticas ambientais brasileiras promovido pela nova lei.

Uma resposta à altura da crise
Para as organizações envolvidas, a mobilização de 30/11 marcou o início de uma jornada contínua de resistência contra retrocessos ambientais. A articulação entre movimentos, pesquisadores, povos tradicionais e sociedade civil indica uma nova fase de pressão política e monitoramento público, com o objetivo de defender a proteção dos biomas brasileiros e fortalecer a governança ambiental do país.
CONTATO
GUSTAVO JOHN
Frente Brasil Contra Devastação
frentespcontradevastacao@gmail.com
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