Indústria de base florestal sofre oscilações devido ao coronavírus

Fatores econômicos e medidas governamentais estão entre os aspectos
apontados pela Consultoria STCP como necessários à retomada produtiva

Foto: Amanda Oliveira/GOVBA

Foto: Amanda Oliveira/GOVBA



As indústrias de base florestal, como as de celulose e papel, que são
responsáveis pela produção de produtos essenciais no combate à COVID-19
seguem com suas operações para atender a demanda de máscaras
cirúrgicas, roupas hospitalares, papel higiênico e toalha (tissue),
colchões, entre outros. De acordo com Marcelo Wiecheteck, gerente da
Divisão de Consultoria da STCP, a
demanda por estes produtos e, consequentemente, pelos derivados da
celulose, tem mantido, de certa forma, estáveis os níveis de produção.
“Empresas produtoras, mais voltadas à exportação têm mantido a atividade
industrial sem interrupção. Apesar do preço da celulose ser
historicamente baixo, as receitas oriundas da venda desta commodity tem
sido compensada pela alta do dólar”, analisa. Por sua vez, o segmento de
papel tem sentido impacto na produção para produtos que utilizam
embalagem, diretamente afetado pela redução da atividade econômica de
outros setores da economia. Ele destaca que no exterior, empresas do
segmento de papel para imprimir e escrever já anunciam redução
temporária da produção industrial, como reflexo da queda da demanda.


Os segmentos nacionais de painéis reconstituídos e de produtos de
madeira sólida, têm sofrido impactos econômicos mais acentuados, visto
que essas indústrias têm sua demanda, prioritariamente, ancorada no
setor da construção civil, móveis (painéis, compensado, serrado) e de
embalagens (serrado), que também estão em retração desde março de 2020.
Esta realidade fez com que os níveis de produção destes segmentos
recuassem. “A expectativa é que, as exportações sejam ampliadas na
medida em que países consumidores, principalmente, China, Estados
Unidos, e países da América Latina, tenham maior controle da pandemia e
suas indústrias retomem, gradativamente, as atividades padrão”, afirmou
Rômulo Sousa Lisboa, diretor de Desenvolvimento e Qualidade da STCP.


 


Retomada


 A retomada produtiva está diretamente ligada à capacidade da retomada
operacional plena da China, países europeus e da América do Norte.
Segundo a STCP, a China, maior parceiro comercial do Brasil, apenas em
2019, recebeu quase 50% das exportações de celulose. “Certamente a volta
à normalidade industrial deste país exigirá que ele seja suprido de
insumos básicos, a exemplo da celulose e outros produtos madeireiros
nacionais”, avalia Marcelo.


Já os Estados Unidos são um dos principais destinos de produtos de
madeira sólida, a exemplo do compensado e serrado de pinus. Conforme a
STCP, em 2019, o Brasil direcionou 37% do volume total das exportações
de compensado de pinus (1,6 milhões de metros cúbicos) àquele país, que
utiliza tal produto na sua indústria da construção civil. Esta
indústria, vem sendo afetada pelos efeitos da pandemia. Estimativas da
RISI, indicam queda acentuada no número de construção de novas unidades.
“A previsão é que somente a partir de junho, o cenário torne-se mais
promissor e em julho, inicie-se gradativamente a retomada à situação
pré-crise. Nesse cenário, o Brasil ainda terá que aguardar até o início
do segundo semestre para voltar aos índices anteriores de exportação aos
Estados Unidos”, esclarece Rômulo.


Para a STCP, segmentos voltados ao mercado interno serão beneficiados
ao tempo em que medidas governamentais para mitigar os efeitos dos
danos à economia sejam efetivamente implantadas, tanto para estimular a
demanda quanto a oferta. No início deste mês, por exemplo, o Governo
Federal sancionou a MP do Agro, que segundo Joésio Siqueira,
vice-presidente da STCP, constitui um avanço ao agronegócio brasileiro,
ao permitir a renegociação de dívidas dos produtores rurais. “A lei
moderniza as bases legais dos instrumentos de crédito, amplia o acesso
ao financiamento, expande os recursos e reduz taxas de juros, atendendo
às demandas do setor. A lei beneficiará também produtores florestais,
visto que o escopo inclui florestas plantadas, conservação/manejo de
florestas nativas (concessões de florestas públicas), entre os passíveis
de emissão da Cédula de Produto Rural (CPR)”, avalia.

Por Giovana Massetto via Canal Rural


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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