Incêndio no Pantanal em 2024 supera o registrado no mesmo período de 2020, e bate recorde de queimadas

O número de focos de incêndio no Pantanal em 2024 supera o registrado no mesmo período de 2020, o ano recorde de queimadas no bioma. Nos primeiros seis meses de 2024, as queimadas são 8% maiores em comparação com 2020. Especialistas alertaram há meses sobre uma temporada de fogo devastadora.
Incêndio no Pantanal em 2024
Jacaré não conseguiu fugir do fogo. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal

Os dados, fornecidos pelo Programa de BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), comparam os períodos de 1º de janeiro a 19 de junho de 2020 e 2024. Em 2020, que foi considerado o pior ano para o Pantanal, cerca de 26% do bioma foi consumido pelo fogo durante vários meses.

Incêndio no Pantanal em 2024

Pesquisadores identificaram que os incêndios de 2020 afetaram pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, com base nas densidades de espécies conhecidas.

Registros de 2020: fauna e flora do Pantanal são afetadas com as queimadas. — Foto: Reprodução

Em 2024, as cicatrizes do fogo são ainda mais intensas. Jacarés carbonizados e a vegetação antes verde agora cinza são encontrados em Corumbá, capital do Pantanal. A fauna e a flora pantaneiras estão em risco novamente, alertam pesquisadores e ambientalistas.

Incêndios de 2020 x 2024

Em 2020, as queimadas atingiram 4,5 milhões de hectares em 21 municípios do Pantanal, conforme relatório técnico dos Ministérios Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esse ano foi o que teve mais registros de fogo no Pantanal desde o final da década de 1990, segundo o Inpe.

Imagens retratam animais do Pantanal durante as queimadas que devastaram a região — Foto: Deny Kobayashi

Em 2024, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) registrou mais de 517 mil hectares consumidos pelo fogo, uma área quase quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. O bioma possui 16 milhões de hectares.

Até o fim de junho, o Pantanal já registra o maior número de focos de incêndio para um mês de junho na série histórica do Inpe, iniciada em 1998. Nos primeiros 19 dias deste mês, foram registrados 2571 focos de incêndio no bioma, que no Brasil abrange Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Incêndios no Pantanal mataram 17 milhões de animais | Florestal Brasil

A área destruída entre janeiro e maio superou em 39% a registrada no mesmo período de 2020, até então o pior ano da série histórica.

Explosão nas queimadas

O Brasil lidera o número de focos de incêndio entre os países da América do Sul, segundo o Inpe. A explosão dos incêndios no Pantanal fez o país liderar o ranking de queimadas em junho.

Do dia 1º a 19 de junho de 2024, os focos de incêndio no Pantanal cresceram 2951% em comparação com o mesmo período de 2023. Entre os biomas brasileiros, o Pantanal teve o maior crescimento percentual de queimadas em junho deste ano:

  • Pantanal: 2951%
  • Pampa: -45%
  • Mata Atlântica: 93%
  • Cerrado: 23%
  • Caatinga: 38%
  • Amazônia: 11%
Temporada do fogo antecipada

Este ano, a temporada das chamas, que normalmente começa em julho, chegou mais cedo e com força. Nos primeiros seis meses de 2024, os focos de incêndio em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso aumentaram 1127% em comparação com o mesmo período de 2023.

Especialistas alertam que a escalada do fogo em 2024 pode resultar em um cenário semelhante ao de 2020. Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, naquele ano, pelo menos 17 milhões de animais vertebrados morreram devido às queimadas no Pantanal.

O biólogo Gustavo Figueirôa, da ONG SOS Pantanal, vê com muita preocupação o aumento das chamas e o início de um período mais seco no bioma.

Fonte: G1


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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