Importadores de madeira europeus escrevem carta aberta ao Brasil

Além de apontar tendências de mercado em uma economia de baixo carbono, documento pede aumento das concessões florestais no Brasil

A carta, assinada por grandes empresas europeias importadoras de madeira, é um ato importante no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e tem um papel decisivo no fomento do manejo florestal responsável e na adoção de boas práticas. O objetivo do documento é preparar o campo, literalmente, para as necessidades futuras de mercado.

Hoje, a maioria dos problemas do setor florestal brasileiro vem da necessidade de confirmar a origem daquela matéria-prima. Além do fato de que a má reputação de alguns mancha a imagem de todo um país, a concorrência da ilegalidade é desleal. Reforçar, portanto, essa conexão, garantindo que esses produtos são livres de desmatamento, fortalece a integridade da cadeia e aquece o mercado.

Neste cenário, a carta europeia aponta uma direção possível, tanto para o mercado mundial quanto para o Brasil, de conciliar as necessidades da indústria com a conservação da natureza, sobretudo, da floresta amazônica. “O manejo florestal responsável respeita o ciclo natural da floresta, ou seja, os mecanismos de sustentação daquele ecossistema”, explica Daniela Vilela, diretora executiva do FSC Brasil. As intervenções devem, ao mesmo tempo, causar o mínimo de impacto e aproveitar ao máximo as oportunidades.

O documento, assinado por 32 empresas como as dinamarquesas Keflico e Global Timber e a belga Vandecasteele, aponta entre as tendências do mercado, principalmente europeu, o aumento da demanda por produtos madeireiros como parte de uma transição em direção ao uso de matérias-primas de base biológica, os esforços da União Europeia para contribuir com o fim do desmatamento e da degradação ambiental ao redor do mundo e as Declarações Ambientais de Produto, que têm surgido muito rapidamente para diversos tipos de materiais, mas que ainda é uma realidade distante para a madeira tropical. Eles também destacam o potencial para aumentar a área de concessão no Brasil para mais de sete milhões de hectares no sul do Amazonas e oeste do Pará.

Diante deste cenário, as empresas signatárias esperam dar uma motivação extra para iniciar ou retomar processos que levem a uma maior área de concessões estaduais e federais e a um aumento da área florestal certificada pelo FSC no Brasil.

A certificação FSC, através do manejo responsável, desempenha um papel importante na conservação das florestas e no combate ao desmatamento, mas esse esforço precisa ser feito em conjunto, de forma colaborativa, com as várias partes interessadas, o que inclui governos, empresas e sociedade civil. Por isso, o FSC ajuda a estabelecer diálogos entre esses diferentes atores para conservar as florestas naturais e conformar uma indústria de base florestal moderna e responsável.

A carta aberta está disponível abaixo para download aqui.


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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