No sul de Minas Gerais, entre os municípios de Piedade do Rio Grande e Madre de Deus de Minas, em uma zona de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, fiz (Arthur Brasil) uma expedição em busca de um gigante: um Jequitibá-rosa que, segundo relatos locais, impressionava por sua altura e diâmetro.
Com botas sujas de terra e câmera em mãos, entrei no fragmento de floresta e documentei cada passo. À distância, o jequitibá já se destacava entre as copas. Mas antes de alcançá-lo, a mata nos presenteou com outros encontros surpreendentes.
A primeira árvore gigante foi uma figueira tão grande que quase nos enganou. Parecia o próprio jequitibá. Mais adiante, raízes largas de espécies adaptadas a áreas alagadas e o bambu-manso, nativo do Brasil, enriqueciam o caminho. E então, ergueu-se diante de nós uma paineira gigante, com cerca de 45 metros de altura — uma verdadeira guardiã da floresta.
Em outro ponto, uma árvore coberta por lianas revelou a importância das chamadas árvores sentinelas, que servem de abrigo e estrutura para outras plantas, como cipós, musgos e orquídeas. A floresta viva pulsa em redes de interdependência.
Chegamos, enfim, ao jequitibá-rosa. Majestoso. Com 5 metros de circunferência e entre 40 e 50 metros de altura, ele nos impressionou — mas também nos preocupou. Sinais de ataque de brocas evidenciam a necessidade urgente de cuidado. Pretendo iniciar um projeto de monitoramento e recuperação para garantir que esse símbolo de resistência não seja perdido.
Uma árvore desse porte armazena toneladas de carbono em seu tronco e raízes. Preservá-la não é apenas um ato simbólico, é uma ação concreta contra as mudanças climáticas.
Mas a caminhada continuou. Ao lado do jequitibá, uma árvore morta nos lembrou do que acontece quando falta manejo e vigilância. Cupins e brocas a consumiram por completo. Mais à frente, um cipó impressionante se entrelaçava com outra árvore gigante.
No brejo, encontramos uma árvore com raízes sapopemba, adaptada ao solo úmido — uma lição viva sobre a inteligência da natureza. A poucos metros dali, o estrago: uma peroba gigante destruída por eventos extremos, provavelmente vítimas de tempestades ou ondas de calor.
Quando achávamos que já tínhamos visto tudo, fomos surpreendidos por outra árvore gigante: 7 metros de circunferência, mais larga que o próprio jequitibá-rosa, talvez um jequitibá-branco.
O encerramento veio com uma peroba-rosa, árvore historicamente explorada para móveis, que resiste no fragmento como testemunha do passado e esperança para o futuro.
Terminamos o dia com a certeza de que aquela floresta guarda ainda muitos segredos não revelados — e que voltaremos.
Essa expedição mostra o quão urgente é valorizar, proteger e monitorar os remanescentes florestais do Brasil. Os grandes indivíduos são patrimônios naturais, carregam carbono, biodiversidade e memória.
Você pode assistir a essa jornada completa no vídeo que publiquei no canal.
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