Expansão da soja no leste amazônico provocou perda de R$10 bi em serviços ambientais

Uma pesquisa conduzida por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Universidade Federal do Pará (UFPA) revela que, nos últimos 36 anos, o leste amazônico perdeu aproximadamente R$10 bilhões em serviços ecossistêmicos devido ao aumento da área destinada à agricultura. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista científica “Ambiente e Sociedade”.

Expansão da soja no leste amazônico provocou perda de R$10 bi em serviços ambientais
Desmatamento na Reserva Biológica do Gurupi e das Terras Indígenas Caru e Alto Turiaçu, no Maranhão. Foto: Felipe Werneck/Ibama.

Os pesquisadores quantificaram as perdas econômicas associadas ao desmatamento entre 1985 e 2021 na bacia do Gurupi, situada entre os estados do Pará e Maranhão. Para esta análise, foram identificados 15 tipos de serviços ecossistêmicos, abrangendo 210 diferentes valores econômicos.

Conforme o estudo, nas últimas três décadas, a área agrícola na bacia do Gurupi aumentou em 92%, resultando em uma perda florestal de 25%. A soja foi identificada como o principal motor dessa mudança.

“Todo esse plantio enfraquece as funções dos ecossistemas naturais, como a regulação do clima, a qualidade da água e a polinização, que são serviços importantes prestados pela floresta. Se a área de floresta é reduzida, esses serviços também se reduzem”, explica Ima Vieira, coautora do estudo e pesquisadora do Goeldi.

Além de destacar a perda de serviços ecossistêmicos, o estudo sublinha a necessidade urgente de consolidar a política nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Esta política, se implementada, poderia beneficiar especialmente as comunidades quilombolas da região, oferecendo incentivos financeiros para a preservação e restauração dos ecossistemas florestais.

O desmatamento para o plantio de monoculturas, como a soja, traz sérias implicações não apenas para a biodiversidade, mas também para a saúde dos ecossistemas e a economia local. A perda de florestas compromete a capacidade dos ecossistemas de fornecer serviços essenciais, como a purificação da água, a retenção de carbono e a manutenção da fertilidade do solo. A fragmentação dos habitats naturais também afeta negativamente a fauna e a flora locais, levando à perda de espécies e à diminuição da resiliência dos ecossistemas.

A pesquisa enfatiza a necessidade de estratégias sustentáveis de uso da terra que harmonizem a produção agrícola com a conservação ambiental. Implementar práticas agroecológicas e sistemas agroflorestais pode ser uma solução viável para mitigar os impactos negativos do desmatamento, promovendo uma agricultura mais sustentável e menos dependente de monoculturas intensivas.

Fonte: ((o))eco


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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