EXCLUSIVO | Imagens inéditas revelam avanço do garimpo ilegal na Amazônia apesar da fiscalização

Uma denúncia feita com exclusividade por um seguidor do Florestal Brasil, mostra a presença de balsas garimpeiras em área protegida, revelando assoreamento dos rios, possível conivência indígena e falhas na fiscalização.

Uma denúncia feita com exclusividade por um seguidor do Florestal Brasil, que prefere não se identificar, revela novas imagens aéreas impressionantes do avanço do garimpo ilegal em uma área de floresta amazônica — região de confluência dos rios São Benedito e Teles Pires, próxima à Terra Indígena Kayabi, no Sul do Pará e norte do Mato Grosso.

Nas imagens, é possível observar extensas manchas de areia e cursos d’água turvos, resultado direto da atividade de extração de ouro por dragas instaladas sobre balsas flutuantes (circulos em vermelho). O impacto é visível: o rio está assoreado, e a floresta ribeirinha começa a ser degradada.

Imagens de satélite mostram como estava a área antes do inicio da atividade ilegal. É perceptível a degradação ambiental causada pelo assoreamento do rio em detrimento das atividade ilegais.

Localização onde a imagem foi capturada; | Google Earth

 

Como funciona o garimpo ilegal de ouro

As balsas garimpeiras utilizam bombas de sucção de alta potência para retirar sedimentos do fundo dos rios. Esse material é lavado em estruturas de madeira chamadas “carpetes” ou “caixas de concentração”, que retêm o ouro por gravidade e textura. Em seguida, o ouro é separado com mercúrio metálico, que se liga ao metal precioso e depois é queimado, liberando vapores tóxicos no ambiente.

Esse método é extremamente destrutivo e deixa consequências duradouras:

  • Assoreamento dos rios, que prejudica a navegação e destrói habitats aquáticos;

  • Mortandade de peixes, incluindo espécies como tambaqui, tucunaré e pirarara;

  • Contaminação por mercúrio, que afeta cadeias alimentares e populações ribeirinhas;

  • Erosão das margens e alteração da qualidade da água;

  • Perda acelerada de biodiversidade em uma das regiões mais ricas do planeta.

2025-06-16 Fiscais da Operação Xapiri no momento da destruição de balsas usadas no garimpo ilegal na TI Kayabi (MT).png
Fiscais da Operação Xapiri no momento da destruição de balsas usadas no garimpo ilegal na TI Kayabi (MT) – Foto: Divulgação/Ibama

 

Rumores de conivência e cobrança de “pedágio”

Ainda segundo a denúncia do seguidor, há indicios de que parte das lideranças indígenas da Terra Kayabi tem autorizado a entrada de garimpeiros mediante pagamento em ouro.

De acordo com apurações divulgadas pelo jornal O Globo (12/09/2025), valores entre R$ 60 mil e R$ 200 mil seriam cobrados como “taxa de instalação” de cada balsa, além de uma porcentagem mensal de 30% sobre o faturamento do garimpo. Essa nova dinâmica criminosa tem gerado divisões internas entre os próprios indígenas e aumento de violência na região.

Mais de 100 balsas de garimpos foram deflagradas nos últimos meses entre os rios São Benedito e Teles Pires — Foto: redeprouc.org.br

Fiscalização ocorre, mas garimpeiros voltam rapidamente

A Polícia Federal, o Ibama e a Funai já realizaram diversas operações na região, incluindo a Operação Kuri, entre 1 e 2 de abril de 2025. Na ocasião, 17 balsas foram destruídas e cerca de R$ 15 milhões em prejuízos foram causados aos criminosos.

No entanto, segundo relatórios da Rede Pró-UC, apenas uma semana após uma ação do Ibama em junho, os garimpeiros já haviam retornado com novos equipamentos. Em vistoria realizada em agosto, foram encontrados mais de 25 maquinários ativos novamente.

Um problema que se repete

Mesmo com ações constantes, a falta de presença permanente do Estado e o alto valor do ouro (R$ 630/g em setembro de 2025) estimulam a retomada rápida das atividades ilegais. A cada operação, garimpeiros afundam suas balsas para evitar apreensões, e depois as reconstroem.

Enquanto isso, a floresta paga o preço com rios contaminados, habitats destruídos e populações tradicionais ameaçadas.


✍️ Florestal Brasil continuará acompanhando o caso e denunciando as atividades criminosas que colocam em risco o patrimônio natural da Amazônia.

Denúncias podem ser encaminhadas de forma anônima aos órgãos competentes:

Fonte: O Globo / Rede Pró-UC / IBAMA / Denúncia Anônima


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